Adésio Alves Machado
A invigilância moral que nasce e
se estrutura na ignorância humana com relação ao conhecimento da vida
espiritual tem dizimado milhões de criaturas através dos tempos, e o pior é que
continuará sua marcha lúgubre.
O Espiritismo vem tirar da
pasmaceira moral os espíritos aqui reencarnados a fim de que melhorem, um pouco
que seja, a qualidade de suas vidas, fazendo-os ver e sentir as consequências
de seus vícios, paixões e desatinos cultivados através do corpo carnal.
Nessas horas de devaneio a
criatura se deixa envolver por espíritos de baixo astral, ou de baixo padrão
vibratório, quando o ser perde o domínio integral de si mesmo. Criam-se algemas
cruéis, difíceis de serem abertas. É a malha do vício que aprisiona, cerceia a liberdade,
impõe condições, passa a dominar.
Queremos nos referir ao
tabagismo, esquecendo por enquanto os demais, como por exemplo o alcoolismo, o
uso de drogas, a maledicência, o hábito de caluniar, a glutonaria, o sexo em
desregramento, a violência etc. etc., tudo isso causando sérios curtos-circuitos
no perispírito do viciado, energeticamente desestruturando-o, lamentavelmente,
tendo em vista que ele será o molde do novo corpo físico da próxima reencarnação
do viciado.
Segundo dados colhidos num
trabalho sobre saúde, da jornalista Magaly Sonia Gonzales, publicado na revista
“Isto É”, de julho de 2000, “o vício do fumo foi adquirido pelos espanhóis,
junto aos índios da América Central, que o encontraram nas adjacências de
Tobaco, província de Yucatán. Um dos primeiros a cultivar o tabaco na Europa
foi o Monsenhor Nicot, embaixador da França, em Portugal, de onde se derivou o
nome nicotina, dado à principal toxina nele contida”.
Através das constatações médicas
científicas, verifica-se que o fumo é um veneno para o corpo. Como aliado deste
princípio, encontramos os preceitos médicos/morais do Espiritismo, que mostra o
fumo como um destruidor da mente, que provoca tonteiras, que enseja vômitos no
estômago, dispara perturbações brônquicas nos pulmões e no sangue; é um agente
envenenador, com ameaças de leucemia.
O tabagismo se apodera do
viciado em processo lento mas contínuo, fazendo-o mais uma “vítima”,
inicialmente de si mesmo, depois dele, fumo. Em verdade, o viciado se torna
escravo de sua vontade pusilânime. O tabagismo é uma doença que, tratada a tempo,
tem cura, requerendo do viciado, no entanto, muita obstinação para dele se desvencilhar,
determinação esta que ainda não é apanágio dos espíritos aqui residentes.
Para deixar o cigarro é preciso
readquirir o poder da vontade que se estiolou diante da prepotência, do
autoritarismo da nicotina e seus sequazes.
O viciado é aquele que perde o
comando da mente.
A luta do viciado pela
recuperação do controle da vontade torna-se mais acerba pelo fato do vício
haver encontrado quem lhe insufla maior potência: os espíritos desencarnados
tabagistas. As mentes de além-túmulo não se desvinculam com facilidade, sem
mais nem menos, deste foco que alimenta seus desregramentos: o fumante terreno.
Os efeitos do tabagismo são
devastadores, a saber: afeta o sistema respiratório, provocando bronquite,
enfisema, câncer pulmonar, angina do peito, laringite, tuberculose, tosse e
rouquidão; ataca o sistema digestivo, dificultando o apetite e a digestão, além
de provocar úlcera gastroduodenal, hepatite; aumenta a concentração do ácido
úrico, instalando a chamada gota; o sistema circulatório sofre com o aparecimento
de varizes, flebite, isquemia, úlceras varicosas, palpitação, trombose,
aceleração de doenças coronarianas e cardiovasculares; o sistema nervoso,
sempre muito sensível, leva à uremia, mal de Parkinson, vertigem, náuseas,
dores de cabeça, nervosismo e opressão. A falta do fumo no organismo do viciado
gera ansiedade, angústia, desencadeando crises, convulsões e espasmos.
Instala-se, como se depreende, toda uma dependência mental, psíquica e física.
Para os indígenas, a fumaça
afastava os “maus espíritos”, daí o surgimento dos defumadores. Os pajés
jogavam folhas secas no braseiro, ao mesmo tempo em que invocavam os seus
deuses. Com o passar do tempo, habituaram-se a fazer um rolo de folhas secas de
tabaco, fumegantes, aspirando e tragando a fumaça, o que neles provocava
sensações de prazer. Nascia aí, para desgraça de tantas pessoas e o enriquecimento
despudorado de muitas outras, o vício de fumar.
Rogamos a Deus que surjam, cada
vez mais, medidas restritivas aos fumantes e aos que propagam o cigarro, como
também exemplos de abominação ao tabagismo nas famílias, nas escolas e na
sociedade em geral. Com tal procedimento se dará uma demonstração de que o
tabagismo é um suicídio em processo inconsciente lento, porém pertinaz.
A tendência do tabagismo é
desaparecer antes do alcoolismo. Os dois têm seus dias contados na face da
Terra.
Os males de um vício altamente
destruidor da vida física, como o tabagismo, destroem também a vida espiritual
pelo fato de lesar o perispírito. Acompanhando o espírito na erraticidade, não
só de imediato aparecem as sequelas, mas também no seu retorno à vida carnal,
num novo corpo altamente comprometido, estruturado que se acha em matriz
defeituosa – o perispírito.
Largar o tabagismo, dizem os
entendidos, tem de ser feito de uma só vez. Não concordamos tacitamente com
isso, tendo em vista que cada criatura tem suas próprias reações orgânicas. O
resultado que se obtém em relação a um caso pode ser diverso daquele que se
constata em um outro. Deve-se, entendemos, colocar em ação todos os recursos
existentes e, estando a pessoa determinada a parar com o uso do cigarro, surgirá
o meio mais eficaz, o que seja mais aconselhável para o seu organismo reagir ao
assédio do vício. Referimo-nos ao fato de que, na hora em que o viciado se
predispõe a deixar o vício, logo a Espiritualidade Superior passa a cuidar do
caso, a ele se dedicando com determinação e amor. Os resultados só poderão ser
o melhor – libertação do vício.
O Espiritismo analisa o
tabagismo como um “inimigo” do ser humano que precisa ser “eliminado”. Sendo um
gerador de doenças e de dependências, merece do Espiritismo uma batalha sem
trégua. Contudo, ele atuará sem violentação de consciências, somente ajudando,
com a sua terapia, a quem quer ser ajudado.
O viciado recebe do Espiritismo,
além de informações fornecidas pela medicina tradicional quanto aos males
provocados pelo fumo, o alerta contra as obsessões e as desastrosas consequências
no campo energético do espírito, fator este a exigir atenções especiais e
procedimentos profundos na mentalização do fumante.
Mostra a Doutrina Espírita a
necessidade não só de se cuidar do corpo, mas, sobretudo, do espírito e de seu
campo vibratorial, o perispírito.
A visão reencarnatória é o
principal fator que induz reformulação dos valores éticos/morais de quem se
aproxima do Espiritismo, pois ela representa, acima de tudo, o uso da lógica e
da razão na busca de uma melhor compreensão da vida, abrangendo o aspecto dual
da existência: o material e o espiritual.
Compete-nos, portanto, ajudar os
nossos irmãos e irmãs que se encontram sob o jugo do vício a fugirem desta
forma sub-reptícia de mergulhar num suicídio inconsciente.
(Artigo publicado
originalmente em Reformador / FEB - abril de 2002)
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