terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A PINTURA E A MÚSICA[1]

(Sociedade Espírita de Paris – Médium: Sr. Alfred Didier)


 

A arte foi definida cem mil vezes: é o belo, o verdadeiro, o bem. A música, que é um dos ramos da arte, pertence inteiramente ao domínio da sensação. Entendamo-nos e tratemos de não ser obscuro. A sensação se produz no homem quando ele compreende a arte de duas maneiras distintas, mas estreitamente ligadas; a sensação do pensamento que tem por conclusão a melancolia ou a filosofia, e, depois, a sensação que pertence por inteiro ao coração. A música, a meu ver, é a arte que vai mais diretamente ao coração. A sensação – havereis de compreender-me – está toda no coração; a pintura, a arquitetura, a escultura, a pintura antes de tudo, atingem muito mais a sensação cerebral.
Numa palavra, a música vai do coração ao Espírito, a pintura do pensamento ao coração. A exaltação religiosa criou o órgão.
Quando na Terra a poesia toca o órgão, os anjos do céu lhe respondem. Assim, a música séria, religiosa eleva a alma e os pensamentos. A música vulgar faz vibrar os nervos, nada mais. Eu bem gostaria de indicar algumas personalidades, mas não tenho esse direito: não estou mais na Terra. Amai o Réquiem de Mozart, que o matou. Não desejo, mais que os Espíritos, a vossa morte pela música, a morte viva, contudo; aí está o esquecimento de tudo quanto é terreno, pela elevação moral.




[1] Revista Espírita – Maio/1861 – Allan Kardec

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