sábado, 13 de agosto de 2016

“LICANTROPIA”. Quando nos tornamos “FERAS” [1]




Marcos Paterra [2]

Dentro da doutrina espírita, muitas vezes nos deparamos com livros ou comentários a respeito de espíritos que se transformam em seres horríveis, alguns com aspecto de animais outros de monstros.
Esse artigo visa esclarecer um pouco sobre esses seres enfatizando a “LICANTROPIA” cuja procedência do nome vem do grego “Lykanthropia” = (lykos, lobo; anthropus, homem), ou seja, “Lobisomem”; e não é apenas uma exclusividade do ou no espiritismo essa “transformação”, na Grécia antiga já se ouviam diversas estórias sobre “Licáon” [3] o qual tinha convidado Zeus para jantar, mas para ter certeza que aquele era Zeus e testar seus poderes ofereceu carne humana na refeição.
Ofendido, Zeus matou os filhos de Licáon e o transformou em lobo. Por esse mesmo motivo os lobisomens seriam chamados de licantropos, por causa do nome de Licáon; outro mito interessante surgiu na França, onde dizem que os lobisomens são seres que existem desde a criação, seres malignos que conseguiram inclusive sobreviver ao dilúvio... Passagens bíblicas também relatam a transformação em lobo, como foi o caso do Rei Nabucodonosor [4] que foi castigado a vagar em forma de lobo por Deus [5].
Mudando o foco, a medicina encontrou casos e definiu como: Hipertricose [6], uma doença a qual pessoas com esta condição podem se parecer fisicamente com lobisomens, mas é algo extremamente raro.
Na psiquiatria a “Licantropia” é um distúrbio psiquiátrico, o qual acredita-se que exista um transtorno do senso de identidade própria. É encontrado principalmente em transtornos afetivos e esquizofrenia, mas pode ser encontrado em outras psicopatias.
Pode ser interpretado como uma tentativa de exprimir emoções suprimidas, especialmente de ordem agressiva ou sexual, através da figura do animal, ou seja, a licantropia é tão somente uma doença mental, um estado alucinógeno em que o paciente atacado acredita que está transformado em lobo.
No espiritismo a Licantropia é uma vertente da “Zoantropia”, a qual tem origem do latim (zoo= animal e anthropos= homem) e é o fenômeno em que espíritos desencarnados devotados ao mal se tornam visíveis aos homens sob formas de animais, demonstrando assim sua degradação tanto moral, quanto espiritual.
No caso da Licantropia a sua definição seria: Metamorfose perispirítica, processada através de indução hipnótica, do desencarnado inferiorizado em suas culpas, que ganha a forma e passa a agir como um lobo; nessa mesma linha de pensamentos e transformações encontramos a cinantropia que é uma espécie da zoantropia onde o fenômeno em questão é igual a da Licantropia, mas o animal em que a pessoa se transforma é semelhante a um cachorro. Não constam muitos dados na literatura sobre o assunto.
André Luiz, no livro Libertação [7] no capitulo “Operações seletivas”, narra a visita de André Luiz e Gúbio a um edifício onde ocorriam julgamentos e conta a história de uma mulher que, diante dos juízes, confessou que matou quatro filhos ainda pequenos e contratou o assassinato do marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer”, todavia nunca pôde fugir da própria consciência. O juiz então fixou sobre ela as irradiações que lhe emanavam do temível olhar, e disse que a sentença foi lavrada por ela mesma e que ela não passava de uma loba. Conforme a afirmação era repetida, a mulher, profundamente influenciável, passou a se modificar, chegando ao resultado final da licantropia. André Luiz constatou, naquela exibição de poder, o efeito do hipnotismo sobre o períspirito. Conforme elucidações espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse.
Na Obra “Diálogo com as sombras” [8], de Hermínio C. Miranda, é narrado o caso de um médium que se apresentou incorporado de um Espírito que não conseguia dizer nenhuma palavra e como estava totalmente animalizado, somente sabia rosnar e queria morder o Orientador. Mantinha as mãos fechadas como se fossem patas.
Carlos Torres Pastorino em sua obra “Técnica da Mediunidade” [9], no Cap. “Localizações” no tópico nº1, nos informa de uma dimensão com a seguinte descrição:
“[...] Região de horror e escuridão, onde permanecem todos os que ainda são escravos de paixões violentas e desordenadas. Aí reina fero animalismo, de tal forma que, por vezes, o espírito desencarnado assume formas de animais (licantropia) causadas pela própria mente da criatura embrutecida ou hipnotizada por “elementos perversos”. Era isso que ensinavam os mestres antigos, quando diziam que os encarnados que se degradavam em vícios, tomavam formas de animais. Os discípulos pensavam que era na próxima encarnação. Na realidade, era no mundo astral, após o desencarne. Tudo isso, porém, que ai se passa, não é “castigo”, mas puro efeito das causas que cada um põe em movimento durante a permanência na matéria”.
Na Obra “Nos domínios da mediunidade” [10] no Cap. 23 o instrutor Gúbio explica: “Muitos espíritos, pervertidos no crime, abusam dos poderes da inteligência, fazendo pesar tigrina crueldade sobre quantos ainda sintonizam com eles pelos débitos do passado. A semelhantes vampiros devemos muitos quadros dolorosos da patologia mental nos manicômios, em que numerosos pacientes, sob intensiva ação hipnótica, imitam costumes, posições e atitudes de animais diversos”.
Martins Peralva, na obra “Estudando a Mediunidade” [11], nos esclarece sobre tratamento da licantropia:
“Solucionará o Espiritismo, através dos seus milhares de grupos mediúnicos e das dezenas de suas Casas de Saúde, todos os casos de Licantropia?
Responder afirmativamente seria rematada leviandade. Todavia, além de lhe ser possível equacionar alguns casos, menos entranhados no passado, levará ao coração de perseguidos e perseguidores a semente de luz do perdão, para germinação, crescimento, florescimento e frutificação oportunos”.





[2] Marcos Paterra (João Pessoa/PB) é membro da Rede Amigo Espírita é articulista e membro do movimento espírita paraibano, colaborador de diversos sites e jornais espíritas. marcos.paterra@gmail.com
[3] Licáon ou Licaonte (do grego Λυκάων) na mitologia grega era filho de Pelasgo, primeiro rei mítico da Arcádia. Segundo Pausânias (geógrafo), Licáon foi rei da Arcádia no tempo que Cécrope I foi rei de Atenas.
[4] Nabucodonosor (Nebuchadrezzar) foi o título assumido pelo rebelde babilônio Nidintu-Bel, que se revoltou contra Dario I declarando-se rei da Babilônia.
[5] Daniel, capítulo 4, versículo 25 a 34.
[6] Hipertricose : doença genética ligada ao cromossomo X que pode provocar o crescimento de cabelo espesso na face e no corpo das pessoas.
[7] XAVIER Francisco Cândido. Libertação. Ed. FEB. Rio de Janeiro. 1999.
[8] MIRANDA Hermínio C. Diálogo com as Sombras. Ed. FEB. Rio de Janeiro. 1992.
[9] PASTORINO Carlos Torres. Técnica da Mediunidade. Ed. Sabedoria Rio de Janeiro. 1973.
[10] XAVIER Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade. Ed. FEB. Rio de Janeiro. 2000.
[11] PERALVA Martins. Estudando a Mediunidade; Ed. FEB. Rio de Janeiro. 1989.

Nenhum comentário:

Postar um comentário