Valentim Fernandes[2]
Natural que no momento difícil
que estamos vivendo, aumente a procura por mensagens espíritas que possam
trazer algum alento para as criaturas.
E é nesse contexto, de dúvidas e
incertezas, que surge uma série de mensagens assinadas por Espíritos cujos
nomes são respeitáveis no movimento espírita. Porém é nesta hora também que
devemos estar muito atentos com as mistificações de médiuns e de Espíritos que
se aproveitam da credulidade das pessoas para se passarem por veneráveis, com
recomendações, ora repetitivas, ora esdrúxulas, que não acrescentam
absolutamente nada.
Diz Kardec no item nº 255 de O Livro dos Médiuns:
"A questão da identidade
dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do
Espiritismo. Porque os Espíritos, de fato, não trazem nenhum documento de
identificação e sabe-se com que facilidade alguns deles usam nomes
emprestados".
Diz ele ainda, mais adiante, no
mesmo item, que a questão se torna mais complexa quando temos de comprovar a
identidade de Espíritos de personalidades antigas, o que muitas vezes é
impossível.
De modo geral devemos avaliar os
Espíritos como avaliamos os homens: pela sua linguagem, estilo, tendências
morais, atos, pelos conselhos dados etc.. Desde que o Espírito só diga coisas
boas e proveitosas, pouco importa o seu nome. É como nos disse Jesus:
"Porque não é boa árvore a que dá maus frutos, nem má árvore a que dá bons
frutos. Porquanto cada árvore é conhecida pelo seu fruto [3]". Isso se aplica a encarnados e desencarnados,
médiuns e Espíritos. Entre as comunicações espíritas no último capítulo de
"O Livro dos Médiuns",
(XXXI), temos alguns exemplos dados por Allan Kardec de mensagens consideradas
apócrifas, que é algo escrito sobre o que não se tem a certeza da autoria ou
cuja autenticidade não pode ser comprovada.
“Há muitas vezes comunicações de
tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes os mais respeitáveis, que o
mais vulgar bom-senso demonstra a sua falsidade. Mas há aquelas em que o erro é
disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes
que se faça a distinção à primeira vista. Mas elas não resistem a um exame
sério”.
Em síntese, Kardec apresenta no
item 267 de "O Livro dos Médiuns",
vinte e seis princípios que nos auxiliam a reconhecer a identidade e qualidade
dos Espíritos. Vejamos alguns:
§ Não
há outro critério para discernir o valor dos Espíritos, senão o bom-senso;
§ Julgamos
os Espíritos pela sua linguagem e pelas suas ações;
§ A
linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre, sem nenhuma
mistura de trivialidade;
§ A
linguagem dos Espíritos elevados é sempre idêntica, senão quanto à forma, pelo
menos quanto à substância. As ideias são as mesmas, sejam quais forem o tempo e
o lugar;
§ Os
Espíritos bons só dizem o que sabem, calando-se ou confessando a sua ignorância
sobre o que não sabem;
§ Os
Espíritos levianos são ainda reconhecidos pela facilidade com que predizem o
futuro e se referem com precisão a fatos materiais que não podemos conhecer;
§ Os
Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade. Seu
estilo é conciso, sem excluir a poesia das ideias e das expressões;
§ Os
Espíritos bons não fazem lisonjas. Aprovam o bem que se faz, mas sempre de
maneira prudente;
§ Os
Espíritos superiores mantêm-se, em todas as coisas, acima das puerilidades
formais. Os Espíritos vulgares são os únicos que podem dar importância a
detalhes mesquinhos, incompatíveis com as ideias verdadeiramente elevadas.
Outras
recomendações poderiam ser citadas, porém estas já são suficientes às nossas
reflexões.
Com certeza os Espíritos
superiores se preocupam com o estado atual das coisas, mas de forma alguma
estariam disseminando o medo, a desesperança, e tampouco se comportando como se
estivessem em um palanque político.
Sábias as recomendações de
Kardec: Devemos igualmente desconfiar dos
Espíritos que se apresentam com muita facilidade usando nomes bastante
venerados e só com muita reserva aceitar o que dizem. (O Livro dos Médiuns,
item 267)
[2] Valentim Fernandes é dirigente e expositor espírita na
cidade de Matão - SP.
[3] Lucas, VI: 43 e 44.
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