Ademir Xavier
Pesquisas em reencarnação são
ainda consideradas "temas tabus" entre as linhas acadêmicas,
justamente por implicarem em algo que não está de acordo com o consenso geral
sobre o ser humano e sua existência no mundo, uma criatura que fatalmente morre
e aparentemente desaparece. As diversas áreas da ciência não preveem nenhum
objeto de estudo onde se possa incorporar o assunto "reencarnação",
logo a imensa maioria dos acadêmicos torce o nariz para algo que identificam
como não "científico" e que lhes parece uma ideia excêntrica.
Não se admira assim que relatos e evidências
de reencarnação caiam na categoria de "anomalias". Mas, não é uma
tarefa simples separar o "joio do trigo" em se tratando de qualquer
anomalia, o que se aplica obviamente à reencarnação. Há casos descritos como anomalias que são
prejudiciais a própria tese, por se apresentarem como "anomalias dentro de
anomalias". Naturalmente, essas ocorrências animam céticos que rapidamente
"throw the baby out with the
bathwater"[2]
e invalidam toda a tese com base em alguns casos mais que suspeitos.
Evidências sobre reencarnação como anomalia
têm origem em duas fontes principais:
§
informes de crianças que se lembram de vidas
anteriores e
§
relatos de memórias via regressão hipnótica.
Se o primeiro caso é considerado
bastante forte pelo caráter "acima de qualquer suspeita" dos relatos
infantis, o mesmo não se pode dizer do segundo, onde a total inexistência de
uma "teoria da mente" dificulta separar lembranças de sonhos de
eventuais memórias anteriores, inviabilizando a aceitação das descrições. Além
disso, ocasionalmente, existem relatos excepcionais de adultos que dizem se
recordar de vidas anteriores mesmo em estado de vigília, isto é, sem nenhum
apelo ao hipnotismo ou sonhos.
Tudo isso indica que é preciso
redobrado cuidado por parte daqueles que pretendem "provar" a tese da
reencarnação ‒ ou extrair regras para seu
mecanismo ‒ com base na busca exaustiva e empilhamento sistemático de
casos. Em particular, salta aos olhos a necessidade de se estabelecer métodos
de pesquisa apropriados, de examinar se os dados obtidos são confiáveis e sobre
a consistência metodológica aplicada à pesquisa. Mais ainda, partindo-se de um
contexto ateórico (ou seja, sem a
orientação de uma teoria), é provável que evidências sejam mal interpretadas,
uma vez que já se mostrou a muito que uma evidência é contaminada pela visão
que se tem de seu contexto[3].
O cenário é bastante complicado
porque, como dissemos, inexiste uma "teoria da mente" que permita
estabelecer claramente as origens e as consequências para eventos mentais com
base em evidências colhidas de memórias
de longo prazo sequer dentro de uma existência, quem dirá entre existências.
O caso Ruprecht
Schulz (RS)
Os pesquisadores de reencarnação
mais conhecidos na atualidade são I.
Stevenson (1918-2007) e Jim Tucker.
Entre as inúmeras evidências estudadas por Stevenson, o livro "Casos
Europeus"[4] descreve
ocorrências tiradas de relatos não orientais, numa tentativa por Stevenson de
mostrar que a reencarnação é um fenômeno "universal"[5].
Em particular, nessa obra existe um caso que
exorbita dos relatos quase uniformes de crianças que se lembram de vidas
anteriores. Trata-se do caso “Ruprecht Schulz"[6]
que está longamente descrito no livro. Aqui apresentamos um resumo por
simplicidade e destacamos os prontos problemáticos do caso.
Ruprecht Schulz, nascido em
Berlim, a 19/10/1887, comerciante, declarou a I. Stevenson, em entrevista feita
em agosto de 1960, ter tido memórias (ver abaixo) de uma vida pregressa por
volta do início da década de 1940 (início da II Guerra Mundial). Nessa
descrição, via-se como um rico comerciante, ligado a atividades portuárias, que
cometeu suicídio. A força dessas lembranças fez RS escrever a diversas cidades
portuárias da Alemanha, a partir de julho de 1952. Uma resposta veio da cidade
de Wilhelmshaven afirmando ter sido palco do suicídio de um tal Helmut Kohler
(HK), corretor marítimo, em 23/11/1887. Segundo informações colidas por RS com
parentes de HK, este teria se suicidado depois de se ver em condições
econômicas difíceis e de ter sido roubado por um funcionário mais próximo que
fugiu para os Estados Unidos.
As informações tabuladas por
Stevenson nas páginas 272-274 de (4) são parte de um relatório construído
parcialmente com as informações que RS conseguiu de Wilhelmshaven, quando ele
já estava com mais de 50 anos de idade. O que chama a atenção no caso RS é a
inconsistência entre a data do suicídio de HK e o nascimento de RS, indicando
uma aparente violação da relação "causa efeito" ‒ a personalidade
anterior ainda estava encarnada quando seu novo corpo já vivia em outro lugar.
