Quando se vai fazer uma
pesquisa, no campo da mediunidade, é de absoluta importância submeterem-se as
manifestações a um controle objetivo, tanto científico quanto possível. Devemos
ser os primeiros a desejar a eliminação das causas de dúvida. Só poderemos
convencer alguém, quando apresentarmos o fato observado e estudado
criteriosamente. Queremos enfatizar que não estamos propondo tal controle para
todas as reuniões mediúnicas, de qualquer modalidade, psicofônicas ou
psicográficas, públicas ou privadas. Frisamos bem: o controle é necessário nos
trabalhos de pesquisa, visando obter provas.
Por exemplo: as sessões de
materialização, efeitos físicos, fotografia espírita, transportes de objetos,
transfiguração ou semelhantes precisam ser submetidas a controle rigoroso.
Essas sessões não visam trazer
conforto ou consolo; buscam a prova da sobrevivência do espírito. Caem no campo
das ciências e precisam seguir seus métodos e técnicas.
Obviamente, uma sessão de
materialização não deve ser utilizada para levantar fundos para obras
assistenciais; ou aproveitar o Espírito materializado (com que dificuldades!)
para proceder a curas, dar passes etc.
As verdades da Ciência são, de
fato, relativas, mas representam o conceito atual do assunto. O Espiritismo
deve acatar as explicações e manter uma sequência de teorias lógica e racional.
É postulado que Kardec sempre defendeu: "Os fatos que a ciência demonstra
peremptoriamente não podem ser negados por nenhuma crença religiosa. A religião
ganha tanta autoridade, acompanhando a ciência em seus progressos, tanto quanto
a perde, caprichando em ficar atrás, ou repelindo verdades científicas em nome
de dogmas, que jamais poderão prevalecer contra as leis naturais, nem
principalmente anulá-las." (Obras Póstumas — 1ª parte — Manifestações de
Espíritos — item 7.)
A mesma opinião esposa Gabriel
Delanne: "O Espiritismo dá-nos a conhecer a alma; a ciência nos descobre
as leis da matéria viva. Trata-se, portanto, para nós, de conjugar os dois ensinos,
mostrar que eles mutuamente se auxiliam, se completam, tornam-se mesmo
inseparáveis e indispensáveis à compreensão dos fenômenos da vida física e
intelectual, por isso que de uma tal concordância resulta, para o ser humano, a
mais esplêndida de quantas certezas lhe seja facultado adquirir na Terra."
(A Evolução Anímica — Introdução — Gabriel Delanne — Edição F.E.B.)
É preciso que façamos
desaparecer a ideia de antagonismo entre Espiritismo e Ciência. A verdadeira
Ciência não hostiliza o Espiritismo, pois ela não é sectária, não se manifesta
ao sabor de opiniões pessoais. Por sua vez, o Espiritismo não pode ir contra a
Ciência, pois é nela que ele buscou as bases objetivas de sua doutrina e, de
acordo com ela, estabelecerá as novas explicações dos fatos psíquicos.
Não confundamos a opinião
individual de alguns com as verdades científicas. Ninguém tem o direito de se
revestir com o manto da Ciência para atacar pontos de vista filosóficos,
inteiramente fora de sua alçada. Um químico, por exemplo, deve ter sua opinião
respeitada e acatada, desde que fale dos assuntos da sua especialidade, mas,
quando se propõe a formular teorias e dogmatizar sobre religião, o faz sem
nenhuma autoridade. Assim, também as religiões não têm competência para refutar
teorias científicas, quando se trata de questões de ordem material.
[1] Pureza
Doutrinária. Ary Lex; Prefácio de Apolo Oliva Filho;
Capítulo III - Ciência e Espiritismo; São Paulo; Edições FEESP, 1988.
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