quarta-feira, 14 de março de 2018

Manchas genéticas, perispírito, causa e efeito e reencarnação[1]

 Brooke Greenberg

Jorge Hessen

 Apesar de ter nascido em 1993, Brooke Greenberg não envelheceu, não conseguia se alimentar, nem andar sozinha e nem falar. Tinha o tamanho e a capacidade mental de uma criança. O curioso é que continuava a ter os mesmos dentes de quando era, de fato, um bebê. Nunca foi diagnosticada como portadora de qualquer síndrome genética conhecida ou anomalia cromossômica que pudessem ajudar a explicar o motivo de ela não ter crescido. Mesmo um estudo do seu DNA não foi capaz de especificar o motivo pelo qual ela permaneceu a ter corpo e aparência de uma criança, até sua desencarnação em 2013.
 Alguns especialistas buscam descobrir algumas explicações sobre o seu não envelhecimento. Para Richard Walker, da Faculdade de Medicina da Universidade do Sul da Flórida, em Tampa, o corpo de Brooke não tinha um desenvolvimento coordenado. É como se ele estivesse fora de sincronia. Prova disso é a sua idade óssea, quando desencarnou, estimada em 10 anos. Em seus primeiros seis anos de vida, Brooke passou por uma série de emergências médicas e sobreviveu a todas. Teve sete úlceras estomacais, convulsão cerebral que foi diagnosticada como um acidente vascular cerebral, sem dano aparente. Aos 4 anos de idade, Brooke caiu em uma letargia que a levou a dormir por 14 dias. Médicos, então, diagnosticaram um tumor cerebral. Brooke frequentou uma escola para crianças com necessidades especiais e permaneceu congelada na infância mais absoluta.
 Caso semelhante é o de Suraya Brown, conhecida como "a menina que se nega a crescer". Com mais de dez anos de idade, ela pesa hoje 7 quilos, o que seria normal para uma criança de 3 anos. Radiografias ósseas revelaram anormalidades, porém uma prova genética para uma rara doença de nanismo, denominada Síndrome de Silver-Rusell, resultou negativa, bem como outras formas de nanismo que também foram descartadas. 


Suraya Brown



 Brooke e Brown são casos extremamente raros. Os fatos nos levam à reflexão sobre a estrutura funcional do perispírito, a Lei da Causa e Efeito, a reencarnação, o suicídio, entre outros temas que a Doutrina Espírita explica prudentemente.

 A propósito, sobre a tese reencarnacionista
A Word Christian Enciclopédia informa que os “500 pesquisadores e 121 consultores, depois de visitarem 212 países, concluíram, em 100 relatórios, que, no ano de 2000, a população da Terra alcançaria mais de 6 bilhões de habitantes e que 2/3 dessa população, isto é, cerca de 4 bilhões  de pessoas, teriam ideias reencarnacionistas”[2].
 Sobre a questão da pluralidade das existências, a rigor, antes de reencarnarmos, examinando as próprias necessidades de aperfeiçoamento moral, muitas vezes solicitamos a limitação física na nova experiência carnal, para que essa condição nos induza à elevação de sentimentos. Solicitamos aos Benfeitores a enfermidade capaz de educar os impulsos; essa ou aquela lesão física que nos exercite a disciplina; determinada mutilação que nos iniba o arrastamento à agressividade exagerada; o complexo psicológico que nos remova as ideias inferiores etc.
 É a coerência da justiça ante a Lei da Reencarnação e do Princípio de Causa e Efeito. Na verdade, já vivemos, na Terra ou em outros orbes, inúmeras vezes e trazemos gravados, no tecido sutil do psicossoma, os registros de nossas aquisições e desatinos anteriores, quais fulcros energéticos em núcleos de potenciação, e, no momento da ligação do perispírito ao zigoto, espelhamos, nesse corpo celular, o coeficiente do nosso estágio moral. Portanto, nosso estado moral é que determinará os renascimentos com anomalias congênitas ou não.
 As malformações congênitas são extremamente variáveis tanto no tipo quanto no mecanismo causal, mas todas surgem de um transtorno do desenvolvimento durante a vida fetal. Há anomalias bioquímicas que se manifestam no nascimento ou no período neonatal e são tidas como defeitos de nascimento  (birth defect), muito embora não estejam associados a uma malformação atual. Uma criança poderá ser malformada porque a sua programação genética foi imperfeita, ou porque fatores ambientais alteraram o trabalho de formação, ou, ainda, pela existência simultânea das duas coisas.
 Por esse motivo, as malformações são classificadas em três grandes grupos: de causa genética, de causa ambiental e de causa multifatorial. As primeiras são hereditárias e podem repetir-se na família; as segundas ocorrem esporadicamente, e as últimas são como que uma situação intermediária entre as duas.

 Perispírito , quartel-general das enfermidades
 As raízes de quaisquer patologias têm suas bases na estrutura perispirítica. Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer nos seus centros vitais as disfunções latentes, adquiridas nesta ou noutras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, virão à tona no corpo físico, sob a forma de variadas síndromes mais ou menos graves, conforme a extensão da lesão e a posição mental do devedor.
 Somos herdeiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. A conta do destino, criada por nós mesmos, está impressa no corpo psicossomático. Esses registros fluem para o corpo físico e culminam por determinar o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais.
 Só o reconhecimento acadêmico, no futuro, da primazia do espírito sobre a matéria, associada ao princípio reencarnacionista, isto é, a integração da herança espiritual à hereditariedade genética, comandada pelo espírito, via perispírito, regida pela Lei de Causa e Efeito, é que permitirá que se identifiquem, no espírito imortal, as causas verdadeiras dos desequilíbrios que eclodem no corpo físico sob aspectos de variadas síndromes, incluindo-se os distúrbios psicológicos.

 Livre-arbítrio e compulsoriedade da lei
 A questão 335 de O Livro dos Espíritos consigna que, além do gênero de vida que lhe deve servir de prova, o espírito pode, também, escolher o corpo, porque as imperfeições deste são, para ele, provas que ajudam o seu progresso, se vence os obstáculos que nele encontra[3]. Porém, a escolha não depende sempre dele. Quando o espírito é deficitário, moralmente, ou não tem aptidão para fazer uma escolha com conhecimento de causa, Deus lhe impõe experiências como instrumento de expiação.
 A Lei de Causa e Efeito regula os nossos atos, as nossas ações e os nossos pensamentos. É por meio da pluralidade das existências que o Espiritismo nos ensina que os males e aflições por nós sofridos são provacionais ou expiatórios e sofremos na vida presente as consequências das faltas que cometemos em existência anterior.
 De tal modo, até que tenhamos quitado a última dívida de nossas imperfeições com a nossa própria consciência, vamos prosseguir na sequência de nossas reencarnações, vida após vida, na Terra ou em outro orbe, a fim de alcançarmos a plenitude da luz. “Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há nenhuma delas, por mais insignificante que nos pareçam, que não possa ser uma violação dessas leis. Se sofremos as consequências dessa violação, não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que nos fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade futura[4]”.
 Pela   Lei de Causa e Efeito que está registrada na própria consciência, o homem pode compreender a causa de seus sofrimentos e de todo o mal que aflige a humanidade, e pode acima de tudo conhecer e amar um Deus interior justo e racional, que dá a cada um segundo suas obras.





[2] Word Christian Enciclopédia, da Igreja Anglicana da Inglaterra, editada pela Universidade de Oxford (Time-Life nº 18).
[3] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed. FEB, 1992, perg. 335.
[4] Idem perg. 964.

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