Adriana Machado
Estamos vivenciando um momento
em que vemos muitas pessoas buscando no suicídio a cura para as suas dores.
Estaria mentindo se disse que
consigo imaginar o que sentem essas pessoas que, em razão de sua dor, chegam ao
ponto de infringir uma das leis divinas mais perfeitas que é a Lei da
Conservação. Como somos seres de outra localidade (plano espiritual), e para
não desejarmos voltar à nossa origem antes do tempo, a cada existência terrena
nos é imputada a vontade quase intransponível de nos manter aqui para
vivenciarmos os momentos de alegria e de dor sem desejarmos fugir de nossa
própria regeneração.
Estamos a séculos vindo e indo,
repetindo os mesmos equívocos, buscando o nosso aprimoramento, caindo e
levantando, nos melhorando pouco a pouco apesar de nossa teimosia em acreditar
que a vida a ser valorizada é a material e não a espiritual.
Mas, estamos evoluindo. E como
estamos enfrentando uma fase de mudança do estágio evolutivo planetário, para
aqui ficarmos, precisaremos nos deparar conosco sem máscaras, sem véus. Assim,
todos que para cá vieram (e ainda vem) reencarnados, estão preparados para se
enfrentar ou enfrentar as experiências que nos farão enxergar quem somos, não
significando dizer, todavia, que gostaremos do que veremos, ou que aceitaremos
quem somos sem lutas íntimas.
Assim, sem fazer qualquer
julgamento a quem quer que seja, percebo que, por nos vermos tão enfraquecidos
em nossos valores íntimos, por não valorizarmos quem somos, não nos sentimos
fortalecidos para enfrentarmos algumas experiências que, pela misericórdia
divina, estaríamos à altura de vivenciá-las e, portanto, de alcançarmos o aprendizado
merecido.
Por tal incapacidade, muitas
vezes sem percebermos, buscamos um dos caminhos mais difíceis de trilhar, mas
que, por nossa ignorância, nos parece o único apropriado: o de interromper a
dor pela ausência da vida que acreditamos estar alimentando essa mesma dor.
Precisamos voltar a nos
importar! Precisamos estar atentos às mudanças de atitude daqueles que estão ao
nosso redor, precisamos estar atentos às nossas próprias mudanças internas!... Porque
podemos ser nós, daqui a um tempo, entristecidos profundamente por uma dor
vivenciada, a nos afundar na lama da desesperança e não conseguirmos sair dela.
Se não voltarmos o nosso coração
e mente para esta vida encarnada; se não voltamos a nossa atenção para a vida
real, fora das redes sociais, fora da internet, fora da ilusão de que “todos
têm uma vida melhor do que a minha”; se não valorizarmos cada experiência como
uma benção divina a nos ensinar e nos fortalecer diante das adversidades; Se
não abraçarmos, com fé, a crença de que Deus é Misericordioso e Bom e que não
agiria com menos amor do que um filho Seu que, diante de um filho da carne, só
quer o melhor para ele; não conseguiremos perceber os dramas que nos rodeiam e,
não chegaremos a tempo de socorrer a quem amamos ou, até pior, nos impedir de
ir pelo mesmo caminho.
O problema é que, na grande
maioria, essa dor é silenciosa. Ela vai preenchendo o nosso ser, sem nos
apercebermos. Vamos desconsiderando os parcos avisos que a nossa consciência
nos permite flagrar, achando que o que sentimos é simples, drama ou bobagem, e
que as pessoas não nos escutarão porque veriam essa mesma dor como frescura.
Sem sabermos, estamos alimentando uma doença que após alojada é difícil
combater!
Percebo que tudo o que os nossos
irmãos desalentados pela dor precisam é de alguém que possa mostrar-lhes um
outro caminho, porque eles não estão mais aptos para achá-lo. Eles não precisam
de julgamento, eles não precisam de nossa piedade, eles precisam de nosso
consolo e atenção.
Que sejamos nós a ouvir e
acalentar o nosso próximo. Que sejamos nós a indicar um caminho de amor e
esperança[2]
para que as cores da vida voltem a fazer parte da vida deste nosso irmão. Que
não desistamos jamais de socorrer mesmo aqueles que parecem não querer o
auxílio. É uma vida que precisa ser defendida!
Usemos de tantas horas quantas
forem necessárias para o auxílio deste irmão, da mesma forma que gostaríamos
que gastassem conosco no momento de nosso maior desespero.
Sem buscar nas crenças espíritas
cristãs que me alimentam a alma, façamos isso, pura e simplesmente, porque
precisamos uns dos outros.
O nosso silêncio ou o de nosso
irmão pode ser o sinal de que precisamos nos movimentar urgentemente para a
mudança deste caminho para a escuridão.
[2] Essa ajuda, dependendo do grau da dor de nosso irmão,
precisa ser associada ao auxílio de um profissional que saberá desenrolar os
fios embolados que embaçam a visão de um futuro melhor.
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