Miramez
Em uma criança de tenra idade, o Espírito, pondo-se de lado
o obstáculo que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, pensa
como uma criança ou um adulto?
‒ Quando ele é
criança, é natural que os órgãos da inteligência, não estando desenvolvidos,
não podem lhe dar a intuição de um adulto. Ele tem, com efeito, a inteligência
muito limitada enquanto a idade faz amadurecer a sua razão. A perturbação que
acompanha a reencarnação não cessa subitamente no momento de nascer; ela não se
dissipa senão gradualmente com o desenvolvimento dos órgãos.
Uma observação vem em apoio
desta resposta: é que os sonhos, em uma criança, não têm o caráter dos de um
adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que e indício da natureza das
preocupações do Espírito. (Allan Kardec)
Questão 380/Livro dos Espíritos
O raciocínio nos diz que o
Espírito envolvido em um corpo de criança não pode pensar qual o adulto. Os
órgãos não oferecem campo de ação para sua manifestação mais livre. As suas faculdades
são tolhidas pelos órgãos em desenvolvimento e somente com o tempo eles vão se afirmando,
de modo que os canais de comunicações estejam sem impedimentos para as mensagens
que o Espírito veio trazer ao mundo. É qual a massa em fermentação.
O cérebro da criança não oferece
mais do que as próprias criancinhas, no entanto, como em todos os casos, existe
exceção, e de vez em quando aparecem crianças-prodígios que, com pouca idade,
já operam como adultos e até como sábios. Existem crianças médiuns, que transmitem
para os homens as ideias dos benfeitores que controlam suas faculdades em serviço
do fenômeno, de modo que a ciência possa estudar os fatos.
É a mesma coisa que perguntar por
que uma árvore, antes do seu crescimento adequado à profusão de frutos, não dá
antes esses frutos, ou porque um animal de poucos meses não faz o trabalho de
um animal adulto. Tudo há de se esperar certo tempo para que surja a maturidade.
Antes que asse o pão, é preciso que fermente a massa, descansando os ingredientes.
A lei é a mesma em toda a criação. A criança, enquanto na formação do seu corpo,
descansa por um grande período, para depois manifestar seus pendores, cumprindo
a sua missão na Terra.
Como já foi dito, essa criança
pode, em muitos casos, ser muito mais elevada de que muitos adultos, porém, o
seu instrumento de manifestação da inteligência ainda se encontra em preparo
pelas mãos do tempo e com as bênçãos de Deus. A responsabilidade dos pais, dos professores
e governo é muita, porque os canais de comunicação que levam a criança à verdade,
como estímulos, pode gravar nas telas da sua consciência o que se fala, o que
se escreve e o que se vive, com responsabilidade do que fala, escreve e vive. O
Espírito no estado infantil não pensa qual adulto, mas tem o poder de registrar
tal qual esse, ou, ainda melhor, de acordo com as suas sensibilidades
espirituais.
Nossa
responsabilidade diante das crianças que cruzam os nossos caminhos é imensa e
não podemos desdenhar os compromissos mediante as necessidades dos pequeninos
em corpos, que, às vezes, são grandes em Espírito.
Quando o tempo está nublado,
isso impede que a luz do sol chegue à Terra na sua pureza; entretanto, tão logo
desaparecem as brumas, o sol volta a brilhar.
A criança pode não raciocinar
igual aos adultos, não falar quais esses, porem ela tem poderes, de forma a
plasmar tudo com mais nitidez que os próprios homens amadurecidos. A criança não
é libertada da confusão de uma vez; isso acontece gradativamente, pois a lei
nos ensina que a natureza não é violenta. A sua marcha se move na ponderação,
para dar mais segurança aos dons espirituais.
A criança, certamente, é o homem
de amanhã, se esperarmos com paciência o seu crescimento. Eis porque devemos
investir com os nossos recursos na infância, se queremos um mundo melhor.
Vejamos o que disse o Senhor: “Vinde a mim as criancinhas”. Se
trabalhamos com amor para as crianças de hoje, receberemos o mesmo, porque no
amanhã seremos certamente crianças outra vez. Tudo que semeamos, colhemos.
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