segunda-feira, 27 de março de 2017

Carlos Juliano Torres Pastorino[1]



 Nascido no Rio de Janeiro, em 4 de novembro de 1910, e desencarnado em Brasília (DF), em 13 de junho de 1980, Carlos Torres Pastorino, mais conhecido como professor Pastorino, foi filho de José Pastorino e Eugênia Torres Pastorino.
Desde criança demonstrou inusitada inteligência e vocação para a vida eclesiástica. Com apenas 14 anos de idade, em 1924, recebeu os diplomas de Geografia, Corografia e Cosmografia, do Colégio D. Pedro II e, logo em seguida, ainda no mesmo ano, o diploma de Bacharel em Português, no mesmo colégio. Viajou para Roma a fim de cursar o Seminário, onde em 1929 foi diplomado, pelo Cardeal Basílio Pompili, para a Ordem Menor de Tonsura. Formou-se em Filosofia e Teologia em 1932, sendo ordenado sacerdote em 1934. Abandonou a vida eclesiástica da Igreja Católica Romana quando, em 1937, aguardava promoção para diácono. Surpreendeu-se com a recusa do papa Pio XII em receber o Mahatma Gandhi em seu tradicional traje branco. O colégio cardinalício exigia que o grande líder da Índia vestisse casaca, para não quebrar a tradição das entrevistas com os chefes de Estado. Pastorino, diante dessa recusa, imaginou que se Jesus visitasse o Vaticano não se entrevistaria com o papa, pois vestia-se de forma similar a Gandhi, e jamais se sujeitaria ao rigor exigido pela Igreja.
 Regressou de imediato ao Brasil e desenvolveu intensa atividade pedagógica. Ingressou no Instituto Ítalo-Brasileiro de Alta Cultura, como professor de Latim e Grego, cargo que exerceu de 1937 a 1941. Em 1938, recebeu o registro de professor de Psicologia, Lógica e História da Filosofia do Ensino Secundário. Foi também professor de espanhol, além de contribuir como correspondente em jornais.
Ex-padre que se dedicou ao estudo da Doutrina Espírita e da fenomenologia mediúnica, é autor do maior best-seller de autoajuda publicado no Brasil: Minutos de Sabedoria. Grande inteligência, poliglota, Pastorino ainda traduziu livros em diversos idiomas. Foi também radialista, sendo sua obra Minutos de Sabedoria uma coleção das mensagens propaladas no rádio. Foi também historiador, autor de peças de teatro e de composições musicais.
Em paralelo com o magistério, exerceu atividades jornalísticas, como correspondente dos Diários Associados. Foi adido cultural e jornalístico da Academia Brasileira de Belas Artes. Adepto do Esperanto converteu-se ao Espiritismo em 1950. Delegado especializado (Faka Delegito) da Universidade Esperanto Asocio, com sede na Holanda, foi fundador da Sociedade Brasileira de Esperanto no Rio de Janeiro. Sua bibliografia é extensa, com mais de 50 livros publicados e outros tantos inéditos.
 No dia 31 de maio, de 1950, terminara a leitura de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, que recebera por empréstimo de um seu colega do Colégio D. Pedro II, o que fez em apenas dois dias. Nesse dia, declarou-se espírita e, a partir daí, desenvolveu atividades doutrinárias muito intensas. No bairro do Grajaú, começou a frequentar o Centro Espírita Júlio César; fundando mais tarde em sua própria residência, na Rua Sete de Setembro, 223, o Grupo Espírita da Boa Vontade, que mais tarde passaria a denominar-se Grupo de Estudos Spiritus. Desse Grupo surgiram, depois, com ajuda de Jaime Rolemberg de Lima, o Lar Fabiano de Cristo, a CAPEMI e o SEI − Serviço Espírita de Informações. Fundou a Livraria e Editora Sabedoria e a revista com o mesmo nome, prestando relevantes serviços à Doutrina, no terreno cultural.
 O professor Carlos Torres Pastorino realizou muitas palestras no Rio de Janeiro e em vários outros Estados. Participou ativamente de Congressos, Semanas Espíritas, Simpósios, Cursos e tantos outros eventos. Fez-se sócio de inúmeras instituições espíritas e colaborou com a imprensa espírita nacional e do exterior. De sua vasta bibliografia espírita, destacam-se Minutos de Sabedoria, que bateu todos os recordes de vendagem, em inúmeras edições, Sabedoria do Evangelho, publicado em fascículos na revista Sabedoria e Técnicas da Mediunidade. Mais tarde, em 1971, o Conselho Federal de Educação aprovou-o como titular de Língua e Literatura Latina, Língua e Literatura Grega (1972) e de Linguística (1974) para a Universidade Federal de Brasília. Já havia sido aprovado tradutor público de francês, italiano e espanhol. Falava fluentemente vários idiomas e, graças a esse talento, traduziu obras de vários autores ingleses, franceses, espanhóis, italianos, clássicos latinos e gregos.
Seu grande sonho, porém, era a criação de uma Universidade Livre, para ensinar Sabedoria. Em 1973 recebeu, por doação, do Dr. Miguel Luz, famoso médico paulista, já desencarnado, magnífico terreno numa área suburbana de Brasília, denominada Park Way, onde iniciou as obras da Universidade. Já com algumas dependências construídas, passou a residir no local para administrá-la. Chegou a realizar vários cursos, estando a sua Biblioteca em pleno funcionamento, com o respeitável número de 8.000 volumes, adquiridos ao longo de sua existência, toda voltada para a cultura geral e o bem-estar da Humanidade. Mas faleceu antes de ver concretizado esse monumental sonho.
 Autor de 28 obras publicadas, incluindo-se a Sabedoria do Evangelho, da qual somente oito volumes foram editados, traduziu obras de Pietro Ubaldi, de quem foi amigo, compôs trinta e uma peças musicais para piano, orquestra, quarteto de cordas e polifonia a três e quatro vozes. Homem de ação, infatigável, Pastorino, após sua desencarnação, não silenciou; prosseguiu mandando-nos páginas belíssimas do Além, mensagens psicografadas. Eis aí, e aqui, Carlos Pastorino mais vivo que nunca, ensinando, pregando, escrevendo: a morte é vida, tal como podemos ver no excelente Impermanência e Imortalidade, psicografado por Divaldo P. Franco, publicado em 2004 pela Editora da FEB.
 
Os dados acima foram, em grande parte, extraídos do livro Personagens do Espiritismo, de Antônio de Souza Lucena e Paulo Alves Godoy, Ed. FEESP, 1ª ed., 1982, SP, Brasil.




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