quinta-feira, 18 de junho de 2020

A INFÂNCIA[1]



Miramez

O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto?
‒ Pode mesmo ser mais, se ele mais progrediu, pois são apenas os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.
Questão 379/O Livro dos Espíritos

A infância não é sinônimo de primitivismo; o Espírito não se manifesta com mais desembaraço devido as funções orgânicas não se encontrarem funcionando em plenitude. Os órgãos estão se formando como verdadeiros instrumentos para a alma que ali já se encontra presa por laços espirituais e o Espírito é tolhido pelo ambiente e pelo campo de carne em reajuste.
Em tudo temos de esperar; essa é a lei. No caso da criança esperemos que ela cresça, dando ao Espírito condições de se manifestar mais livremente. Essa liberdade começa aos sete anos, expande-se aos quatorze e consolida-se aos vinte e um. Aí o homem está em condições de responder por ele mesmo, com todos os encantos e desencantos que trouxe consigo.
Quanto à evolução da criança, ela pode até ser mais evoluída do que o adulto, como, igualmente, pode ser bem mais atrasada do que os próprios pais com quem se encontra estagiando como filho, dependendo do grau a que pertence. Não importa o tamanho ou a idade; ali se encontra um Espírito evoluído ou atrasado.
O dever dos pais, do mestre e das autoridades constituídas é investir nas crianças de todas as idades, primeiramente na educação das mesmas e depois nas instruções desses pequeninos que muito prometem para o porvir. A infância apresenta grande sensibilidade, de modo a receber as impressões dos homens e do mundo, de todos os sistemas de comunicações com mais intensidade. Eles, de certo modo, vão ser no futuro de acordo com o que lhes for oferecido pela sociedade.
Os seus órgãos ainda imperfeitos impede-os de manifestar o que realmente são e que manifestarão quando adultos. Nesse intervalo de descanso, é bom que chegue aos seus sentidos toda a mensagem de segurança e educação, para que o saber na sua maturidade não os desvie do sentimento de amor.
A criança pode ser muito mais evoluída do que o adulto se mais progrediu. Podemos levar Jesus na sua infância. Ele passou pela fase, e é o governador do planeta.
Os futuros dirigentes das nações são as crianças de hoje. Se queremos as nações ordeiras, necessário se faz que cuidemos bem das crianças que nos cercam. Elas, certamente, nascem destinadas ao trabalho de direção pelos quais se empenharão nesta espinhosa missão, mas, precisam encontrar nos lares o ambiente nascido do amor, do perdão e da tolerância que corresponda às suas necessidades mais urgentes.
O maior investimento para as crianças dos nossos caminhos é o exemplo de vida reta para eles. O exemplo é o alimento para que os que andam conosco e, quando usarmos a boda para alguma instrução, é bom que antes do verbo venha a vivência.
Quem fala e não vive desconhece na sua estrutura mais íntima o amor. O sopro do vento é muito agradável, mas somente renova o ar quando não traz consigo a poluição. A água mata a sede, mas somente quando não conduz elementos corrosivos.
Disse o Cristo a Paulo: -“Fala e não te cales”, por ser a palavra de Paulo um sopro divino e um repasto harmonioso para as criaturas. Façamos com o nosso verbo o mesmo que fizeram os discípulos de Jesus, transformando-o em força de esperança e fonte eterna do amor.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

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