Natureza peculiar das
"memórias" de RS.
Longe do problema das datas, o
que mais me chamou a atenção no caso RS é o caráter muito especial de suas
memórias. O que se espera de alguém que se lembre de sua vida passada? Que suas
memórias ‒ se se referem realmente a algo experimentado ‒ acompanhem o sujeito
e não dependam de onde ele se encontra. Mas isso não aconteceu com RS.
Antes, porém, consideremos como
RS descreve suas "memórias". Na p. 266, no final de sua descrição de
como teria se vestido e se matado ele afirma: "Podem chamar essas imagens
de clarividência, mas para mim elas são lembranças". (grifos nossos)
RS parece confundir lembranças
com visão de imagens, pois, no meio da descrição declara: "O sentimento
foi ficando mais forte e então ‒ não em um transe ou estado de sono ‒ como algo
quase visível aos olhos, pude me observar como eu naquela época." (grifos
meus)
Tomando com base que ele não
tenha inventado nada, sua descrição aparentemente em terceira pessoa não deixa
dúvidas que ele teve uma "visão". E mais ainda, essa visão apenas
ocorria se ele estivesse em contato com determinado ambiente. Conforme atestam
as anotações de I. Stevenson sobre as memórias de RS, em 2 de maio de 1964 (p.
266 e 267): "Ele nunca as tinha a não ser quando estava no escritório
durante o seu turno aos domingos. Estava completamente acordado nessas vezes.
Ele experimentou novamente as emoções da situação lembrada e viu as lembranças
como uma imagem interior, não como uma visão projetada." (Grifos meus)
Depois enfatizar que RS não
estaria em um estado "alterado" de consciência, Stevenson parece ter
"reinterpretado" a descrição ao anotar que o sujeito "via
lembranças como uma imagem interior" (admitindo nenhum erro de tradução em
relação ao original). Esse ponto é de fundamental importância, pois fica clara
aqui o papel das ideias preconcebidas do pesquisador. Por que é importante
afirmar que RS teve as "lembranças" em estado de vigília? A razão é
simples: Stevenson (e provavelmente RS) acreditava que lembranças comuns só
podem ocorrer se o sujeito não estiver em "estado alterado de
consciência" (leia-se, "mediunidade" ou "hipnotismo").
Mas seria esse o caso? O
Espiritismo abre um leque grande de possibilidades. Primeiro porque não se pode
afirmar absolutamente o caráter "normal" da consciência de RS uma vez
excitada por certos detalhes do ambiente.
Ao contrário, o fato do "fenômeno" apenas ocorrer quando em
contato com certo objetos, cria fortemente a impressão de mudança desse estado.
Depois porque acessar as lembranças como algo "quase visível aos
olhos" permite inúmeras interpretações dentro da fenomenologia mediúnica.
Finalmente, a exigência de "estado alterado" não é condição sequer
necessária para a mediunidade ou "obtenção de informação anômala". Em
"O Livro dos Médiuns", II Parte, Capítulo 15, Parágrafo 182,
"Médiuns inspirados", podemos ler:
“Todo aquele que, tanto no
estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações
estranhas às suas ideias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos
médiuns inspirados. Estes, como se vê, formam uma variedade da mediunidade
intuitiva, com a diferença de que a intervenção de uma força oculta é aí muito
menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o
pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o que, sobretudo,
caracteriza o pensamento deste último gênero”. (grifos nossos)
São registradas descrições de
"sensitivos", com variados graus de faculdade, que podem "ver
imagens" ao contato com objetos, inclusive tendo sensações relacionadas
aos envolvidos na "cena" (o que implica em algum grau de
"psicometria"). Contra isso seria possível antepor o argumento de que
RS não era médium ou não teria manifestado nenhum tipo de mediunidade em sua
vida (o que também é avançado por Stevenson). Mas isso se fundamenta exclusivamente
na palavra do sujeito como o próprio Stevenson reconhece (ver abaixo). Ou de
outra forma, é possível que RS tivesse tido outras experiências
"anômalas" em sua vida, mas deixou-se influenciar por aquela que mais
lhe atraiu dentro de sua crença em reencarnação.
De qualquer forma, estamos
diante de um problema metodológico que depende da existência de outra teoria
sobre memórias e visões. Stevenson desprezou certos detalhes que a ele não
pareciam relevantes, mas que, na verdade, são cruciais para determinar a
"origem" das informações.
Inconsistências em
algumas afirmações
Parece que Stevenson deixou de
considerar a consistência entre os relatos dispersos como declarados por RS.
Por exemplo, na p. 2654 (edição em Português), podemos ler a
declaração dada por RS a Stevenson em 1960: "As memórias começaram a
surgir para mim na época dos ataques de bombardeios em Berlim durante a guerra".
