Manuel Vianna de Carvalho[2]
A sociedade terrestre alcançou,
na atualidade, os mais altos níveis de ciência e tecnologia, decifrando
inúmeros enigmas do macro ao microcosmo.
As doutrinas médicas vêm
conseguindo debelar enfermidades pandêmicas destruidoras de milhões de vidas,
enquanto a tecnologia de ponta elimina as distâncias, facilita as comunicações
e a locomoção, ensejando melhor compreensão das culturas diversas e mais fácil
aprendizagem sobre as avançadas aquisições da inteligência.
Pântanos e desertos têm sido
transformados em jardim e pomares que embelezam a Terra e facilitam o convívio
humano.
Nada obstante, o ser
contemporâneo encontra-se faminto de luz espiritual, de amor fraternal e de paz
interior.
Em consequência, aumentam os
índices de criminalidade, do abandono, do desrespeito aos direitos humanos, das
massas em revoluções contínuas, inquietas e dominadas por sofrimentos
inenarráveis punidas com severidade, assim como alarmantes desmandos morais,
sociais, religiosos, políticos e administrativos…
Homens e mulheres que assumiram
a responsabilidade pela condução dos povos, com exceções consideráveis,
arruínam as nações que governam dominados pelo egoísmo, pelas ambições
desmedidas que os induzem a condutas reprováveis e criminosas, constituindo-se
exemplos de malversação dos recursos públicos mediante comportamentos
vergonhosos.
Os vícios campeiam ao lado da
violência urbana, que culmina em revoluções coletivas, tentando desapear do
poder governos arbitrários que os usurpam, e pretendem neles eternizarem-se,
inescrupulosos e servis às paixões subalternas que os dominam.
Isto, naturalmente, como
resultado da perda da identidade moral em torno da responsabilidade pessoal, da
desconsideração aos princípios ético-morais que devem viger no indivíduo, tanto
quanto na sociedade. Falhando, no primeiro, inevitavelmente desaparece na
segunda.
Vive-se o momento de inadiável
necessidade de retornar-se aos valores estabelecidos pela cultura, pela
civilização, pelo Evangelho de Jesus – o mais extraordinário código de ética da
Humanidade em todos os tempos – a fim de construir-se um mundo melhor,
iniciando-se no cidadão transformado pelo bem.
Nenhuma legislação terrestre
pode alcançar esse mister, porque é da natureza íntima de cada um, intransferível,
já que nada de fora pode alterar a consciência e o comportamento interior do
ser humano.
Somente o esclarecimento em
torno de suas responsabilidades morais e sociais, particularmente as que dizem
respeito à sua realidade de Espírito Imortal, pode realizar o processo de
transformação interior para melhor, como clara consciência do que lhe cabe
realizar como dever, a fim de fruir dos decorrentes direitos que lhe dizem
respeito.
O ser humano ainda permanece um
enigma para ele próprio, mas somente através da introspecção orientada com
segurança conseguirá decifrar-se por conhecer-se na intimidade, nas raízes
existenciais do imenso caminho reencarnacionista, propondo-se à autoiluminação
e ao serviço de solidariedade em relação ao seu próximo.
Um ser iluminado é um campeão de
conquistas valiosas, que se transforma em farol humano apontando as penedias no
oceano existencial.
Para lográ-lo, torna-se
impostergável o dever de trabalhar-se intimamente, a fim de descobrir-se,
identificando de onde vem, para onde vai e qual o sentido objetivo que lhe deve
direcionar o comportamento, a fim de prosseguir no rumo da imortalidade
vitoriosa.
O Espiritismo é a ciência ainda
não conhecida quanto deveria, que dispõe dos mais seguros instrumentos que
facultam a análise e o autoconhecimento humano, aliada a uma filosofia
otimista, rica de elucidações profundas que deságuam nos luminosos conceitos de
ordem moral de efeito religioso…
O seu estudo consciente e sério
liberta o ser humano da ignorância em torno da existência, enquanto o enriquece
de sabedoria, a fim de conduzir-se com segurança, experimentando a plenitude –
meta de toda a existência.
Conhecê-lo profundamente é o
grande desafio que a todos aguarda.
Desse modo, aos militares
espíritas, que são educados na severa disciplina dos códigos legais, para
servir à Pátria, cabe a grande tarefa de aliar os conhecimentos da estratégia
bélica e daqueloutra pacífica, às lições do Embaixador da Paz no mundo, que
veio para servir e doou-se, tornando-se exemplo do mesmo, os inolvidáveis
servidores Maurício e à sua legião tebana, que matar, mesmo quando legalmente,
é um crime perante as Leis Cósmicas, sendo mais importante salvar e pacificar
para melhor conquistar aquele que se lhe torna inimigo…
Todo inimigo é alguém que perdeu
o endereço de si mesmo, e, por consequência, teme os outros, deles fugindo
através do conflito da agressividade mental, emocional, política e social.
A compaixão para com ele e a
educação para com todos são os recursos psicoterapêuticos mais valiosos, a fim de
dar-lhes sentido e significado psicológico e espiritual à existência que
atravessa a noite escura da alma, perdidos em si mesmos.
Congratulando-nos com os
companheiros de lutas terrestres e servidores militares pelo transcurso do
septuagésimo aniversário da Cruzada dos Militares Espíritas, exora o amparo e
as bênçãos de Jesus para todos nós, de ambos os planos da vida, o companheiro e
amigo de lides espíritas e militares.
[1] Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de 12
de maio de 2014, na cidade de Bruxelas, Bélgica.
[2] Nascido na cidade de Icó, Estado do Ceará, aos 10 de
dezembro de 1874, era filho do professor Tomás Antônio de Carvalho e de D.
Josefa Viana de Carvalho. Desencarnou a bordo do navio "Íris", sendo
o seu corpo sepultado na Bahia, aparentemente em Salvador. Era o dia 13 de
outubro de 1926. Numa época quando a divulgação da Doutrina Espírita ensaiava
os seus primeiros passos e encontrava pela frente a mais obstinada oposição, o
Major Dr. Manuel Vianna de Carvalho, com pulso firme e animado do mais vivo
idealismo, desbravava o terreno para nele lançar a semente generosa da
propaganda.
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