Redação do Diário da Saúde
Melhorar a si mesmo
A maioria das pessoas tem um ou
mais aspectos de sua personalidade que gostaria de mudar, ‒ mas, sem ajuda,
pode ser difícil fazer isso.
Contrariamente à ideia outrora
popular de que as personalidades das pessoas são mais "permanentes"
ao longo da vida adulta, pesquisas recentes mostraram que, com as intervenções
adequadas, você pode melhorar seus traços de personalidade.
Erica Baranski e seus colegas da
Universidade do Arizona (EUA) queriam ver se não dava para se tornar melhor com
menos trabalho, e se propuseram a testar se as pessoas poderiam mudar
intencionalmente aspectos de suas personalidades a qualquer momento,
simplesmente porque desejam fazê-lo.
Ela e seus colegas estudaram
dois grupos de voluntários: aproximadamente 500 membros da população em geral,
com idades entre 19 e 82 anos, por meio de uma interação pela internet; e
aproximadamente 360 estudantes universitários em ambiente de laboratório.
O que melhorar
Ambos os grupos fizeram um teste
padronizado de 44 itens, que mede cinco traços principais de personalidade:
extroversão, consciência, aceitação, abertura à experiência e neuroticismo,
também conhecido como estabilidade emocional.
A seguir, todos os participantes
respondiam se desejavam alterar algum aspecto de sua personalidade e, se sim,
deviam escrever uma descrição livre do que queriam mudar.
Nos dois grupos, a maioria das
pessoas disse que desejava aumentar a extroversão, a consciência e a
estabilidade emocional.
Então todos foram mandados para
casa, e foi agendado um encontro para daí a seis meses (estudantes) ou um ano
(público), com todos sabendo que o mesmo assunto seria abordado novamente.
Piorar é mais fácil
Nenhum dos grupos alcançou os
objetivos de mudança de personalidade que haviam estabelecido para si mesmos no
início do estudo. Pior do que isso, alguns estudantes registraram mudanças na
direção oposta.
Ou seja, tornar-se melhor dá
trabalho, exige persistência e, muito provavelmente, requer um apoio externo.
"Em ambas as amostras, o
desejo de mudar no 'momento 1' não previu a mudança real na direção desejada no
'momento 2'," disse Baranski. "Na amostra geral da população, não
constatamos que os objetivos de mudança de personalidade previssem qualquer
mudança em qualquer direção".
"Há evidências na
psicologia clínica de que o treinamento terapêutico leva a mudanças na
personalidade e no comportamento, e há evidências recentes que sugerem que,
quando há muita interação regular com um apoiador, a mudança de personalidade é
possível. Mas, quando os indivíduos são deixados por conta própria, a mudança
pode não ser tão provável," completou a pesquisadora.
A equipe pretende agora analisar
quanta intervenção é necessária para ajudar as pessoas a atingirem seus
objetivos de melhoria da personalidade e quais tipos de estratégias funcionam
melhor para diferentes características pessoais.
Checagem com artigo
científico:
Artigo: From
desire to development? A multi-sample, idiographic examination of volitional
personality change
Autores: Erica Baranski,
Jacob Gray, Patrick Morse, William Dunlop
Publicação: Journal of
Research in Personality
Vol.: 85,
103910
DOI:
10.1016/j.jrp.2019.103910
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