quarta-feira, 22 de novembro de 2017

PLANEJAMENTO ENCARNATÓRIO? SÓ EM LINHAS GERAIS[1]



Jader Sampaio


A Organização das Nações Unidas – ONU diz que nascem 180 pessoas por minuto no mundo, que viverão, em média, 71,4 anos. Inferindo, 94 milhões e 600 mil pessoas nascem todo o ano. Juntas, elas vivem cerca de 59 trilhões de horas.
Fiquei imaginando qual seria a infraestrutura no mundo dos espíritos para fazer o planejamento de 94 milhões de corpos por ano, ou para planejar os eventos que envolvem 59 trilhões de horas para as pessoas que encarnarão em apenas um ano nos quatro cantos do mundo.
Por que estou dizendo isso?
Os leitores da obra do espírito André Luiz, via Chico Xavier, irão se recordar, no livro "Missionários da Luz", um caso de planejamento reencarnatório, intitulado “preparação de experiências”. Ele trata de um espírito, em boas condições mentais, apoiado por outros que lhe são afins, preparando-se para reencarnar.
O autor espiritual faz uma ressalva, que há espíritos que reencarnam sem este tipo de apoio, tendo por base apenas suas promessas, endossadas pelo mais alto.
Alguns leitores apressados, ou desencantados com os revezes da vida, acreditam que tudo o que passam foi programado anteriormente. Não percebem as “causas atuais”, a que se refere Kardec, que são as escolhas que fazemos no curso da presente encarnação. Não percebem também os riscos a que nos expomos e que as ciências desvendam a cada minuto, propondo, quando possível, meios de os evitar ou reduzir.
Kardec não propunha esse determinismo reencarnatório que às vezes vemos no discurso de alguns expositores, como por exemplo, na questão abaixo de O Livro dos Espíritos (os negritos são meus):
259. Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e escolhemos?
Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades são a consequência da posição em que vos achais e, muitas vezes, das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele evento. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos, sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muita probabilidade de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias, se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.




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