Ermance Dufaux
“Reconciliai-vos o mais depressa possível com o vosso adversário,
enquanto estais com ele a caminho (...)”.
(S. Mateus, 5:25)
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – Cap. X, item 6
“Matar o homem velho”,
“extinguir sombras”, “vencer o passado” – expressões que comumente são usadas
para o processo da mudança interior.
Contudo, todos sabemos, à luz
dos princípios universais das Leis Naturais, que não existe morte ou extinção,
e sim transformação. Jamais matamos o “homem velho”, podemos sim conquista-lo, renová-lo,
educa-lo.
Não eliminamos nada do que fomos
um dia, transformamos para melhor.
Ao invés de ser contra o que
fomos, precisamos aprender uma relação pacífica de aceitação sem conformismo a
fim de fazer do “homem velho” um grande aliado no aperfeiçoamento.
Portanto, as expressões que
melhor significado apresentam para a tarefa íntima de melhoria espiritual
serão: “harmonia com a sombra” e “conquistar o passado”, que redundam em uma
das mais belas e sublimes palavras dos dicionários humanos: educação.
Nossas imperfeições são balizas
demarcatórias do que devemos evitar, um aprendizado que pode ser aproveitado
para avançarmos. A postura de “ser contra” o passado é um processo de negação
do que fomos, do qual a astúcia do orgulho aproveita para encobrir com ilusões
acerca de nossa personalidade.
O ensino do Evangelho reconcilia-te
depressa com teu adversário enquanto estás a caminho com ele é um roteiro
claro. Essa reconciliação depende da nossa disposição de encarar a realidade
sobre nós próprios, olhar para o desconhecido mundo interior, vencer as
“camadas de orgulho do ego”, superar as defesas que criamos para esconder as
“sombras” e partir para uma decidida e gradativa investigação sobre o mundo das
reações pessoais, através da autoanálise, sem medo do que encontraremos.
Fazemos isso enquanto estamos no
caminho carnal ou então as Leis Imutáveis da vida espiritual levar-nos-ão ao
“espelho da verdade”, nos “camarins da morte”, no qual teremos que minar as
imagens reais daquilo que somos, despidos das ilusões da matéria. Postergar
essa tarefa é desamor e invigilância. A desencarnação nos aguarda a todos na
condição do mecanismo divina que nos devolve à realidade.
Reformar é formar novamente, dar
nova forma. Reforma íntima nada mais é que dar nova direção aos valores que já
possuímos e corrigir deficiências cujas raízes ignoramos ou não temos motivação
para mudar. É dar nova direção a qualidades que foram desenvolvidas na
horizontalidade evolutiva, que conduziram o homem às conquistas do mundo
transitório. Agora, sob a tutela da visão imortalista, compete-nos dirigir os
valores que amealhamos na verticalidade para Deus, orientando as forças morais
para as vitórias eternas nos rumos da elevação espiritual pelo sentimento.
Que dizer da sementeira atacada
por pragas diversas? Será incinerada a pretexto de renovação e cura?
Assim é conosco. O passado –
nosso plantio – está arquivado como experiência intransferível e eterna, não há
como “matar” o passado, porém, podemos vitaliza-lo com novos e mais ricos
potenciais do Espírito na busca do encontro com o ser Divino, cravado na
intimidade profunda de nós próprios. Não há como extinguir o que aconteceu,
todavia, podemos travar uma relação sadia e construtora de paz com o pretérito.
Reforma íntima não pode ser
entendida como a destruição de algo para construção de algo novo, dentro de
padrões preestabelecidos de fora para dentro, e sim como a aquisição da
consciência de si para aprender a ser, a existir, a se realizar como criatura
rica de sentidos e plena de utilidade perante a vida.
Carl Gustav Jung, o pai da
psicologia analítica, asseverou: “Só aquilo que somos realmente tem o poder de
curar-nos”.
É uma questão de aprender a ser.
Somos um “projeto de existir” criados para a felicidade, compete-nos, pois, o
dever individual de executar esse projeto, e isso só é possível quando
escolhemos realizar e ser em plenitude através da conquista do “eu imaginário”
em direção do “eu real”.
Existir, ser alguém, superar a
“frustração do nada” é uma questão de sentimento e não de posses efêmeras ou
estereótipos de puritanismo e vivência religiosa de fachada.
Imperfeições são nossos
patrimônios. Serão transformadas, jamais exterminadas.
Interiorização é aprender a
convivência pacífica e amorável com nossas mazelas. É aprender a conviver
consigo mesmo através de incursões educativas a mundo íntimo, treinando o
autoamor, aprendendo a gostar de si próprio para amar tudo o que existe em
torno de nossos passos.
Enquanto usarmos de crueldade com
nosso passado de erros não o conquistaremos em definitivo. A adoção de
comportamentos radicais de violentação desenvolve o superficialismo dos
estereótipos e a angustia da melhora – estados interiores improdutivos para a
aquisição da consciência no autoconhecimento e no autotriunfo.
Interiorização é conquistar
nossa “sombra”, elevando-se à condição de luz do bem para a qual fomos criados.
Portanto, esse adversário
interior deve se tornar nosso grande aliado, sendo amavelmente “doutrinado”
para servir ao luminoso ideal do homem lúcido e integral para o qual,
inevitavelmente, todos caminhamos.
[1] Reforma Íntima sem Martírio – psicografado por Wanderley S. de Oliveira
"Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendes grande necessidade de indulgência?" Evangelho Segundo o Espiritismo - Instruções dos espíritos - Perdão das ofensas.
ResponderExcluirSede indulgentes meus amigos, porque a indulgência acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita.
João
Bispo de Bordeaux, 1862
"Sede indulgentes meus amigos, porque a indulgência acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita.
João
Bispo de Bordeaux, 1862
"Sede indulgentes meus amigos, porque a indulgência acalma, corrige, enquanto o rigor desalenta, afasta e irrita."
"Sede indulgentes para as faltas alheias, quaisquer que sejam; não julgueis com severidade senão as vossas próprias ações, e o Senhor usará de indulgência para convosco, como usastes para com os outros." Evangelho Segundo o Espiritismo - Instruções dos espíritos - A indulgência
E o diálogo, conosco e com os outros, também ajuda na tarefa de transformar nossas imperfeições. Maria
não consegui enviar pelo email marialudo05@gmail.com
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