Jorge Hessen - jorgehessen@gmail.com
Muitas crianças são induzidas a
agir de forma sempre “correta”, conforme o padrão do seu meio ambiente, dos
valores éticos, das pressões existentes. Quando a criança é obrigada a fazer as
coisas dessa ou daquela maneira, todas as vezes que faz de forma diferente
desenvolve a culpa. A virtude do discernimento deve ser-lhe ensinada desde cedo
pelos pais cônscios, por ser a virtude fundamental para que ela possa escolher
com segurança aquilo que é certo de acordo com as leis divinas ínsitas na
consciência.
Deve-se ensinar a criança a
compreender as leis divinas; mostrá-la que errar é natural e faz parte do
aprendizado, tanto quanto o erro deve ser reparado como condição natural para o
desenvolvimento do senso moral. Mas se a criança desenvolve e cultua culpa e se
acostuma com isso, quando chega à fase adulta a culpa se intensifica e se soma
às culpas do passado, situando a vida numa condição insuportável.
A culpa ocasiona comoções,
desordens autopunitivas e contribui para ausência de autoestima. Provoca compulsão
autoexterminadora, como decorrência dos movimentos de autojulgamento,
autocondenação e autopunição em que o culpado arruína a autoestima, tornando
impossível o auto acolhimento amoroso.
A autoestima está conectada aos
sentimentos básicos de autoaceitação, autoconfiança, autovalorização e
autorrespeito, como anseios fundamentais para o equilíbrio do ser. Fora disso,
surgem várias dificuldades de ordem mental e emocional, refletindo-se no corpo
físico através do bombardeamento mental, comprometendo o organismo.
Sob a compulsão
autoexterminadora pode-se chegar ao suicídio, direto ou ao suicídio indireto.
Neste último caso, a pessoa martiriza o corpo através de emoções e pensamentos,
entrando no estado de desinteresse pela vida, culminando em processos de depressões
graves, ocasionando demais transtornos psíquicos e emocionais, como ansiedade
generalizada, transtorno do pânico e desordem bipolar.
Na origem de toda doença sempre
há componentes psíquicos ou espirituais. As moléstias são heranças decorrentes da
divina Lei de Causa e Efeito, e decorrentes desta ou de vidas antecedentes. São
escombros que fixaram nos genes os fatores propiciadores para a instalação dos
distúrbios patológicos.
Quando fazemos esforços
pacientes, continuados e perseverantes, desenvolvendo virtudes em nossos
corações, mantemos inativadas as enfermidades genéticas. Podemos ter uma
predisposição genética para o câncer e nunca desenvolvermos processos
cancerígenos; podemos ter uma pré-disposição depressiva e jamais desenvolvermos
a depressão; podemos ter uma família inteira com problemas genéticos que
dependendo do nosso comportamento manteremos neutralizadas as predisposições
genéticas enfermas.
Somos imagem e semelhança do
Criador; somos de essência divina e fomos criados para a felicidade e harmonia.
Quando procuramos desenvolver o equilíbrio existencial de forma responsável,
não seremos alcançados pelas doenças genéticas, até porque não é a composição
biológica que determina a saúde ou doença do espírito, mas é o espírito que
comanda o corpo físico.
Sempre seremos amados pelo
Criador, independentemente dos nossos erros. Será que um pai ou uma mãe ama o
filho só quando ele faz as coisas certas? Na verdade os pais amam os seus
filhos do mesmo jeito, independentemente das condições morais dos filhos. Será
que um ser humano é mais amoroso do que Deus? Em face disso, não há razões para
sustentarmos a baldia culpa impondo-nos a “distimia” (conduta mal-humorada),
perdendo o interesse pelas atividades diárias normais, sentindo-se sem esperança,
tendo baixa produtividade, baixa autoestima e um sentimento geral de
inadequação como precursor da depressão.
Há os que mantêm o mal humor
quase ininterruptamente. São aqueles que acordam mal-humorados, passam o dia
mal-humorados e vão dormir mal-humorados, porque estão o tempo todo num
processo de culpa em autojulgamento, autocondenação e autopunição. Para sair
desse estado é imperioso desenvolver os sentimentos básicos da autoestima, da
autoaceitação, da autoconfiança, da autovalorização e do autorrespeito.
Várias são as consequências da
culpa, a saber: insegurança, isolacionismo, ausência de si mesmo (a) e dos
outros. A pessoa entra em estado de isolamento psíquico e amplia o sentimento
de abandono existencial. Não é possível alguém assim se sentir pertencente ao
universo, e é exatamente o sentimento de pertencimento ao universo que gera em
nós existencialismo e alegria de viver.
Fonte: A Luz da Mente
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