sábado, 11 de março de 2017

AVISOS DO ALÉM[1]


 
Richard Simonetti

 

O Doutor Flávio Pinheiro, dedicado e fiel médico espírita de Ibitinga, procurou‐me.
Richard, vim convidá‐lo para um "ofício fúnebre". Quero que "encomende minh’alma" pronunciando oração antes do sepultamento. E peça ao pessoal para não me perturbar com lamentações e tristezas.
– Que é isso, Doutor! O senhor não morrerá tão cedo!
- Tem muitas dívidas a resgatar!...
– Sim, meu caro amigo, sou um grande pecador. Só que vou desencarnar assim mesmo. Devo submeter‐me a delicada e inadiável cirurgia cardíaca, em São Paulo e tenho certeza de que estou de partida para a Espiritualidade.
Embora censurando seu pessimismo, concordei em atender à insistente solicitação. Alguns dias depois fui convocado ao cumprimento da promessa. O Doutor Flávio Pinheiro falecera em plena cirurgia.
 
* * *
O casamento seria simples, sem festa. Apenas a presença de familiares e poucos amigos. Dentre estes a jovem noiva fazia questão de um muito querido: Caetano Aielo, velho lidador espírita de Bauru.
Quanto tempo falta? – indagou o convidado.
Três meses.
– Ah! Então não será possível...
– Vai fazer desfeita?! Brigo com o senhor! Sua presença é indispensável! Cancele outros compromissos!
– Este compromisso não posso cancelar, minha filha. O "pessoal lá de cima" vem me intuindo que em breve partirei...
Dois meses depois Caetano Aielo, que não tinha nenhum problema grave de saúde, adoeceu e, em poucos dias, faleceu.
 
Temos aqui as famosas premonições.
O indivíduo experimenta forte impressão quanto à iminência de um acontecimento (primeiro caso), ou sente‐se informado a respeito dele (segundo caso).
Assim como muitos animais possuem determinados mecanismos que lhes permitem captar a proximidade de uma tempestade ou de um tremor de terra, antes que se manifeste, há pessoas dotadas de sensibilidade especial para prever ocorrências futuras. Isso é instintivo nelas.
Em relação à morte a premonição é frequentemente disparada a partir da interferência de benfeitores espirituais, objetivando ajudar o candidato ao desencarne e seus familiares. Embora possa ser assustadora, prepara psicologicamente as pessoas envolvidas em relação a acontecimentos que não as colherão desprevenidas, nem se constituirão em surpresa chocante.
Principalmente quando envolve desencarne trágico, como num acidente de trânsito, a informação premonitória é profundamente consoladora, permitindo à família compreender que não houve nada de fortuito, ocasional e, muito menos, indevido. Simplesmente cumpriram‐se desígnios divinos, no instituto das provações humanas.




[1] Quem tem medo da Morte? – Richard Simonetti

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