Jorge Hessen - jorgehessen@gmail.com
No Brasil, a Lei Federal 9.294,
de 1996, estabelece “restrições” à propaganda de álcool, todavia, o parágrafo
único da lei é obsceno, notemos: “Consideram-se bebidas alcoólicas, para
efeitos desta Lei, as bebidas potáveis com teor alcoólico superior a treze
graus Gay Lussac“. Logicamente, ficam excluídas das “proibições” as cervejinhas
televisivas. Eis aí a vitória da indústria etílica com direito a “palma de
ouro”.
Em verdade, mais da metade dos
brasileiros afunda-se moralmente na farra dos metafóricos “treze graus Gay
Lussac” de teor alcoólico. Portanto, como obra prima das “trevas”, a cerveja,
que em tese possui um teor alcoólico até o limite de treze graus Gay Lussac,
por não sofrer restrições publicitárias no Brasil, é liberada para todos,
trafegando, de tal modo, em altíssima velocidade na contramão da legislação de
trânsito que estabelece uma tolerância baixíssima com o álcool. Nessa gerigonça
vão os adolescentes se expondo hoje muito mais ao álcool. Está se formando uma
geração de dependência de álcool. Além dos riscos à saúde, há os perigos de
dirigir embriagado, da violência e de traumatismos decorrentes do abuso de
álcool.
Através das propagandas
apelativas, hipnotizantes, que custam bilhões de dólares, intoxica-se a
estrutura mental dos adolescentes mais tolos. Dessa forma, os jovens agem sem
padrões definidos de comportamento racional, projetam-se em uma perspectiva
cada vez mais próxima da derrocada em busca do entorpecimento da consciência e
da razão, justificado pelo prazer alucinado no mundo das bebidas, situação,
essa, que promove um mergulho no “nada” para as fugas espetaculares da
realidade.
À maneira de um incêndio, que
começa de uma fagulha e causa grande destruição, muitos adolescentes, a partir
de um simples gole “inofensivo”, precipitam-se nos escombros da miséria moral,
transformando-se em uma pessoa vazia de ideais.
É assombrosa a lavagem cerebral
através das mídias veiculando reiteradamente o convite para o consumo de
cervejas, em razão disso, o volume consumido no Brasil está acima da média
mundial. Pela televisão “o gênio das trevas” aconselha, após trinta segundos de
propaganda, em tão-somente um milésimo de segundos, o famoso “beba com
moderação”.
Ora, não se pode aceitar
passivamente uma situação em que as autoridades de saúde passam uma mensagem de
legalidade e possível “moderação” ao mesmo tempo em que a indústria acena com
uma publicidade maldita e cara cujo conteúdo instiga e incentiva o consumo da
cerveja de modo avassalante.
Para o espírita, o vício de
beber tem implicações muito graves, especialmente em face das repetidas
advertências dos Benfeitores Espirituais, elucidando sobre os danos que causam
à mediunidade, por exemplo. O médium, contaminado pelos alcoólicos torna-se
mira de obsessão dos indigentes alcoolistas do além. A obsessão, através da
inofensiva cervejinha, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo,
o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de “status”, atestando a
decadência de um período histórico que passa lento e doído. A Doutrina Espírita
adverte sobre essa influência espiritual, oculta, ou seja, o meio espiritual
que respiramos pode contribuir para o surgimento de um determinado vício. Não
nos iludamos, o viciado em álcool quase sempre tem a seu lado obsessores extra
físicos que o induzem à bebida, nele exercendo grande domínio e dele usufruindo
as mesmas sensações etílicas.
Pais espíritas e, absolutamente,
cônscios da responsabilidade que assumiram perante a família, não devem
oferecer bebidas alcoólicas para seus filhos sob quaisquer pretextos. Ao
contrário disso, devem envidar todos os esforços para afastá-los das festas
regadas a álcool; essa, sim, é uma atitude sensata. Creio que haja suficiente
razão para não estocarmos, em casa, as esplêndidas e suntuosas garrafas de
bebidas alcoólicas, normalmente, conservadas em um “atraente” barzinho, pois,
nelas, está acondicionado o tóxico fatal.
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