De acordo com Stevenson, RS cita
a data de 1942, quando ele estaria com mais de 50 anos. Porém, na p. 268 da
mesma referência, há a citação de uma carta de RS ao filho de Kohler (datada de
1952), dizendo que suas lembranças começaram na infância, "desde muito
novo". Qual das versões corresponde ao que teria acontecido?
Com relação às memórias
alegadamente atribuídas à infância, elas podem ter sido criadas à posteriori,
depois que RS se convenceu que era mesmo a reencarnação de HK. Por exemplo,
sobre a cidade de sua alegada desencarnação, RS afirma na carta "me
pareceu mais tarde e mais claramente, que essa cidade era Wilhelmshaven"
(ainda na p. 268). Só que, segundo Stevenson (conforme está na p. 263), ele
apenas tivera a impressão de que sua suposta vida anterior teria sido em
"uma pequena cidade portuária", tendo escrito para várias cidades
(existiam poucas "pequenas cidades portuárias" na Alemanha no final
do Século XIX, e teria sido óbvio incluir Wilhelmshaven). De qualquer forma, o
caso RS, no quesito "memória", é muito diferente se comparado a
outros estudados por Stevenson.
Wilhelmshaven, cidade da suposta
vida anterior de RS. Nela, RS afirmou ter "reconhecido" prédios (de
sua vida no Séc. XIX), mesmo tendo sido destruída na II Guerra Mundial.
Outras afirmações de RS aceitas
sem contestação por Stevenson é o "reconhecimento" de prédios em
Wilhemlshaven: “Em outubro de 1956, Ruprecht e Emma Schulz foram até
Wilhelmshaven, onde se encontraram com Ludwig Kohler. A cidade tinha sido muito
danificada pelos bombardeios durante a então recente guerra. Ruprect acreditou
reconhecer a Prefeitura e um antigo arco”.
Sem que se garanta que as construções
"reconhecidas" por RS tenham sido reconstruídas, é difícil acreditar
que isso pudesse acontecer com um cenário que foi destruído com a guerra. Com
relação ao seu comportamento "ex- suicida" de infância, o caso se
contamina pela ausência de "comprovações" (como Stevenson tipicamente
insiste em outros casos) por parte de terceiros já que, segundo o pesquisador
(p. 277): "Ruprecht permanece quase que totalmente o único informante das
declarações antes de elas serem confirmadas" (grifos nossos).
O problema da quebra
da relação "causa-efeito"
No nosso entendimento, o
problema teórico mais grave levantado pelo caso RS é a aparente quebra de
causalidade no relaxamento da relação entre Espírito e seu corpo por uma
questão de problema de data. Vê-se que essas extrapolações levam a imaginar que
um Espírito possa reencarnar nos moldes de uma "possessão", depois
que seu outro corpo já esteja formado e vivo.
Existem três caminhos ilógicos possíveis :
1.
Aceitar isso como
uma possibilidade "de fato", o que implica em acreditar em que até o
momento da "possessão", o corpo existente tenha vida meramente
material ou;
2.
Imaginar algum
cenário mais exótico (e, por isso, esdrúxulo) de "quebra de
causalidade" (tipo "viagem no tempo"). Incluo essa consideração
aqui, pois acho difícil que alguém não tente "salvar as aparências"
com explicações desse tipo.
3.
"Divisão do
Espírito". Durante as cinco semanas que separam o nascimento de RS e a
desencarnação de HK, o Espírito de HK estaria ao mesmo tempo reencarnado em
dois corpos (!)
Então, o preço a se pagar por
aceitar o caso RS como reencarnação é relaxar a coerência e lógica da ideia das
vidas sucessivas, com prejuízo grande para toda a tese e reforço considerável
das explicações céticas. Seria realmente esse o caso?
Nossas conclusões
1.
Tão só com base
nos relatos levantados por I. Stevenson, não é possível afirmar a identificação
de HK como a reencarnação anterior de RS;
2.
Isso é, de fato,
manifestado por Stevenson, que classifica seus casos como "sugestivos",
dentro de sua prudência acadêmica;
3.
Ao contrário, a
impressão que temos é de 'algo faltando' no caso, possivelmente associado às
alegadas "memórias" de RS que mais se parecem com "visões";
4.
O maior problema
do caso RS é a caracterização de suas "memórias". Por dependerem de
um "lugar" e "horário", é provável que estejam associadas à
informação externa que lhe foi passada por outro agente "psíquico";
5.
É provável que o
caso RS tenha sido interpretado forçadamente por Stevenson como de
reencarnação. Stevenson chega a falar em um dos mais "fortes" que
investigou, a despeito da marcante diferença na maneira como as
"evidências" foram obtidas, na inconsistência nas datas e do tipo de
relato feito por RS;
6.
