Nascido a 1º de janeiro de 1846,
em Foug, pequena localidade da circunscrição de Toul, Departamento de
Meurthe-et-Moselle, na antiga província francesa de Lorena. Desencarnou a 12 de
abril de 1927, na cidade de Tours.
Dentre os grandes apóstolos do
Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda
especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Allan
Kardec. Podemos afiançar mesmo que constitui tarefa sumamente difícil tentar
biografar essa grande vida, dada a magnitude de sua missão terrena, na qual não
sabemos o que mais salientar: a sua personalidade contagiante, o bom senso de
que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus
semelhantes e o acendrado amor que devotava aos ideais que esposava.
A sua bibliografia é bastante
vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas,
e das quais mencionamos alguns títulos: "Depois da Morte",
"Cristianismo e Espiritismo", "No Invisível", "O
Problema do Ser, do Destino e da Dor", "Provas Experimentais da
Sobrevivência", "Joana D'Arc Médium", "O Porquê da
Vida", "O Grande Enigma", “Socialismo e Espiritismo”, “O Gênio
Celta e o Mundo Invisível” e muitas outras.
Deve-se a ele a oportunidade
ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspecto
filosófico da Doutrina Espírita, pois, as suas obras de um modo geral focalizam
numerosos problemas que assolam os homens, e também a sempre momentosa questão
da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo.
Léon Denis imortalizou-se na
gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os
seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas
luzes sobre a problemática das tribulações terrenas; deixou de lado os
conceitos até então prevalecentes para apresentá-la aureolada de ensinamentos
altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos
Espíritos.
Ainda bastante jovem, com apenas
18 anos de idade, Denis foi despertado para as maravilhas do Espiritismo.
Dedicando-se ao estudo mais aprofundado dessa doutrina, em seu tríplice aspecto
de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na
abordagem do seu aspecto filosófico. Ele jamais esmoreceu, pois, sendo um homem
dotado de notável operosidade, trabalhou até os últimos minutos de sua profícua
existência terrena. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse
campo, também deu a sua contribuição valiosa na abordagem e estudo de assuntos
históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclarecer as
origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de
Joana D'Arc, a grande médium francesa. Seu estudos não pararam aí, ele preocupou-se
sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através
dos tempos.
Durante toda a sua vida, também
bastante atribulada, ele jamais deixou de escrever, de falar, de propagar, de
exemplificar aquilo que ensinava, tornando-se assim verdadeiro exemplo vivo de
trabalho, de perseverança e de dedicação a uma causa nobre e altamente benéfica
para a Humanidade.
Dentre as suas múltiplas
ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário
da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espiritista
Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de
dirigir, durante largos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade
francesa de Tours.
A sua atuação no seio do
Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec.
Enquanto o Codificador exerceu suas nobilitantes atividades na própria capital
francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província.
A sua inusitada capacidade
intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais, fizeram com
que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da
cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o
ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contato com o
Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a plêiade
de Espíritos que tinha por incumbência o êxito de processo de revelação do
Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária a fim de
que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita.
Enquanto Kardec se destacou como
uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e
nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo,
Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na
pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se
como conferencista e escritor de renome, tornando-se figura exponencial no
campo da divulgação doutrinária do Espiritismo.
Denis possuía uma inteligência
robusta, era um Espírito preclaro, grande orador e escritor, desfrutando de
apreciável grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo Gabriel
Gobron: "Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara
felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas,
sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória".
Denis jamais cursou uma academia
oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria
e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heroicas ensinam a verdadeira
sabedoria, por isso dizia sempre: "Os que não conhecem dessas lições,
ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida". Com o concurso de
sua inteligência invulgar, furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela,
pois em sua opinião era difícil acumular egoisticamente para si, aquilo que ele
recebia para repartir com os seus semelhantes.
Ele sabia distribuir as moedas
que amealhava, no entanto, preocupava-se mais em espargir as palavras de ouro,
adequadas para cada oportunidade, soerguendo os abatidos, estimulando os
fracos, levantando a fé daqueles que a tinham titubeado e predispunha os fortes
para a luta em favor do aprimoramento moral e intelectual.
Com idade bastante avançada,
cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de
tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder. Apesar de todas
essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso.
Desde as primeiras horas da
manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das inúmeras
sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse,
ali davam-lhe sempre o lugar de maior destaque.
Léon Denis trabalhava arduamente
na compilação do seu novo livro "O Gênio Celta e o Mundo Invisível",
quando foi acometido de violenta pneumonia que o prostrou. Mesmo enfermo, com a
cooperação de duas secretárias afeiçoadas, após estafante e persistente
trabalho conseguiu ver revisadas todas as provas, insistindo para que as
secretárias continuassem a fim de terminar a "Biografia de Allan
Kardec", o que, aliás, não chegou a concretizar, dado o seu lamentável
estado de saúde.
No dia 12 de abril de 1927, às 9
horas da manhã, seu Espírito iluminado partia para as regiões sublimadas da
Espiritualidade, após ter-se convertido em verdadeira bandeira para os ideais
espíritas e centro de atenções dos espíritas que tomavam parte nos Congressos
Internacionais de Espiritismo e outros certames.
[1] Personagens do
Espiritismo - Antônio de Souza Lucena
e Paulo Alves Godoy
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