segunda-feira, 6 de novembro de 2017

WILLIAM THOMAS STEAD[1]


 
Nascido em Embleton, Northumberland, Inglaterra, no dia 5 de julho de 1849, e desencarnado tragicamente na catástrofe ocorrida com o transatlântico "Titanic", na noite de 14 para 15 de abril de 1912, quando da viagem inaugural desse navio, na rota entre a Inglaterra e os Estados Unidos.
No início da década de 1910, nada era feito no sentido de fazer reportagens por ocasião dos grandes acontecimentos. Um notável jornalista, William Thomas Stead, teve a feliz ideia de começar esse gênero de publicidade, o que alcançou grande repercussão na Inglaterra. Por ocasião do lançamento do "Titanic", o maior navio do mundo, o qual era reputado por insubmersível, tais as inovações nele introduzidas, e o sistema construtivo, esse famoso homem de imprensa foi convidado para fazer a reportagem de sua viagem inaugural, dando cobertura jornalística a tudo quanto acontecesse a bordo.
Sucedeu, no entanto que o navio bateu em cheio em enormes geleiras e, numa tentativa de resgate, ordenada pelo comandante, enorme rasgo abriu-se em seu casco, ocasionando o seu naufrágio na noite de 14 para 15 de abril de 1912. Entre as 1.503 vítimas estava William Thomas Stead. O infausto acontecimento encheu o mundo de consternação e o Espiritismo ficou privado do concurso valioso de um destacado homem de imprensa, homem esse que estava vivamente empenhado em divulgar as grandes verdades que havia constatado em seus trabalhos de pesquisa no campo da fenomenologia mediúnica.
Notável jornalista, escritor e publicista inglês, Willam Thomas Stead dedicou-se muito jovem a essa carreira.
No ano de 1871, dirigiu o "Northern Echo", da cidade de Darlington, e nos anos de 1883 a 1889, dirigiu o "Pall Mall Gazette". No ano de 1890, fundou a "Review of Rewiews" e, em 1893 e 1894 lançou numerosas revistas do mesmo gênero, nos Estados Unidos e na Austrália. De 1893 a 1897, dirigiu o órgão espiritualista "Borderland".
No ano de 1898 encetou uma visita à Rússia, onde foi recebido pelo Czar, dando então início a intensa luta em favor do pacifismo mundial, ideal que passou a defender, com todo o entusiasmo, através da palavra escrita e falada.
No decurso da Conferência de Paz, realizada em Haia, no ano de 1899, Stead teve a oportunidade de visitar aquela cidade, dando início, logo após, na Inglaterra, a acirradas campanhas contra a guerra sul-africana, tendo em decorrência contraído muitas inimizades.
Trabalhou árdua e valorosamente no sentido de se estabelecer um tratado entre a Alemanha e a Inglaterra, propugnando para a concretização de uma segunda conferência de paz, realizada posteriormente em Haia, na Holanda, onde, na qualidade de correspondente, publicou o "Correio da Conferência da Paz".
Era notável a facilidade com que escrevia seus artigos, os quais invariavelmente portavam um cunho sensacionalista. Nos seguintes livros, de sua autoria, podem ser observados a vivacidade e o empenho com que tratava os temas que desejava abordar: "A Verdade sobre a Rússia" (1888); "Se o Cristo viesse a Chicago" (1893); "A Guerra do Trabalho nos Estados Unidos" (1894); "O Mundo Invisível de Satã" (1897); "Os Estados Unidos da Europa" (1899); "Estudos sobre Mrs. Booth" (1900); "A Americanização do Mundo" (1902), além de muitos outros.
"O Rei dos jornalistas, e mais do que isso — o Imperador", esse foi o título elogioso que recebeu do "Cri de Paris", em janeiro de 1907, quatro meses antes da realização da famosa Conferência de Haia.
Quando estava no apogeu de sua carreira de escritor e jornalista, alguns anos antes de sua desencarnação, deixou cheios de admiração a Inglaterra e o mundo científico, com a sua confissão de que estava plenamente convicto da existência do mundo dos Espíritos, isso pelo fato de ter recebido, através de sua própria mediunidade, uma série de comunicações espíritas, atribuídas ao Espírito de Júlia, as quais foram posteriormente publicadas num livro que alcançou grande repercussão, denominado "Cartas de Júlia". Dizia ele então:
Todas as "Cartas de Júlia", foram recebidas por mim mesmo. Estando sozinho, sentado e com ânimo tranquilo, colocava conscientemente minha mão direita, na qual tinha uma caneta, à disposição de Júlia e observava com vivo interesse tudo quanto ela escrevia.
Posso admitir, conforme afirmam meus detratores, que as "Cartas de Júlia" tenham sido simplesmente escritas pelo meu eu subconsciente, isso não rebaixaria em nada a verdade, nem diminuiria a força dessa eloquente e comovedora prova em favor de uma vida superior. Quanto desejaria que o meu eu consciente pudesse escrever tão bem!
No ano de 1895, respondendo a uma indagação do "Morning Advertiser", de Nova Iorque, que lhe perguntava por que acreditava na imortalidade, ele assim respondeu:
Só o Eterno pode afirmar ou negar a imortalidade. Se vos compreendo bem, não se trata aqui da imortalidade da alma, mas sim da persistência da entidade individual, após a dissolução do corpo por cujo intermédio essa entidade se manifestava durante a sua vida terrena. Aí está uma questão muito mais simples, a que posso responder sem hesitar e sem receio.
Eu não seria verdadeiro, se dissesse que creio na persistência do indivíduo após a morte, por ter observado fenômenos ditos espíritas; muito tempo antes eu aceitava esse fato. Submeti, depois, a minha crença à prova de uma demonstração experimental. E se outrora dizia: eu creio, hoje digo, eu sei. Não há uma grande diferença?
William Thomas Stead foi grande amigo do nosso grande Ruy Barbosa. Consta que, na noite do naufrágio do "Titanic", os familiares desse grande político brasileiro, estando reunidos numa sessão de experimentação mediúnica, em Poços de Caldas, receberam a informação de que o famoso jornalista havia desencarnado, notícia que Ruy recebeu com surpresa e com bastante naturalidade, quando um dos membros de sua família lhe comunicou.
O velho político reconheceu na mensagem, de forma surpreendente, o estilo de Stead.




[1] PERSONAGENS DO ESPIRITISMO - Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy

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