Miramez
De onde procede a inferioridade moral da mulher em certas
regiões?
‒ Do domínio injusto
e cruel que o homem exerceu sobre ela. Uma consequência das instituições
sociais e do abuso da força sobre a debilidade. Entre os homens pouco
adiantados do ponto de vista moral a força é o direito.
Questão 818/O Livro dos Espíritos
A suposta inferioridade moral da
mulher, em certos países, é produto da ignorância dos homens, e do predomínio
da força bruta, que supõe tudo resolver pela violência. Esse massacre dos
valores da mulher é que causa os distúrbios da sensibilidade nos desvios dos seus
valores imortais.
Nessa violência contra a
fragilidade dos corpos femininos, sofre, outrossim, a alma, com a interpretação
satânica de certos teólogos, de que a mulher não tinha Espírito, por ter sido
feita da costela de Adão. Essa ilusão de que a humanidade nasceu de Adão e Eva
criou muitos erros e deu nascimento a muitos distúrbios que fizeram paralisar
ou retardar as manifestações do amor de Deus para com a humanidade. Até mesmo
almas eminentes sofreram a influência dessa teologia das trevas; eis porque
falamos sempre do condicionamento de certas ideias sem fundamento na verdade.
Procuremos inquirir, no silêncio
da própria vida, porque a mulher é inferior moralmente ao homem. Esse
preconceito escapa ao raciocínio, ao bom senso, à bondade de Deus e à razão.
Esta desvalorização dos valores
femininos não tem sentido. O Livro dos
Espíritos nos mostra, na sua beleza espiritual, todas as leis e a igualdade
da criação do homem e da mulher, nas suas operações diversas, mas com os mesmos
direitos e deveres perante Deus.
O Espírito não tem sexo; os
corpos que ele usa nas vidas sucessivas têm diferenças uns dos outros, para que
se tornem complementares às suas necessidades. A crueldade do homem, no seu
primitivismo, é que fez marginalizar a mulher, para que pudesse crescer o seu
poder como "rei" da criação. Mas, como as leis naturais são
imutáveis, a lei da justiça é a mesma e o será sempre, em todas as épocas da
humanidade. Os próprios homens é que deverão, por maturidade, reconhecer as
coisas de Deus.
A mulher terá a sua glória; se
perdeu alguma liberdade no mundo, ganhou sua paz na consciência, gerou em si
forças de sustentação e o domínio de ser útil às gerações, como mãe.
Ela,
aparentemente, perdeu, mas, na realidade, nada perdeu na área da eternidade.
Muitas estão ocupando corpos masculinos para mostrar aos homens como se deve
amar, pedindo e trabalhando para a igualdade dos direitos em todas as
atividades que possam alcançar.
A Doutrina Espírita vem remover
essas ideias de inferioridade da mulher ante o homem e insuflar, no coração do
mesmo, o perdão. Se os ignorantes desejam ficar na Terra, que fiquem até surgir
a maturidade, mas com a consciência pesada temem perder o que eles mesmo destruíram,
com a prepotência.
Vejamos o que nos diz João, no
capítulo 7, versículo 34, mostrando 'o que pode acontecer e que já ocorreu com
muitos no plano espiritual: Haveis de procurar-me, e não me achareis; também onde eu estou, vós não
podeis ir.
Mas, vem a misericórdia de Deus,
que é sempre Pai, dando oportunidade para o desenvolvimento dos poderes
espirituais, de modo que esses Espíritos entrem em êxtase e por um pouco possam
encontrar aqueles que foram desprezados, agredidos e maltratados, até que se
suavize o fardo e fique leve o jugo. O sofrimento de uns desenvolveu-lhes a
capacidade de entender mais a vida, e os que agrediram embruteceram suas
possibilidades de se libertarem no campo do Espírito. Entretanto, pela bênção
da possibilidade de intercâmbio entre os dois mundos, possibilitou-se às
criaturas o conhecimento das leis, tornando-as livres dos velhos preconceitos
humanos e alegrando-as na alegria divina, com o Cristo no centro da
consciência.
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