Sidney
Fernandes - 1948@uol.com.br
Promessa é assumir o compromisso
de fazer alguma coisa. Geralmente, no meio religioso, é o comprometimento do
devoto em pagar uma espécie de penitência, desde que sua reivindicação seja
atendida. Na prática é o compromisso de agradar o sagrado, em troca da
realização da súplica do seu interesse.
O exemplo clássico das inúmeras promessas
contidas na Bíblia encontra-se no Livro Gênesis (28:20-22) :
Se Deus for comigo e
me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir
e eu em paz tornar à casa de meu pai, o Senhor me será por Deus. E esta pedra
que tenho posto por coluna será casa de Deus. E de tudo quanto me deres,
certamente te darei o dízimo.
Ela foi formulada por Jacob,
quando estava em fuga para Berseba, com medo de seu irmão Esaú, a quem havia
enganado. Ele buscava negociar perdão com a divindade e proteção para o seu
futuro e de seus descendentes. Estranha a justiça desse Deus antropomórfico,
que protege o fraudador do próprio irmão, dá-lhe acesso à lendária escada que
leva ao céu e lhe promete grande descendência e larga quantidade de terras… Em
troca da reles compensação de um dízimo?
***
Nos tempos atuais, não ficamos
muito longe dessas absurdas negociações. Parece que herdamos dos nossos
ancestrais a troca de favores com santos, guias espirituais e até com Deus.
Disseram-me que só vou sarar da minha doença e melhorar minha vida se eu passar
a visitar hospitais, dar contribuição para minha igreja ou colaborar no Centro Espírita.
Então, se é assim que funciona, vou passar a fazer o bem por interesse. Mas, no
começo é assim mesmo. Raciocino como Jacob, na base do toma lá, dá cá, passo a
negociar com a espiritualidade e busco o meu bem-estar e da minha família. Com
o passar do tempo, tomo gosto pela prática de boas obras e continuo com minha
atitude benemérita, agora por dever. Há muitos adeptos de filosofias,
religiões, ONGs e clubes de serviço que dão preciosa contribuição de cidadania,
por dever, porque se sentem membros de uma sociedade que necessita de sua
participação. Eles se sentem no dever de construir um mundo melhor. Passando um
pouco mais de tempo, continuo fazendo o bem, a me preocupar com bem-estar do
semelhante e do meio social mais carente, não mais por interesse ou por dever,
e sim pelo prazer de ver o próximo em situação melhor. Torno-me um doador de
bênçãos simplesmente por amor ao próximo.
***
Ao contrário do que o caro
leitor possa pensar, essa atitude de bom samaritano — que se condói do judeu
(teoricamente seu inimigo) caído na estrada — está adquirindo cada vez mais
adeptos e ganhando o espaço egoístico que antes existia, à época de Jacob e dos
nossos avós, para firmar-se como robusta tendência de cidadania dos nossos
tempos. A esse propósito, permitam-me encerrar este texto com preciosa lição
que aprendi há pouco tempo, infelizmente de autor desconhecido, a quem eu
gostaria de dar o devido crédito: Quem
planta tâmaras, não colhe tâmaras.
Ditado Árabe
Certa vez um jovem encontrou
senhor de idade plantando tâmaras e logo perguntou:
‒ Por que o senhor planta tâmaras, se o senhor
não vai colhê-las?
Como se sabe, antigamente as tamareiras levavam de 80 a
100 anos para produzir os primeiros frutos, tempo hoje reduzido pelas modernas
técnicas de produção.
Se todos pensassem como você, ninguém comeria tâmaras.
Cultive, construa e plante ações que não sejam apenas para você, mas que sirvam
para todos. Nossas ações hoje refletem o futuro. Se não é tempo de colher, é
tempo de semear.
***
Você ainda está fazendo o bem
para cumprir suas promessas à divindade? Por enquanto faz uma visita a um
hospital, ou participa de uma campanha benemérita por interesse? Na base do
toma lá, dá cá? Continue! Logo você tomará gosto pelo bem e passará a
praticá-lo por noção de dever. E daqui a um tempo, não muito distante, você não
mais será um bom samaritano por interesse ou por dever e sim pelo simples
prazer de ver o próximo tão feliz como você. Estará dando os seus primeiros
passos de entrada no seleto clube do amor.
***
Nascemos sem trazer nada,
morreremos sem levar nada… No intervalo entre a vida e a morte, brigamos por
aquilo que não trouxemos e não levaremos… Por isso, sejamos espertos: Vivamos
mais, amemos mais, perdoemos sempre e sejamos mais felizes.
Fonte: Kardec Rio Preto
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