terça-feira, 12 de julho de 2016

A Loucura Sob Novo Prisma[1]



Breno Henrique de Sousa

Adolfo Bezerra de Menezes, o médico dos pobres, expoente do Espiritismo, quando encarnado lançou uma obra chamada pelo mesmo título que tomei de empréstimo para este comentário. Não por acaso, essa foi a primeira lembrança que me veio a mente ao ler essa estarrecedora notícia.

A loucura é sem dúvida uma das condições mais lastimáveis em que pode se encontrar o ser humano e, como se não bastassem os sofrimentos da própria insanidade mental, o sofrimento, nesse caso, toma outra proporção pelos abusos a que esses seres humanos são submetidos.

A obra de Bezerra de Menezes é um clássico na literatura espírita e nos revela outro olhar sobre a chamada loucura – expressão ultrapassada no linguajar psiquiátrico que é usada apenas genericamente nos dias atuais para denominar toda sorte de aturdimento ou comprometimento da sanidade mental. Essa insanidade pode ser provocada por diversas psicopatologias diferentes. O que o Espiritismo nos revela é que dentre os considerados loucos, muitos há que na verdade padecem de desequilíbrios espirituais e das mais atrozes obsessões.

De fato, é muito tênue a linha que separa algumas obsessões espirituais da assim chamada loucura e é verdade que um penoso processo obsessivo pode causar desajustes no cérebro, assim como outros há que são ao mesmo tempo loucos e obsidiados. O caso é diferente quando se trata da mediunidade exercida de maneira equilibrada e saudável. Estudos acadêmicos realizados aqui no Brasil por pesquisadores como o doutor Sérgio Felipe indicam que médiuns que atuam regularmente em tarefas mediúnicas geralmente possuem um grau de sanidade acima da média da população comum.

Para o Espiritismo todo sofrimento significativo em nossas vidas tem uma causa explicável dentro da lei de ação e reação. O comprometimento das funções cerebrais geralmente está relacionado com o mau uso dessas capacidades em vidas passadas, pela inteligência dedicada ao mal quando deveria ter sido aplicada para o bem da humanidade. Mas antes de qualquer coisa, reconheçamos naquele que sofre alguém que pela misericórdia divina está resgatando seus débitos e que precisa de nosso apoio para vencer a sua prova. Diante da dor do próximo devemos nos lembrar de que muitas vezes somos o instrumento de que Deus se utiliza para por fim a prova e ao sofrimento do próximo. Dessa forma Deus nos exercita na caridade, na compaixão e na misericórdia. Abençoados sejam esses ativistas corajosos que provavelmente arriscando suas próprias vidas decidiram expor esse verdadeiro inferno.

Os que têm a oportunidade de saldar seus débitos são bem-aventurados porque terão consolações. Somos chamados a por fim em seus sofrimentos, pelo menos no que diz respeito aos abusos que sofrem nessa instituição, mas se não podemos aliviar-lhes os sofrimentos decorrentes de suas enfermidades mentais, saibamos que Deus lhes aliviará suas dores em novas existências. Porém, os verdadeiros desafortunados serão aqueles que desceram à condição mais vil a que pode chegar o ser humano, que é a de abusar e violentar um incapaz. Esses estão preparando a sua sementeira de sofrimentos e a justiça divina, misericordiosa, porém severa, não os deixará impunes e aqueles serão os sofredores do futuro.

Nunca deixemos de denunciar o mal, sobretudo quando ele está atingido diretamente às pessoas. Somos instrumentos de que Deus se utiliza para que a justiça e o bem sejam feitos na Terra como nos céus, mas nunca nos esqueçamos de que por detrás da nossa estreita percepção, paira a justiça divina da qual nada escapa e diante da qual todos seremos chamados a prestar contas, por nossos atos ou por nossas omissões.




[1] Breno Henrique de Sousa é paraibano de João Pessoa, graduado em Ciências Agrárias e mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba. Ambientalista e militante do movimento espírita paraibano há mais de 10 anos, sendo articulista e expositor.

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