sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Fé e Resignação[1]


 


Viver na Crosta é mais do que um dever. Significa uma oportunidade conferida ao Espírito para o seu progresso. É Justiça divina, plena, completa, absoluta.
Fé é crença, é confiança, é determinação. Ter fé no Criador representa confiar plenamente na sua Justiça.
Crendo em Deus, o encarnado está apto a sentir-se integrado ao seu meio e adaptado à sua prova.
Mas, não basta. Torna-se indispensável que acredite também no plano espiritual, no seu retorno a esse lado da vida e na eternidade do ser. Pode parecer, à primeira vista, contraditório alguém crer em Deus e não na existência imortal ou no seu retorno à pátria dos Espíritos. Acontece, no entanto.
Unindo fé em Deus e na vida espiritual eterna, não existem razões plausíveis para o ser humano rebelar-se contra qualquer sorte de provas que tenha a vivenciar. O exclusivo motivo para tal revolta fundamenta-se na inexperiência e na pouca evolução do ser.
Nesse contexto, ter fé significa, com lógica linear o indivíduo ser resignado, estar conformado com a situação que há por enfrentar, esgotadas as chances de modificá-la.
Ninguém imporá resignação. Ter fé e ser resignado são posturas advindas de sentimentos que brotam do imo da alma e espelham o maior ou menor preparo da pessoa.
Comporta gradações esse sentir. Quanto mais desenvolvido o ser, maiores sua fé e resignação. Logo, maior evolução, conferindo mais confiança em Deus, acarreta maior felicidade. Trata-se de uma linha coerente e natural.
Para desenvolver a fé e cultivar a resignação, torna-se-lhe preciso amanhar um binômio: experiência e reforma íntima. Experimentando diversas reencarnações, diferentes situações, variadas provas e incontáveis expiações, ao longo dos séculos, ganha o Espírito maturidade, o que lhe fortalece, gradativa e continuamente, a fé. Além disso, para elevar sua possibilidade de sucesso, é necessário empreender a mudança interior. Modificando o seu íntimo, renovando suas esperanças, instrumentalizando seu amor com propriedade, está apto a confiar mais na Justiça Divina. Ganha com isso. O círculo consolida-se: experiência ‒ fé ‒ resignação ‒ evolução.
Evoluindo, ganha experiência. Com esta, fortalece sua fé. Resigna-se, após.
Evolui ainda mais.
O inimigo da fé é a desconfiança. O da resignação é a revolta. Más posturas como essas fomentam o egoísmo e dão azo ao orgulho.
Fé: alicerce fundamental para o encarnado sentir-se e ser feliz.
Sofrer inconformação (livre-arbítrio) nada mais é do que não ter fé suficiente, nem resignação inteligente.
A dor (determinismo) educa, constrói e eleva. Senti-la, faz crescer, pois ensina. Ninguém pode progredir sem conhecimento e este implica experiência. Teoria isolada não induz o homem à luta.
O sofrimento da alma é sinal de sua resistência à dor vivenciada. Superá-la provoca elevação. Quem ultrapassa uma prova dolorida, mas resignado, engrandece o seu âmago. Evolui.
Instrumento eficiente para introduzir o seu âmago no cenário da fé é a oração. Elevando a Deus o pensamento, envolve-se bem o encarnado. Protege-se do mal. Evita problemas.
Quem desconfia, sofre. Sofre porque não confia. É o mal daqueles que adiantam, por sua conta, a suposta desventura do amanhã. Antes mesmo de enfrentar um obstáculo, sofrem por sua mera pretensa existência.
Alimento da descrença é a ansiedade exagerada pelas linhas do futuro. Viver compassada e metodicamente dia após outro é a jornada racional e natural do ser humano.
Inexiste o sofrer por sofrer na trilha cristã. Quando não se está resignado mergulha- se no universo complexo do sofrimento. Não busque o encarnado a dor propositadamente porque estará depondo contra os desígnios divinos. Investe contra si mesmo e entrega-se, de regra, ao desânimo e ao abandono.
Não se lembrar de agradecer a Deus o pouco que tem — entendido esse pouco no contexto materialista de vida majoritária do planeta — é confeito predileto para o coração irresignado daquele que ainda dorme o sono da ignorância.
Se não há céu, também não existe inferno. O subterrâneo da maldade que prospera no íntimo de cada um é o seu próprio martírio.
Não havendo condenações eternas, tem o Espírito tantas chances quantas necessárias para o seu progresso ser atingido. É o processo da reencarnação que lhe enseja elevar a fé e cultivar a resignação, pois incontestavelmente justo
Cultores do egoísmo e do orgulho são os mais atingidos pelas agruras do sofrimento. Merecem mudar. Precisam fazê-lo. Sustentem-se na reforma íntima.
 


[1] Fundamentos da Reforma Íntima - Abel Glaser/ Cairbar Schutel (Espírito)








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