quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

PAIXÕES[1]




Miramez

Visto que o princípio das paixões está na Natureza, ele é mau em si mesmo?
Não, a paixão está no excesso acrescentado à vontade, porque o princípio foi dado ao homem para o bem, e as paixões podem levá-lo a grandes coisas, sendo o abuso que delas se faz que causa o mal.
Questão 907/Livro dos Espíritos

As paixões em si constituem força poderosa que podem levar o homem a grandes realizações.
É bom que se saiba do valor dos princípios das paixões, que não deixam de ser força a ativar o amor e a caridade, o bem em todos os ângulos da vida. O que se acrescenta nelas de exagero é que as coloca como sentimentos inferiores, tornando o homem malfeitor.
A Doutrina dos Espíritos nos leva a compreender todas as forças que podem cercar a personalidade, dando meios às almas para compreender como usar todas essas possibilidades benfeitoras que o bem sempre conduz. A paixão está no excesso que a vontade delibera. O mundo e as criaturas precisam muito de esclarecimento e, principalmente, dos ensinamentos do Evangelho, compreendendo que, por ele, se educarão melhor todos os seus sentimentos.
O princípio das paixões, que foi colocado no homem, como origem desse sentimento, o foi para impulsionar o bem, pela força do amor. Entretanto, isso foi mal compreendido pela ignorância e o uso ultrapassa o que não deveria.
É bom que observemos com mais profundidade que as paixões se desenvolveram exageradamente em todos os setores da atividade humana. As religiões fizeram-se instrumentos das paixões para adorar a Deus por variadas formas, capazes de fazer o ser humano esquecer o próprio Criador. Jesus, sabendo disto, disse com presteza, desta maneira registrada por João, no capítulo quatro, versículo vinte e um:
Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me, que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
O Mestre cortou pela raiz a paixão dos incompreendidos, pedindo para adorarem a Deus em Espírito e verdade, orando secretamente, na intimidade do coração. As imagens de escultura, os deuses forjados pelos homens e os lugares sagrados, desapareceram com Jesus, porque Ele nos mostra que o Supremo Senhor se encontra dentro da consciência de cada um.
Se começas a apaixonar-te pelo bem, medita no amor verdadeiro; se te apaixonares pela caridade, consulta o bom senso; se te apaixonas pelo trabalho, busca a razão, para o equilíbrio das tuas forças. Não deixes que as paixões atinjam a inferioridade, para que não respondas por seres envolvido por elas, criando para os teus caminhos dificuldades maiores. Lembra-te de que as paixões podem levar-te a grandes realizações, se elas forem disciplinadas pelo conhecimento em Cristo. Aprende a ter conduta reta, pois a vida é reta em todos os ângulos.
Confia na natureza, que ela evidencia corresponder a essa confiança, a cada momento.
A paixão em si não complica a nossa vida; ela nos faz mal no campo do excesso. Apaixonemo-nos pela alegria, mas não nos deixemos tomar pelo escândalo. A vida é harmonia e fé. Vivendo nas linhas do Cristo, teremos uma tranquilidade imperturbável no coração e na consciência.




[1] Filosofia Espírita- Volume 18 – João Nunes Maia

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