quinta-feira, 30 de maio de 2019

PACTO DIFERENTE[1]



Miramez

Há alguma coisa de verdadeira nos pactos com os maus Espíritos?
‒ Não, não há pactos, mas uma natureza má simpatizando com maus Espíritos. Por exemplo: queres atormentar teu vizinho, e não sabes como fazê-lo; então chamas para ti os Espíritos inferiores que, como tu, não querem senão o mal, e para te ajudarem querem que lhes sirvas nos seus maus propósitos. Mas não se segue daí que teu vizinho não possa se livrar deles por uma conjuração contrária e pela sua vontade. Aquele que quer cometer uma ação má, chama, só por isso, maus Espíritos para ajuda-lo. Está, então, obrigado a servi-los, como o fazem para si, porque eles também têm necessidade dele para o mal que queiram fazer. E somente nisso que consiste o pacto.
A dependência em que o homem se encontra, algumas vezes, em relação aos Espíritos inferiores, provém de seu abandono aos maus pensamentos que eles lhe sugerem e não de quaisquer estipulações recíprocas. O pacto, no sentido vulgar que se dá a essa palavra, é uma alegoria que figura uma natureza má simpatizando com Espíritos malfazejos. (Allan Kardec)
                                                                  Questão 549/Livro dos Espíritos
                                                                                             
Entre os homens existem pactos, donde aparecem contratos assinados para que possam cumprir o prometido. Entre os Espíritos, em relação aos homens de má índole, o pacto é diferente: é a união de ideias, é a sintonia de sentimentos. Se queres fazer mal a alguém, é só te fixares nestes pensamentos, que logo surgirão Espíritos das mesmas ideias, e que, por vezes, não gostam dos que deverão ser atingidos.
Os papéis são os sentimentos, e as letras, o desejo, que somente existe entre Espíritos carregados de paixões inferiores, preocupados somente com a vingança e a maldade. Às pessoas deste teor espiritual nós aconselhamos atentar para o que diz Mateus, no capítulo 4, versículo 17:
“Daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”.
Pediu o Senhor aos Espíritos de maus sentimentos para se arrependerem e não praticarem mais atos indignos, que logo chegaria para eles o reino dos céus, porque o representante deste reino estava na Terra, para escolher as Suas ovelhas. Ele era o Pastor de toda a humanidade.
E agora é hora de fazermos os nossos pactos com o bem e, através das nossas vidas, sermos honestos e sinceros aos ensinamentos do Mestre. Quando em tribulações, devemos orar, pedindo a Jesus que nos inspire para fazer o melhor. O fato de o homem ficar na dependência dos Espíritos inferiores se concretiza pelos pensamentos. O modo pelo qual vive a criatura atrai entidades da mesma natureza.
Se queres Espíritos bons em tua companhia, pensa diferente, muda as atitudes para o bem comum, pauta a tua vida no amor, sendo que Deus esteja em primeiro lugar, a receber tua atenção amorosa. Nada existe no mundo da matéria que afaste Espíritos maus das pessoas, a não ser o seu modo de viver.
Se queres Espíritos de luz a te inspirar, basta viveres na luz. Os Espíritos dotados de paixões inferiores buscam os homens dos mesmos sentimentos, e eis que aí se encontra o pacto por analogia de sentimentos.
A Doutrina dos Espíritos vem nos ensinar a fazer mudanças na moral, e cada vez mais crescer nas virtudes. Desta forma, somente os Espíritos de elevados sentimentos são capazes de acompanhar a criatura e fazê-la feliz.
Quando desejas o mal para tal ou qual pessoa, se esta não se encontra na faixa do mal, esse mal não chega ao seu ambiente; ele é desviado para lugares onde encontra sintonia, ou então volta para quem o desejou, e com mais intensidade. Quando o pensamento sai para seu destino, tem a força de atração dos seus iguais e vai se avolumando. Por lei, ele volta para onde nasceu. Quem deseja o mal, é sempre visitado por ele, e aquele que semeia o bem, ganha por isso, porque a lei é a mesma.
Aqueles que chamam os Espíritos maus pelas suas ideias, persistindo em fazer mal a outrem, atraem com isso maus Espíritos que ficam seus amigos, e passam a ser devedores desses Espíritos, podendo ser cobrados a qualquer momento. Ter amigos no mal, a razão nos informa que não é bom. Somente o amor constrói; todos os homens sabem disso, só faltando que todos eles passem a viver o amor, porque somente a vivência nos livra de todos os ataques.




[1] Filosofia Espírita – Volume 11 – João Nunes Maia

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