Breno Henrique de Sousa
Adolfo
Bezerra de Menezes, o médico dos pobres, expoente do Espiritismo, quando
encarnado lançou uma obra chamada pelo mesmo título que tomei de empréstimo
para este comentário. Não por acaso, essa foi a primeira lembrança que me veio
a mente ao ler essa estarrecedora notícia.
A loucura é
sem dúvida uma das condições mais lastimáveis em que pode se encontrar o ser
humano e, como se não bastassem os sofrimentos da própria insanidade mental, o
sofrimento, nesse caso, toma outra proporção pelos abusos a que esses seres
humanos são submetidos.
A obra de
Bezerra de Menezes é um clássico na literatura espírita e nos revela outro
olhar sobre a chamada loucura – expressão ultrapassada no linguajar
psiquiátrico que é usada apenas genericamente nos dias atuais para denominar
toda sorte de aturdimento ou comprometimento da sanidade mental. Essa
insanidade pode ser provocada por diversas psicopatologias diferentes. O que o
Espiritismo nos revela é que dentre os considerados loucos, muitos há que na
verdade padecem de desequilíbrios espirituais e das mais atrozes obsessões.
De fato, é
muito tênue a linha que separa algumas obsessões espirituais da assim chamada
loucura e é verdade que um penoso processo obsessivo pode causar desajustes no
cérebro, assim como outros há que são ao mesmo tempo loucos e obsidiados. O
caso é diferente quando se trata da mediunidade exercida de maneira equilibrada
e saudável. Estudos acadêmicos realizados aqui no Brasil por pesquisadores como
o doutor Sérgio Felipe indicam que médiuns que atuam regularmente em tarefas
mediúnicas geralmente possuem um grau de sanidade acima da média da população
comum.
Para o
Espiritismo todo sofrimento significativo em nossas vidas tem uma causa
explicável dentro da lei de ação e reação. O comprometimento das funções
cerebrais geralmente está relacionado com o mau uso dessas capacidades em vidas
passadas, pela inteligência dedicada ao mal quando deveria ter sido aplicada
para o bem da humanidade. Mas antes de qualquer coisa, reconheçamos naquele que
sofre alguém que pela misericórdia divina está resgatando seus débitos e que
precisa de nosso apoio para vencer a sua prova. Diante da dor do próximo
devemos nos lembrar de que muitas vezes somos o instrumento de que Deus se
utiliza para por fim a prova e ao sofrimento do próximo. Dessa forma Deus nos
exercita na caridade, na compaixão e na misericórdia. Abençoados sejam esses
ativistas corajosos que provavelmente arriscando suas próprias vidas decidiram
expor esse verdadeiro inferno.
Os que têm a
oportunidade de saldar seus débitos são bem-aventurados porque terão
consolações. Somos chamados a por fim em seus sofrimentos, pelo menos no que
diz respeito aos abusos que sofrem nessa instituição, mas se não podemos
aliviar-lhes os sofrimentos decorrentes de suas enfermidades mentais, saibamos
que Deus lhes aliviará suas dores em novas existências. Porém, os verdadeiros
desafortunados serão aqueles que desceram à condição mais vil a que pode chegar
o ser humano, que é a de abusar e violentar um incapaz. Esses estão preparando
a sua sementeira de sofrimentos e a justiça divina, misericordiosa, porém
severa, não os deixará impunes e aqueles serão os sofredores do futuro.
Nunca
deixemos de denunciar o mal, sobretudo quando ele está atingido diretamente às
pessoas. Somos instrumentos de que Deus se utiliza para que a justiça e o bem
sejam feitos na Terra como nos céus, mas nunca nos esqueçamos de que por detrás
da nossa estreita percepção, paira a justiça divina da qual nada escapa e
diante da qual todos seremos chamados a prestar contas, por nossos atos ou por
nossas omissões.
[1]
Breno Henrique de Sousa é paraibano de João
Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio
Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do
movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.
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