sábado, 11 de janeiro de 2020

CASUALIDADE?[1], [2]



Divaldo Pereira Franco

Ocorre com frequência múltipla um fenômeno curioso que vem merecendo diversas explicações através do tempo e que muito interessou ao notável psiquiatra suíço Carl Jung.
São encontros inesperados, experiências diversas que se apresentam idênticas como antipatias geradoras de problemas e de desafios.
O insigne mestre suíço denominou-o como sincronicidade, definindo a perfeita sintonia entre uma e outra pessoa no mesmo acontecimento. Sem dúvida, é uma fantástica coincidência em perfeita ação sincrônica, todavia, pensamos nos fatores que constituem o modus operandi para que aconteça.
Uma filha muito querida estava em um ônibus com destino a Itapoan. Subitamente, entrou no mesmo um jovem alemão em estado de imensa comoção. Informava que estava de volta ao seu país, quando foi assaltado por marginais que lhe tomaram a mochila onde se encontravam seus documentos e dinheiro, inclusive a passagem...
Embora ignore totalmente o idioma de Goethe, a moça tentou falar-lhe com dificuldade em inglês, confortando-o. Resolveu ajudá-lo e seguiu-o até o aeroporto. Levou-o à polícia para denúncia, conseguiu autorização para o passaporte e emprestou o dinheiro da passagem ao desconhecido, conseguindo auxiliá-lo na situação perturbadora.
Ele, muito comovido, informou-lhe que voltaria a Salvador, a fim de restituir-lhe o valor e demonstrar-lhe sua gratidão. Anotou alguns dados da sua benfeitora e partiu. Tratava-se de uma jovem com 20 anos de idade, boa aparência e muito gentil.
Passaram-se seis meses e, certo dia, ela recebeu comunicação de que o rapaz estaria de volta. Ela quase não recordava da ocorrência. Na data anunciada ele chegou, foi recebido pela benfeitora, cumpriu a promessa de restituir-lhe o valor e conversaram. Coincidiu que, nesse período, ela resolveu estudar mais o inglês e, curiosamente, ele teve o mesmo desejo em seu país de o fazer.
Puderam comunicar-se melhor e perceberam possuir afinidades muito agradáveis, no que resultou um namoro, que se transformou mais tarde em matrimônio. Ela foi residir na Alemanha, tornou-se mãe de duas lindas meninas. Oportunamente, numa breve viagem em que a filha conduzia o automóvel, houve um lamentável acidente no qual a condutora desencarnou.
Pode-se avaliar o sofrimento dos pais, que souberam resistir ao impacto da tragédia...
Para nós, os espíritas, essa casualidade é, em verdade, portadora de uma causalidade. Raramente o acaso é responsável por notáveis acontecimentos. Tudo quanto nos acontece tem uma causa desconhecida. A reencarnação aproxima aqueles que são afins e se amam, como afasta outros que se antagonizam.




[2] Artigo publicado no jornal “A Tarde”, coluna Opinião, de 12 de dezembro de 2019.

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