segunda-feira, 12 de março de 2018

LÉON DENIS[1]



Nascido a 1º de janeiro de 1846, em Foug, pequena localidade da circunscrição de Toul, Departamento de Meurthe-et-Moselle, na antiga província francesa de Lorena. Desencarnou a 12 de abril de 1927, na cidade de Tours.
Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Allan Kardec. Podemos afiançar mesmo que constitui tarefa sumamente difícil tentar biografar essa grande vida, dada a magnitude de sua missão terrena, na qual não sabemos o que mais salientar: a sua personalidade contagiante, o bom senso de que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus semelhantes e o acendrado amor que devotava aos ideais que esposava.
A sua bibliografia é bastante vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas, e das quais mencionamos alguns títulos: "Depois da Morte", "Cristianismo e Espiritismo", "No Invisível", "O Problema do Ser, do Destino e da Dor", "Provas Experimentais da Sobrevivência", "Joana D'Arc Médium", "O Porquê da Vida", "O Grande Enigma", “Socialismo e Espiritismo”, “O Gênio Celta e o Mundo Invisível” e muitas outras.
Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspecto filosófico da Doutrina Espírita, pois, as suas obras de um modo geral focalizam numerosos problemas que assolam os homens, e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo.
Léon Denis imortalizou-se na gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas luzes sobre a problemática das tribulações terrenas; deixou de lado os conceitos até então prevalecentes para apresentá-la aureolada de ensinamentos altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos Espíritos.
Ainda bastante jovem, com apenas 18 anos de idade, Denis foi despertado para as maravilhas do Espiritismo. Dedicando-se ao estudo mais aprofundado dessa doutrina, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na abordagem do seu aspecto filosófico. Ele jamais esmoreceu, pois, sendo um homem dotado de notável operosidade, trabalhou até os últimos minutos de sua profícua existência terrena. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse campo, também deu a sua contribuição valiosa na abordagem e estudo de assuntos históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclarecer as origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de Joana D'Arc, a grande médium francesa. Seu estudos não pararam aí, ele preocupou-se sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos.
Durante toda a sua vida, também bastante atribulada, ele jamais deixou de escrever, de falar, de propagar, de exemplificar aquilo que ensinava, tornando-se assim verdadeiro exemplo vivo de trabalho, de perseverança e de dedicação a uma causa nobre e altamente benéfica para a Humanidade.
Dentre as suas múltiplas ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espiritista Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de dirigir, durante largos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade francesa de Tours.
A sua atuação no seio do Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec. Enquanto o Codificador exerceu suas nobilitantes atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província.
A sua inusitada capacidade intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais, fizeram com que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contato com o Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a plêiade de Espíritos que tinha por incumbência o êxito de processo de revelação do Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita.
Enquanto Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo, Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se como conferencista e escritor de renome, tornando-se figura exponencial no campo da divulgação doutrinária do Espiritismo.
Denis possuía uma inteligência robusta, era um Espírito preclaro, grande orador e escritor, desfrutando de apreciável grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo Gabriel Gobron: "Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas, sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória".
Denis jamais cursou uma academia oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heroicas ensinam a verdadeira sabedoria, por isso dizia sempre: "Os que não conhecem dessas lições, ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida". Com o concurso de sua inteligência invulgar, furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela, pois em sua opinião era difícil acumular egoisticamente para si, aquilo que ele recebia para repartir com os seus semelhantes.
Ele sabia distribuir as moedas que amealhava, no entanto, preocupava-se mais em espargir as palavras de ouro, adequadas para cada oportunidade, soerguendo os abatidos, estimulando os fracos, levantando a fé daqueles que a tinham titubeado e predispunha os fortes para a luta em favor do aprimoramento moral e intelectual.
Com idade bastante avançada, cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder. Apesar de todas essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso.
Desde as primeiras horas da manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das inúmeras sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse, ali davam-lhe sempre o lugar de maior destaque.
Léon Denis trabalhava arduamente na compilação do seu novo livro "O Gênio Celta e o Mundo Invisível", quando foi acometido de violenta pneumonia que o prostrou. Mesmo enfermo, com a cooperação de duas secretárias afeiçoadas, após estafante e persistente trabalho conseguiu ver revisadas todas as provas, insistindo para que as secretárias continuassem a fim de terminar a "Biografia de Allan Kardec", o que, aliás, não chegou a concretizar, dado o seu lamentável estado de saúde.
No dia 12 de abril de 1927, às 9 horas da manhã, seu Espírito iluminado partia para as regiões sublimadas da Espiritualidade, após ter-se convertido em verdadeira bandeira para os ideais espíritas e centro de atenções dos espíritas que tomavam parte nos Congressos Internacionais de Espiritismo e outros certames.




[1] Personagens do Espiritismo - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy

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