Diferenças da razão, emoção e instinto, representadas pelo corpo humano
Miramez
É exato dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à
medida que aumentam as faculdades intelectuais?
‒ Não; o instinto
existe sempre, mas o homem o negligencia. O instinto pode também conduzir ao
bem; ele nos guia quase sempre e, algumas vezes, com mais segurança que a
razão. Ele não se transvia nunca.
Por que a razão não é sempre um guia infalível?
‒ Ela seria
infalível se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e egoísmo. O
instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o
livre-arbítrio.
Questão 75/Livro dos Espíritos
O alicerce de uma obra
aparentemente desaparece quando o prédio está pronto; no entanto, passa a
existir com muito mais segurança do que antes, pela sua solidez no seio da
terra. O instinto não atrofia ao surgir a razão. Ele perde o comando mais
visível, como existe no animal, entretanto, ajuda a inteligência nas suas difíceis
soluções, no silêncio da própria vida, inerente ao seu estado.
O nada se perde atinge
igualmente os dons da alma. Os talentos se intercruzam em uma fraternidade
perfeita, uns ajudando os outros, e todos formando um conjunto, de sorte a
trazer ao mundo da consciência a harmonia divina. Compete a cada Espírito
compreender a ordem e trabalhar para que ela se estabeleça, com todas as suas
diretrizes de amor no centro da consciência e esta redistribuir as bênçãos de
felicidade a todo o mundo interno.
O instinto é a base da
conscientização de todo o saber; é como que um livro invisível, porém real,
onde estão escritas todas as leis reguladas pelo tempo. A razão é esse mesmo
instinto na feição de maturidade; é o alicerce da inteligência, que se apoia
neste princípio divino, ordenado e estabelecido por Deus, como sol da vida.
Podemos comparar o instinto aos
pés dos homens e a inteligência ao exército da razão. Apesar dos meios de
transportes sofisticados da época, eles sempre precisam dos pés para tudo o que
fazem. Mesmo que se lembrem pouco deles, eles são a base da locomoção dos
encarnados. A Doutrina dos Espíritos, no seu conjunto doutrinário, nos oferece
muitos meios e métodos agradáveis, para exercitarmos todos os nossos dons, de
maneira a que eles possam crescer ampliando seus valores. Uma escada, mesmo
usada por muitas criaturas, deve conservar os primeiros degraus, sem os quais
não poderá ser usada, além de que são eles que garantem a segurança dos outros.
O instinto, o raciocínio e a intuição constituem uma escada evolutiva, são
estágios variados do mesmo dom da vida que, juntos, garantem a estabilidade e
nos proporcionam meios mais sólidos para vivermos em paz. Nada se acaba na
vida; tudo se funde e refunde em busca da perfeição.
O homem não pode desprezar o
instinto porque possui a inteligência, nem o super-homem pode abandonar a
inteligência, por ter conquistado a intuição. Todos os valores são úteis na
engrenagem evolutiva de todos os seres. Entrementes, deve-se saber usá-los na
hora certa, como no momento exato servir-se do raciocínio. O conhecimento é a
base do equilíbrio e a compreensão, o estímulo de todas as forças do bem que,
somadas, esplendem-se no amor. O instinto nunca se transvia, por ser
programação da Divindade, no centro das vidas menores, e a razão obedece ao
livre arbítrio da criatura, que necessita de experiências para que sua disciplina
se alie ao bom senso.
De fato, o instinto é uma
inteligência rudimentar, mas, que guarda no seu seio celeiros imortais que,
desenvolvidos, ultrapassam as belezas da própria inteligência e mesmo da
intuição, pelo fato de que o despertamento da alma é infinito, na extensão
grandiosa do crescimento sem limites, do espírito.
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