Jorge Hessen
O “casamento” de crianças
(sobretudo meninas) é corriqueiro em diversas sociedades cujas culturas jazem
decididamente nos encostos religiosos. Entretanto, o problema de “casamentos”
precoces também está muito presente no Brasil. Segundo o Instituto Promundo,
entre 2013 e 2015, Maranhão e Pará têm a maior prevalência de “uniões”
prematuras.
Frequentemente tais meninas não
aderem a essa determinação (“casamento” coagido) porque não compreendem em que
situação as estão conduzindo, em face disso, a responsabilidade dos pais é
naturalmente maior porquanto na maioria das vezes as induzem ao precoce,
portanto, constrangido matrimônio “informal”.
Muitos podem interrogar,
averiguando as razões de uma menina, ainda nos arrebóis de sua infância, passar
por insonhável barbaridade. Como identificar a coerência em renascer por
escolha (iniciativa própria) e experimentar uma provação como essa? Qual o grau
de imperfeição do Espírito para padecer tal desafio?
Recobremos a pesquisa do
Instituto Promundo que comprova que as meninas se “casam” e têm o primeiro
filho, em média, aos 15 anos. A pesquisa atribui o “casamento” infantil a três
causas principais. A primeira é vulnerabilidade das comunidades, caracterizada
por baixos níveis de escolaridade e infraestrutura, e fraca presença do Estado.
Em segundo lugar, as adolescentes querem sair da casa dos pais porque desejam
começar a namorar e, por isso, veem no “casamento” uma forma de fuga das
proibições dos pais. A terceira causa é a fragilidade das estruturas
familiares, que leva as meninas a buscar estabilidade e segurança fora de casa.
A infância e a juventude estão
assombradas, sem alicerces morais claros, iludidas, com influências muito
sensualistas. Nas crônicas diárias, jamais uma criança e ou jovem tiveram
contato tão aberto com mensagens erotizantes como nos dias atuais, em grande
parte graças ao acesso livre à Internet. O resultado está nos renascimentos
desastrosos, que abrem expectativas nunca antes observadas. Todavia, graças à
imortalidade, todas elas serão induzidas ao processo contínuo de evolução
infinita, ocasionando, através da reencarnação, a fórmula divina para a
definitiva conquista de si mesmas.
Enquanto isso, esse funesto
estágio moral as remete à aventura do prazer impulsionando a recondução dos
recém-reencarnados à era das cavernas, fazendo-as mergulharem nos subterrâneos
das orgias e ali entregando-se à fuga da consciência e do raciocínio pela
busca, às vezes inconsciente do encanto alucinado pelo amadorismo das emoções
imediatas da sexualidade.
No Sudeste do Brasil há casos em
que meninas de 10 a 12 anos, frequentadoras dos típicos bailes (funk e
análogos) engravidam. No Nordeste há diversos casos de aliciamento de menores,
muitas vezes abusadas pelos próprios pais. Cada vez mais cedo, e com maior
magnitude, as excitações da criança e do adolescente germinam adicionadas pelos
diversos e desencontrados apelos das revistas libertinas, da mídia eletrônica,
das drogas, do consumismo impulsivo, do mau gosto comportamental, da banalidade
exibida e outras tantas extravagâncias, como espelhos claros de pais que
relaxam em demorar-se à frente da educação dos próprios filhos.
É óbvio que reencarnação em tais
circunstâncias, embora muito difícil, não é uma penalidade imposta por Deus
como ajuízam alguns, porém tão somente um mecanismo intrínseco de superação da
imperfeição moral do Espírito e um meio forçoso para o progresso. A
reencarnação é indispensável com vistas ao duplo avanço moral e intelectual do
Espírito, considerando o progresso intelectual que se dá através da atividade
obrigatória do trabalho útil e do progresso moral que se realiza pela
necessidade recíproca da prática do bem entre os homens.
Fonte: A Luz na Mente
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