Joanna de Ângelis
Antes de tomares a indumentária
carnal, objetivando o processo reencarnacionista, solicitaste a bênção do
sofrimento como refúgio de segurança em relação aos perigos que defrontarias.
Recebeste, em razão do
ministério que deverias exercer, uma organização física muito bem equipada,
portadora de lucidez mental e equilíbrio emocional, a fim de que pudesses
aplicar todo o fluido vital mantenedor da argamassa celular no ministério de
iluminação.
Suplicaste pelo amparo dos mentores
amigos, e diversos deles prontificaram-se a acompanhar-te o passo, na condição
de orientadores e mantenedores da tua fé nos momentos mais difíceis da jornada.
Conseguiste dose dupla de saúde,
a fim de que as mortificações dos trabalhos não diminuíssem o vigor e pudesses
avançar intimorato, com largo sorriso na face, cantando as glórias do
Altíssimo.
Diante de muitas concessões,
também solicitaste o ferretear de alguns fenômenos conflitivos que vinham de
existências pregressas.
Experimentaste solidão e
dificuldade, dores e angústias complexas de solução, mas nunca te faltaram os
socorros dos Céus através de variados recursos que diminuíram o desencanto e a
aflição.
À semelhança de um córrego que
enfrenta escolhos no seu curso e impedimentos inesperados, avançaste
vagarosamente e com segurança, vencendo largo trecho do caminho.
Tuas mãos suadas no trabalho e
teus sentimentos estiolados não te impediram de avançar, e mesmo quando os
joelhos se desconjuntaram, reunias forças e prosseguias.
Houve instantes penosos e
sombrios sob cúmulos de tempestades que te vergastaram. Mesmo aí conseguiste
perseverar e em nenhum momento pensaste em desistir.
O teu devotamento atraiu almas
abnegadas de ambos os lados da Vida, a fim de auxiliarem no desiderato sublime
a que dedicaste a existência.
A palavra do Senhor dava-te
segurança e Sua Luz apontava-te o rumo em plena escuridão.
Lentamente a obra de amor
planejada pelos guias espirituais da Humanidade ergueu-se e começou a albergar
os filhos do Calvário com doçura e encantamento.
Choveram perseguições de ambos
os planos, o material e o espiritual, e continuaste sorrindo, e chorando fiel
Àquele que te convidou.
Sucederam-se vidas, por outras
substituídas, que continuaram velando por ti e sustentando-se nos testemunhos
redentores. Em momentos cruciais, quando tudo parecia ruir sob o tropel de
forças desgovernadas, Jesus te amparou e ao grupo, de modo que os alicerces
mantiveram os edifícios do bem em segurança.
Alcanças o momento das grandes
transformações. E as dores se te apresentam excruciantes, assustando-te.
Não temas! O amor a tudo vence a
tudo transforma.
Continua amando, sem te
importares com as respostas que te chegam.
Este é um período muito grave
para o processo histórico da Humanidade. E é natural que sejas igualmente
afetado.
Esperaste por esta ocasião entre
encantamentos, desolação, e ao surgir a oportunidade anelada, não titubeies,
insiste e ama. Ama indiscriminadamente.
*
Quando o amor se apresenta
reticente, é preconceituoso e egoico, pois que, na sua intimidade, tudo deve
entender e ajudar.
Ao sedento não importa o vaso
que se lhe ofereça a linfa refrescante e salvadora. Ao doador, vale matar a
sede de quem lhe pede com os recursos possíveis.
O amor é a alma do Universo, e
por isso João, o discípulo amado, informou ser o próprio Deus.
A Terra necessita de compaixão,
e todos os seres sencientes aguardam o alimento do amor para nutrir-se e
desenvolver-se.
Enquanto o amor avança
lentamente, o ódio e a indiferença estimulam a insensatez e o desinteresse em
favor do triunfo de um instante.
A caravana dos autossatisfeitos
é muito grande e cresce ao influxo das mentes em desalinho que enxameiam no
Mais-além inferior, nutrindo-se das excessivas distrações e prazeres cada vez
mais exorbitantes das suas vítimas.
Reveste-te de ternura para
romper a carapaça que envolve os indiferentes e egoístas.
Sorriem por momento, mas não se
furtarão às lágrimas que os buscarão oportunamente.
Quanto a ti, trabalha-te e
exaure-te pelo Reino de Deus, permanecendo confiante.
Não fraquejes agora por estares
em carência.
Somente houve a gloriosa
ressurreição do Mestre, porque antes aconteceram os aziagos fenômenos de
traição, de dor e de abandono, que culminaram na Sua morte.
São muitos os seareiros da luz
que te pedem coragem e perseverança na batalha que estás travando entre
lágrimas e desconsolo.
Ora mais e penetra-te de paz e
confiança, amando sem cessar, mesmo que não venhas a receber a resposta afetiva
desejada.
*
Cristão sem condecoração do
sofrimento ainda não passou pelo campo de batalha.
Assim, transforma as tuas dores
e expectativas num hino de amor e de alegria, certo da vitória final ao lado
daqueles que também te amam.
Sofrimento e amor são termos
luminosos da equação existencial.
[1] Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na noite de
28.3.2016, na sessão mediúnica do Centro Espírita Caminho da Redenção, em
Salvador, Bahia.
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