As Mortes Emocionais
Adeilson Salles
O autoextermínio não ocorre de
um momento para o outro.
O suicídio antes de acontecer é
permeado por outras mortes que vão tecendo as malhas depressivas que
gradativamente envolvem o jovem ou o adulto.
Um ato de desespero dessa ordem
vai acontecendo primeiramente na alma do suicida.
Ele vai sepultando suas esperanças
e sendo abatido lentamente por fatores exógenos.
Não temos como sondar o coração
das pessoas, por mais que acreditemos que essa ação devastadora não encontre
explicação, pois muitos julgam esse ato uma atitude covarde.
Frustrações, expectativas,
complexos variados e dificuldades no campo sexual são alguns dos componentes
que enredam a criatura humana em pensamentos suicidas.
Percebe-se com muita clareza que
a alma humana que fundamenta seus valores, apenas nos prazeres medíocres que o
mundo vende não tem estrutura psicológica para se manter equilibrada ante a
gangorra dos ciclos da vida nesses tempos.
O egoísmo entronizado no coração
da mole humana, o hedonismo adotado como pedagogia de vida.
Egoísmo e prazer, fatores de
grande poder de destruição do psiquismo daqueles que não conseguem entender que
a vida primeiramente é tudo aquilo que cultivamos dentro de nós.
Famílias e mais famílias são
arrebatadas pelo tsunami da vida voltada apenas para os valores perecíveis da
matéria. O homem moderno está doente, preso a um padrão comportamental
enfermiço.
É a febre do ter, ter cada vez
mais para preencher a falta de valores que minimamente apascentem as
inquietações do espírito.
Quanto mais a incerteza toma
conta das mentes, mais o vazio cresce e é preciso beber a água da ilusão, que é
salgada e consequentemente não sacia o ser espiritual.
Famílias abastadas onde não
falta absolutamente nada em termos material, veem seus filhos atirarem-se dos
arranha céus num voo que reflete o grande grito de socorro.
A dor interna é tamanha que é
preciso aniquilá-la de qualquer jeito.
Precisamos urgentemente de mais
humanidade entre nós.
Aprender o valor da compaixão,
disseminar o exemplo de ser bom e digno.
Essas ações nascem no coração do
homem a partir dos próprios lares.
A indiferença com o semelhante
desconhecido também mata quando somos ausentes da vida dos que comungam o mesmo
teto que nós.
Todos os dias chegam notícias de
jovens que creem voar para o nada suicidando-se e nesse gesto deixam um rastro
de perplexidade para os que ficam.
É preciso prestar atenção nas
pequenas mortes emocionais que ocorrem ao nosso lado, para prevenir dores
maiores.
O suicídio pode ser evitado,
evitando-se a indiferença com a dor emocional alheia.
O que pode parecer pueril aos
nossos olhos, por vezes é momento devastador na vida dos que convivem conosco.
Nosso amor e compaixão podem
"ressuscitar" corações queridos das imperceptíveis e pequenas mortes
desses tempos de desamor.
muito bom!
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