Hugo Lapa - “Espiritualidade é amor”, no Facebook
Por que Deus somente nos ensina
pela dor?
Não seria mais fácil aprender
pela felicidade, pela satisfação, pela alegria, pelo amor?
A resposta a essa pergunta é bem
simples.
Sim, seria muito melhor que o
ser humano pudesse aprender pela felicidade, pelo amor, pela bondade, mas não é
isso que as pessoas fazem.
Todos podem observar isso em
abundância na vida humana.
Pare um pouco e lembre nesse
instante dos momentos da vida de outras pessoas e da sua própria vida em que
você estava feliz, em que tudo corria bem, em que nada te faltava, em que você
estava satisfeito, alegre, com seus desejos satisfeitos, ou seja, bastante
confortável na vida.
Qual é a postura de quase todas
as pessoas quando estão muito bem? A tendência é cada um ficar estagnado. É
permanecer como se está, é não sair do lugar.
Vamos refletir: se um lugar está
bom, confortável e atende aos nossos desejos, queremos sair deste lugar? Não… Desejamos
permanecer nessa condição o maior tempo possível.
Quando nos encontramos em
condições favoráveis, não pensamos em nossa melhora, não pensamos em ir além,
não pensamos em crescer, em evoluir, em nos desenvolver, em nos libertar, em
buscar alternativas, em olhar para nós mesmos e nos descobrir.
Por exemplo, aquele jovem rico
que tem tudo, tem uma namorada linda, faz muitas viagens, come tudo o que
gosta, vive uma vida muito confortável, tem muita energia para sair e curtir. Esse
jovem vai desejar buscar Deus, ou vai mergulhar num mundo materialista,
superficial, ilusório, de conforto e satisfação dos desejos passageiros?
Mas quando esse jovem começar a
envelhecer, o que vai ocorrer?
Ele vai aos poucos perdendo toda
a sua energia, pode começar a ter várias doenças, se tornará mais dependente
dos outros, não poderá mais sair, viajar, não será mais atraente para as
mulheres, seus falsos amigos podem abandona-lo, sua família pode não procura-lo
como antes, ele pode ficar carente e vazio. Pode ainda ser rico, mas já não
poderá mais usufruir o dinheiro e seus prazeres como antes.
Nesse momento, em que ele começa
a perder tudo, ele poderá começar a pensar em Deus e a entender que a vida não
é apenas a busca pelo prazer, festas, viagens, tecnologias, sexo etc.
Quando nos deparamos com a
inevitabilidade da morte, com a degeneração do corpo físico e com a carência, a
falta e o vazio, nossa perspectiva começa a mudar e passamos a buscar algo que
seja imortal, essencial.
Alguém faz esforço em observar a
si mesmo, em se autoconhecer, quando tudo está bem?
Alguém pensa em buscar a Deus
quando o mundo nos provê todas as necessidades materiais?
Quantas pessoas buscam a Deus na
bonança? Poucos o fazem…
Mas quantas pessoas buscam a
Deus durante uma forte tempestade?
Quantas pessoas pensam que
precisam se melhorar quando estão de férias, fazendo sua viagem favorita, com
muito dinheiro no bolso? Mas e quando perdemos tudo, não temos mais dinheiro, nossos
parentes e amigos morreram ou nos deixaram?
Nesse momento lembramos que
existe um Deus, que a vida não é apenas dinheiro, viagens, sexo, comida,
festas, redes sociais, conforto etc.
Nesse momento, começamos a
sentir necessidade de buscar algo que o mundo não pode e nunca pôde nos
oferecer.
A verdade é que o ser humano só
busca Deus quando a dor lateja, quando ele perde alguém que amava, quando não
tem mais dinheiro, quando não vê mais saída, ou seja, quando o mundo já não
pode mais lhe oferecer aquilo que ele deseja.
Muitas pessoas só passam a se
preocupar verdadeiramente com sua saúde após passarem por uma grave doença.
Depois que vem a dor da
enfermidade, elas fazem uma reflexão e decidem que, daqui em diante, elas devem
fazer exercícios, ter uma alimentação mais saudável, cultivar hábitos
positivos, ter bons pensamentos etc.
O ser humano só busca se
melhorar com o dor.
São poucos os que seguem o
caminho do amor quando estão bem e confortáveis no mundo.
Por isso os mestres costumam
dizer que o ser humano precisa perder o mundo para encontrar a Deus e a si
mesmo.
O mundo abafa nossa essência
espiritual e precisamos recupera-la, pois a vida verdadeira só existe em nossa
natureza essencial, mas profunda e divina.
É preciso que a inteligência da
vida nos tire todas as vestimentas ilusórias, todas as aparências, todos os
confortos passageiros, todos os desejos, todas as posses.
É preciso que tudo isso seja
tirado para que uma pessoa passe a buscar a si mesmo e sua essência.
Como disse Jesus: “Toda a pessoa
que bebe desta água, voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que eu
dou nunca mais terá sede. A água que eu dou se tornará numa fonte de água viva
dentro dele. Ela lhe dará a vida eterna”[2].
Jesus quis dizer que quem vive
bebendo o líquido das miragens do mundo sempre terá sede, pois as benesses
mundanas são uma ilusão, uma aparência, um sonho, uma fantasia.
Mas quem bebe da essência da
vida, que é real e eterna, nunca mais sentirá qualquer falta, qualquer
carência, qualquer tristeza, qualquer vazio.
Essa é a resposta do motivo de
Deus não nos ensinar pela felicidade, mas pela falta, pela perda, pela dor,
pela destruição, pelo caos.
Os momentos em que tudo nos é
favorável, tendemos a ficar paralisados e não buscar nosso desenvolvimento, não
nos libertar deste mundo instável, de aparência, de ilusão.
Mas quando perdemos tudo que é
exterior, começamos a olhar para o nosso interior e buscar a essência divina
dentro de nós mesmos.
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