sábado, 9 de fevereiro de 2019

Viciações Mentais – Medo da Morte[1]




            O medo da morte resulta do instinto de conservação, que trabalha em favor da manutenção da vida.
A vida, no entanto, são todos os acontecimentos existenciais que ocorrem durante a reencarnação — no corpo ‒ como fora dele ‒ no Espírito.
O desconhecimento da imortalidade, as informações fragmentárias, as lendas e fantasias, os mistérios, a ignorância, vestiram a morte de inusitadas e irreais expressões, que não correspondem à realidade. O fenômeno da morte diz respeito ao fatalismo biológico das transformações moleculares do corpo. Com o desaparecimento da forma, suspeitou-se que haveria o aniquilamento da essência, como se essa fosse derivada da matéria e não a sua responsável.
Para atenuar-se o desconhecimento, compuseram-se os funerais, as cerimônias e ritos fúnebres, ocultando a face inevitável da legitimidade imortal. Esses recursos são valiosos para os familiares, parentes e amigos que se desobrigam das responsabilidades humanas, na Terra, e dos deveres afetivos para com os que são desalojados do corpo. Para o Espírito somente valem os sentimentos, as preces e vibrações de autêntica afeição e honesta intercessão, especialmente os próprios pensamentos e atos mantidos durante a experiência carnal.
Em outras circunstâncias, porque a fantasia concebeu o Divino Poder com sentimentos arbitrários e apaixonados, que perdoa e pune irremissivelmente, as consciências culpadas temem-lhe o encontro, quando seriam duramente castigadas, elaborando, inconscientemente, mecanismos de evasão.
Às vezes se torna tão grave o medo da morte que portadores de transtornos psicológicos matam-se para não aguardarem a morte, em terrível atitude paradoxal.
Não houvesse a morte física, o sentido da vida desapareceria, assim como a finalidade da luta, da conquista de valores e do desenvolvimento intelecto-moral do ser.
Analisando-se a sobrevivência — fenômeno natural e consequência da vida ‒ a existência terrestre adquire significado e a dimensão de tempo, um grande valor.
Por ignorar-se quando ocorrerá a fatalidade orgânica, todo minuto e cada ação constituem admiráveis bênçãos e devem ser utilizados com sabedoria e propriedade, vivendo-os intensamente.
A compreensão da vida como um todo, feito de etapas, estimula a conquista dos patamares do progresso, ainda mais pela sua marcha ascensional. Fosse limitada ao período berço-túmulo, todos os labores perderiam o seu conteúdo ético e os esforços esvair-se-iam na consumpção do nada.
Considerando a energia psíquica valiosa e atuante, a mente, desatrelada do cérebro, prossegue independente dele, e a vida estua.
Desse modo, enfrentando-se com equilíbrio o conceito da sobrevivência, a morte desaparece e o medo que possa inspirar transforma-se em emulação para enfrentá-la com uma atitude psicológica saudável e rica de motivações, quando ocorrer naturalmente.
Vício mental arraigado, o medo do fim converte-se em esperança de um novo princípio.



[1] Autodescobrimento: Uma Busca Interior – Joanna de Ângelis / Divaldo Pereira Franco

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