Por que Stevenson
teria feito isso? Aventamos a hipótese de que ele não quisesse descartar ‒
segundo sua abordagem ‒ casos europeus, que se mostraram escassos frente aos
orientais. A busca por tais casos era uma questão "de honra" para
Stevenson, que enfrentou heroicamente ataques do ceticismo. Ou, de outra forma,
é provável que, no contexto oriental, algo parecido ao caso RS tivesse sido
facilmente descartado por Stevenson;
7.
A data de
nascimento do suposto reencarnante é anterior à desencarnação da personalidade
pregressa. Isso constitui uma contradição à lei de causa e efeito e cria uma
anomalia dentro de outra que é facilmente explorada (com razão) por céticos;
8.
Por uma questão
de consistência com todos os outros casos e como resultado lógico da
"conservação" da personalidade em outro corpo, não faz sentido
sustentar uma "hipótese ad-hoc"[7]
que permita ao Espírito desencarnar tempo depois que seu "corpo
físico" esteja vivo ou coisa ainda mais fantástica. Stevenson não se
preocupou muito com essas consequências e isso faz eco com outras críticas
(céticas) às conclusões de Stevenson;
9.
A
"força" desse caso é maior para crentes que colocam fatos mal
interpretados acima da importância da teoria e sua consistência interna;
10.
A suposto
reencarnante não teve sequelas do suicídio: indiretamente isso cria um problema
na aceitação do método de Stevenson porque ele mesmo descreve casos em que
mínimas marcas de nascença seriam provocadas por agressões físicas no corpo do
indivíduo no instante da morte. Stevenson considera a existência dessas marcas
importantes sinais de validação de seu método. Se uma agressão compulsória pode
deixar uma marca, como é possível um caso em que o suposto reencarnante tenha
se matado com um tiro na cabeça e não tenha nenhuma marca, mas apenas
lembranças que se parecem com "visões"?
11.
Uma vez aceito o
caso RS, resta evidente questionar todos os outros em que marcas de nascença
são observadas, já que, se inexiste relação "causa-efeito" em apenas
um caso, fica fácil desqualificar essa necessidade nos outros;
12.
Outras causas
podem ter sido responsáveis pelas "visões" alegadas por RS e
associadas a suas lembranças posteriormente.
Com a confirmação dessas visões, RS conseguiu levantar uma personalidade
equivalente em sua busca obsessiva (quiçá impulsionada por essas causas), que
deu origem a todas as outras "evidências" que Stevenson ressalta a
apoiar o caso;
13.
O caso RS
ressalta a importância de uma teoria que integre tanto informações de fatos
históricos associados a existências anteriores como memórias em diversos
estados da consciência. A pesquisa da reencarnação não terá êxito se
desacompanhada de considerações sobre a fenomenologia psíquica, que representa
outra fonte para a aquisição "anômala" de informação.
[2] "Jogam o bebê fora junto com a água do
banho".
[3] Fácil entender isso. Para um cético, alguém que afirme
ter uma vida anterior será interpretado como doente mental, seus sonhos como
criações da fantasia etc. Como se vê neste post, a interpretação de qualquer
relato como "prova" de vida anterior não considera a possibilidade de
a informação anômala ter sido obtida por outras vias psíquicas, que não a da
memória propriamente dita. Isso só é possível se se dispuser de uma teoria
abrangente, que permita separar os fatos em categorias que devem ser, elas
próprias, previstas na teoria.
[4] Stevenson, I. (2003). European cases of the
reincarnation type. McFarland. No Brasil,
há uma edição traduzida desse livro com o título "Casos Europeus de
Reencarnação". Ed. Vida e Consciência. 1a, Edição, 2010. No que é citado
neste post, seguimos a versão em Português.
[5] Uma das críticas levantadas contra a ideia de
reencarnação com base em evidência de fatos é o número muito grande de casos
(de crianças) em países que aceitam tacitamente a noção como a Índia. Críticos
levantaram a hipótese de uma raiz "cultural" para o fenômeno, o que
reduziria sua importância como evidência.
[6] Semkiw W. "Past Life Story with Suicide, Karma
and Past Life Ability. Reincarnation Case
of Helmut Kohler/Ruprecht Schultz". Página IISIS. (acesso em março de
2016).
[7] Uma "hipótese ad-hoc" é uma explicação criada
com um determinado objetivo. No caso aqui, aceitar a possibilidade de que o
Espírito possa ter um corpo em outro lugar enquanto ainda não desencarnado é
uma explicação criada para "salvar as aparências" ou acomodar os
dados disponíveis com a tese principal.
O que supostamente dizem "os fatos", interpretados de acordo
com determinados pressupostos e sob risco de falhas (erro de data, falsas
memórias etc.), é salvo pela adoção da hipótese.
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