domingo, 6 de março de 2016

Controle Científico dos Fenômenos[1]


 

Quando se vai fazer uma pesquisa, no campo da mediunidade, é de absoluta importância submeterem-se as manifestações a um controle objetivo, tanto científico quanto possível. Devemos ser os primeiros a desejar a eliminação das causas de dúvida. Só poderemos convencer alguém, quando apresentarmos o fato observado e estudado criteriosamente. Queremos enfatizar que não estamos propondo tal controle para todas as reuniões mediúnicas, de qualquer modalidade, psicofônicas ou psicográficas, públicas ou privadas. Frisamos bem: o controle é necessário nos trabalhos de pesquisa, visando obter provas.
Por exemplo: as sessões de materialização, efeitos físicos, fotografia espírita, transportes de objetos, transfiguração ou semelhantes precisam ser submetidas a controle rigoroso.
Essas sessões não visam trazer conforto ou consolo; buscam a prova da sobrevivência do espírito. Caem no campo das ciências e precisam seguir seus métodos e técnicas.
Obviamente, uma sessão de materialização não deve ser utilizada para levantar fundos para obras assistenciais; ou aproveitar o Espírito materializado (com que dificuldades!) para proceder a curas, dar passes etc.
As verdades da Ciência são, de fato, relativas, mas representam o conceito atual do assunto. O Espiritismo deve acatar as explicações e manter uma sequência de teorias lógica e racional. É postulado que Kardec sempre defendeu: "Os fatos que a ciência demonstra peremptoriamente não podem ser negados por nenhuma crença religiosa. A religião ganha tanta autoridade, acompanhando a ciência em seus progressos, tanto quanto a perde, caprichando em ficar atrás, ou repelindo verdades científicas em nome de dogmas, que jamais poderão prevalecer contra as leis naturais, nem principalmente anulá-las." (Obras Póstumas — 1ª parte — Manifestações de Espíritos — item 7.)
A mesma opinião esposa Gabriel Delanne: "O Espiritismo dá-nos a conhecer a alma; a ciência nos descobre as leis da matéria viva. Trata-se, portanto, para nós, de conjugar os dois ensinos, mostrar que eles mutuamente se auxiliam, se completam, tornam-se mesmo inseparáveis e indispensáveis à compreensão dos fenômenos da vida física e intelectual, por isso que de uma tal concordância resulta, para o ser humano, a mais esplêndida de quantas certezas lhe seja facultado adquirir na Terra." (A Evolução Anímica — Introdução — Gabriel Delanne — Edição F.E.B.)
É preciso que façamos desaparecer a ideia de antagonismo entre Espiritismo e Ciência. A verdadeira Ciência não hostiliza o Espiritismo, pois ela não é sectária, não se manifesta ao sabor de opiniões pessoais. Por sua vez, o Espiritismo não pode ir contra a Ciência, pois é nela que ele buscou as bases objetivas de sua doutrina e, de acordo com ela, estabelecerá as novas explicações dos fatos psíquicos.
Não confundamos a opinião individual de alguns com as verdades científicas. Ninguém tem o direito de se revestir com o manto da Ciência para atacar pontos de vista filosóficos, inteiramente fora de sua alçada. Um químico, por exemplo, deve ter sua opinião respeitada e acatada, desde que fale dos assuntos da sua especialidade, mas, quando se propõe a formular teorias e dogmatizar sobre religião, o faz sem nenhuma autoridade. Assim, também as religiões não têm competência para refutar teorias científicas, quando se trata de questões de ordem material.



[1] Pureza Doutrinária.  Ary Lex; Prefácio de Apolo Oliva Filho; Capítulo III - Ciência e Espiritismo; São Paulo; Edições FEESP, 1988.

Nenhum comentário:

Postar um comentário