Jorge Hessen
O Ministério da Saúde promulgou
a admissão de determinadas “terapias alternativas” ao Sistema Único de Saúde
(SUS), dentre as quais a terapia por imposição de mãos (seria o Reiki oriundo
do vitalismo, criado em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui? Ou seria
apenas a imposição de mãos sem apelo “religioso” e configurando apenas
transfusão magnética tal como ocorre nas casas espíritas? Seriam os dois?
Além da tal imposição de mãos, o
SUS também vai bancar tratamentos alternativos como apiterapia, aromaterapia,
bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, geoterapia, hipnoterapia,
ozonioterapia e terapia de florais. Esses procedimentos são chamados de
Práticas Integrativas e Complementares (Pics), pois utilizam recursos
terapêuticos baseados em tradições populares, voltados para “curar” e prevenir
algumas supostas doenças.
Sobre as tais “imposições das
mãos”, será que é fator alvissareiro, será que poderá abrir as portas laicas e
as mentes para a realidade inquestionável da força do chamado “passe espírita”
ou melhor do passe gerido pelos Espíritos? Ou será que uma prática tão sublime
será banalizada?
O que podemos ponderar sobre tal
complexo assunto?
Uma questão subjacente que deve
ser abordada com muito cuidado é justamente o gerenciamento dos agentes dessas
“terapias alternativas”, isto é, como escolher e nomear esses “profissionais”?
Não se pode perder de vista que tais terapias serão aplicadas por
“especialistas” contratados, portanto serão “profissionais” devidamente
assalariados para tal função! Diante disso, considerando que haja passista
espírita entre os terapeutas, respeitando os preceitos cristãos, recomendamos o
alerta ‒ “dai de graça o que de graça recebestes[2]”.
Sobre esse assunto já li
sugestões charmosas e outras um tanto quanto absurdas. Uma delas seria a
possibilidade dos centros espíritas oferecerem os serviços de passes
gratuitamente nas unidades do SUS. Mas, há os incautos que insinuam a
destinação do eventual salário aos profissionais para as instituições
beneficentes e/ou espíritas. Ora isto seria um abjeto comércio dos dons
mediúnicos. Recordemos que todo serviço espiritual gratuito é padrão da
legítima prática espírita.
Ante esse panorama que está
sendo construído na área de saúde pública, certamente haverá “espíritas” que desculparão
a própria consciência nutrindo o subterfúgio de que aplicar passe e ser
remunerado pelo SUS não é comerciar a caridade do passe. Possivelmente haverá
esvaziamento da voluntária doação gratuita do passe nas casas espíritas, pois
os passistas “desempregados” estarão disputando vagas no SUS. E se forem
contratados, na melhor das hipóteses, estarão cansados à noite para a tarefa
espírita. Ou, ainda, na pior das hipóteses, poderão disputar parte do valor que
deverá ser revertido a eles próprios que também têm dificuldade financeira.
Sabemos que há alguns hospitais
que ainda não consentem a aplicação de passes quando confrades espíritas
visitam os enfermos nas enfermarias. Talvez proíbam por prevenção ideológica ou
preconceito médico e ou religioso. Seguramente, diante dessa nova norma do
governo, creio que essa oposição poderá ser atenuada. Ou por outro lado, talvez
o empecilho aumente, pois, considerando que o serviço será remunerado (pelo
SUS), não será fácil convencer que “passistas” profissionais não terão a ideia
brilhante de entrar na justiça do trabalho pedindo vínculo empregatício com os
hospitais que permitirem o gesto “caridoso”. Tudo é possível. O tema é complexo
e vai muito além do que talvez estejamos avistando.
Quem sabe a ação constituída
pela chamada liderança espírita junto ao governo seja oportuna nesta
circunstância. Afinal de contas o atual governo está bradando por terapêuticas
alternativas pelo SUS. Diante de tal desafio, será que o espírita terá
capacidade de aprovisionar, de graça, e com preparação organizada dos passistas
a fim de formalizar as normas oficiais de procedimento sob o princípio do
voluntariado perante os hospitais?
Fonte: A Luz na Mente
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