Marcos Paterra [2]
Dentro da doutrina espírita,
muitas vezes nos deparamos com livros ou comentários a respeito de espíritos
que se transformam em seres horríveis, alguns com aspecto de animais outros de monstros.
Esse artigo visa esclarecer um
pouco sobre esses seres enfatizando a “LICANTROPIA” cuja procedência do nome vem
do grego “Lykanthropia” = (lykos, lobo; anthropus, homem), ou seja,
“Lobisomem”; e não é apenas uma exclusividade do ou no espiritismo essa
“transformação”, na Grécia antiga já se ouviam diversas estórias sobre “Licáon”
[3]
o qual tinha convidado Zeus para jantar, mas para ter certeza que aquele era
Zeus e testar seus poderes ofereceu carne humana na refeição.
Ofendido, Zeus matou os filhos
de Licáon e o transformou em lobo. Por esse mesmo motivo os lobisomens seriam
chamados de licantropos, por causa do nome de Licáon; outro mito interessante
surgiu na França, onde dizem que os lobisomens são seres que existem desde a
criação, seres malignos que conseguiram inclusive sobreviver ao dilúvio... Passagens
bíblicas também relatam a transformação em lobo, como foi o caso do Rei
Nabucodonosor [4]
que foi castigado a vagar em forma de lobo por Deus [5].
Mudando o foco, a medicina
encontrou casos e definiu como: Hipertricose [6],
uma doença a qual pessoas com esta condição podem se parecer fisicamente com
lobisomens, mas é algo extremamente raro.
Na psiquiatria a “Licantropia” é
um distúrbio psiquiátrico, o qual acredita-se que exista um transtorno do senso
de identidade própria. É encontrado principalmente em transtornos afetivos e
esquizofrenia, mas pode ser encontrado em outras psicopatias.
Pode ser interpretado como uma
tentativa de exprimir emoções suprimidas, especialmente de ordem agressiva ou
sexual, através da figura do animal, ou seja, a licantropia é tão somente uma
doença mental, um estado alucinógeno em que o paciente atacado acredita que
está transformado em lobo.
No espiritismo a Licantropia é
uma vertente da “Zoantropia”, a qual tem origem do latim (zoo= animal e
anthropos= homem) e é o fenômeno em que espíritos desencarnados devotados ao
mal se tornam visíveis aos homens sob formas de animais, demonstrando assim sua
degradação tanto moral, quanto espiritual.
No caso da Licantropia a sua
definição seria: Metamorfose perispirítica, processada através de indução
hipnótica, do desencarnado inferiorizado em suas culpas, que ganha a forma e
passa a agir como um lobo; nessa mesma linha de pensamentos e transformações
encontramos a cinantropia que é uma espécie da zoantropia onde o fenômeno em
questão é igual a da Licantropia, mas o animal em que a pessoa se transforma é
semelhante a um cachorro. Não constam muitos dados na literatura sobre o
assunto.
André Luiz, no livro Libertação [7]
no capitulo “Operações seletivas”, narra a visita de André Luiz e Gúbio a um
edifício onde ocorriam julgamentos e conta a história de uma mulher que, diante
dos juízes, confessou que matou quatro filhos ainda pequenos e contratou o
assassinato do marido, entregando-se depois às “bebidas de prazer”, todavia nunca
pôde fugir da própria consciência. O juiz então fixou sobre ela as irradiações
que lhe emanavam do temível olhar, e disse que a sentença foi lavrada por ela
mesma e que ela não passava de uma loba. Conforme a afirmação era repetida, a
mulher, profundamente influenciável, passou a se modificar, chegando ao
resultado final da licantropia. André Luiz constatou, naquela exibição de
poder, o efeito do hipnotismo sobre o períspirito. Conforme elucidações
espirituais, ela não passaria por essa humilhação se não a merecesse.
Na Obra “Diálogo com as sombras”
[8],
de Hermínio C. Miranda, é narrado o caso de um médium que se apresentou
incorporado de um Espírito que não conseguia dizer nenhuma palavra e como
estava totalmente animalizado, somente sabia rosnar e queria morder o
Orientador. Mantinha as mãos fechadas como se fossem patas.
Carlos Torres Pastorino em sua
obra “Técnica da Mediunidade” [9],
no Cap. “Localizações” no tópico nº1, nos informa de uma dimensão com a
seguinte descrição:
“[...] Região de horror e
escuridão, onde permanecem todos os que ainda são escravos de paixões violentas
e desordenadas. Aí reina fero animalismo, de tal forma que, por vezes, o
espírito desencarnado assume formas de animais (licantropia) causadas pela
própria mente da criatura embrutecida ou hipnotizada por “elementos perversos”.
Era isso que ensinavam os mestres antigos, quando diziam que os encarnados que
se degradavam em vícios, tomavam formas de animais. Os discípulos pensavam que
era na próxima encarnação. Na realidade, era no mundo astral, após o
desencarne. Tudo isso, porém, que ai se passa, não é “castigo”, mas puro efeito
das causas que cada um põe em movimento durante a permanência na matéria”.
Na Obra “Nos domínios da
mediunidade” [10] no
Cap. 23 o instrutor Gúbio explica: “Muitos espíritos, pervertidos no crime,
abusam dos poderes da inteligência, fazendo pesar tigrina crueldade sobre
quantos ainda sintonizam com eles pelos débitos do passado. A semelhantes
vampiros devemos muitos quadros dolorosos da patologia mental nos manicômios,
em que numerosos pacientes, sob intensiva ação hipnótica, imitam costumes,
posições e atitudes de animais diversos”.
Martins Peralva, na obra
“Estudando a Mediunidade” [11],
nos esclarece sobre tratamento da licantropia:
“Solucionará o Espiritismo,
através dos seus milhares de grupos mediúnicos e das dezenas de suas Casas de
Saúde, todos os casos de Licantropia?
Responder afirmativamente seria
rematada leviandade. Todavia, além de lhe ser possível equacionar alguns casos,
menos entranhados no passado, levará ao coração de perseguidos e perseguidores
a semente de luz do perdão, para germinação, crescimento, florescimento e
frutificação oportunos”.
[2] Marcos Paterra (João Pessoa/PB) é membro da Rede Amigo
Espírita é articulista e membro do movimento espírita paraibano, colaborador de
diversos sites e jornais espíritas. marcos.paterra@gmail.com
[3] Licáon ou Licaonte (do grego Λυκάων) na mitologia grega
era filho de Pelasgo, primeiro rei mítico da Arcádia. Segundo Pausânias
(geógrafo), Licáon foi rei da Arcádia no tempo que Cécrope I foi rei de Atenas.
[4] Nabucodonosor (Nebuchadrezzar) foi o título assumido
pelo rebelde babilônio Nidintu-Bel, que se revoltou contra Dario I
declarando-se rei da Babilônia.
[5] Daniel, capítulo 4, versículo 25 a 34.
[6] Hipertricose : doença genética ligada ao cromossomo X
que pode provocar o crescimento de cabelo espesso na face e no corpo das
pessoas.
[7] XAVIER Francisco Cândido. Libertação. Ed. FEB. Rio de
Janeiro. 1999.
[8] MIRANDA Hermínio C. Diálogo com as Sombras. Ed. FEB.
Rio de Janeiro. 1992.
[9] PASTORINO Carlos Torres. Técnica da Mediunidade. Ed. Sabedoria
Rio de Janeiro. 1973.
[10] XAVIER Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade.
Ed. FEB. Rio de Janeiro. 2000.
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