Jorge Hessen
A economia do mundo atual está
periclitante e não consegue se recuperar da debacle econômica de 2008, aliás, a
maior das últimas 8 décadas. Tudo teve início nas quebras de grandes bancos nos
EUA, deixando um rombo estimado em quase US$ 3 trilhões. A crise de então se
expandiu pelo planeta, provocando amplos cenários de desemprego e recessão. A
rigor, as principais economias do mundo ainda não se recuperaram. Apesar de
toda essa tempestade econômica, paradoxalmente o número de bilionários
duplicou.
Os fatos demonstram que as
crises econômicas têm o poder de concentrar renda e deixar os ricos mais ricos.
Como resolver isso? Seguramente não será com as ideologias extremistas do
igualitarismo. Quanto maior a desigualdade econômica num país, mais forte tende
a ser a divisão ideológica entre os chamados grupos do “igualitarismo” e do
“liberalismo”. E a história sugere que a superconcentração de recursos redunda
em algum tipo de desordem. Por isso, a desigualdade das riquezas é um dos
problemas que preocupa muita gente. Mas, debalde se procurará resolver tal
desigualdade levando em conta apenas a unicidade das existências.
Afinal, por que não são
igualmente ricos todos os homens? Indagou Kardec aos Benfeitores que
responderam: “Não o são por uma razão muito simples: por não serem igualmente
inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para
conservar” [2]. E
mais, é fato matematicamente demonstrado que “a riqueza, repartida com
igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente. Por outra, se
efetuada essa partilha, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, pela
diversidade dos caracteres e das aptidões. Supondo ainda que seja possível e
durável essa divisão, cada um teria somente com o que viver e o resultado seria
o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e
para o bem-estar da Humanidade” [3].
Ora, “se Deus concentra a
riqueza em certos pontos, é para que daí se expanda em quantidade suficiente,
de acordo com as necessidades. Admitido isso, pergunta-se por que Deus a
concede a pessoas incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos”[4].
Eis aí uma prova da Sabedoria e da Bondade Divina. Dando o livre-arbítrio ao
homem, quer Deus que o mesmo chegue, por experiência própria, a distinguir o
bem do mal e opte pelo bem, de livre vontade e por seus esforços. Obviamente a
harmonia da sociedade não virá por decretos, nem de parlamentos que
caracterizam sua ação por uma força excessivamente passageira.
Os conceitos do Espiritismo
defendem a meritocracia do ideário liberal, a liberdade individual e quem pugna
por esses valores não deve ser tido como um reacionário. O princípio da
improfícua ideologia igualitária sempre fascinou a mente revoltosa, porque
parece ser mais “justa”, e atender melhor à parte mais desprotegida da
humanidade. Irrisão! Essa ideologia carrega consigo uma mancha execrável. Não é
capaz de respeitar o que é inerente ao ser humano, que é o livre arbítrio
individual. Como não conseguirá jamais se estabelecer com a concordância dos
cidadãos, precisa se impor à força para que os “mais iguais” (grupos
artificiais) minoritários liderem e dirijam a “liberdade” do resto da população
reprimida.
Reafirmamos que os adeptos do
materialismo sonham com a igualdade irrestrita das criaturas, sem compreender
que, recebendo os mesmos direitos de trabalho e de aquisição perante Deus
[aceitem ou não!], os homens, por suas próprias ações, são profundamente
desiguais entre si, em inteligência, virtude, compreensão e moralidade. E
consta nos anais da História que o “trabalho” , o “batente”, o “rala-rala”, o
“labor diário” para o ganha pão não é a credencial moral dos reivindicadores do
princípio igualitário.
Sob o ponto de vista reencarnacionista,
o Espiritismo ilustra os contrassensos das teorias radicais do igualitarismo e
coopera na restauração do adequado caminho da evolução social. Emoldurando a
ideologia igualitária nos apelos cristãos, não se deslumbra com as reformas
exteriores, para rematar que a excepcional renovação considerável é a do homem
interior, célula viva do organismo social de todos os tempos, justando pela
intensificação dos movimentos educativos da criatura, à luz eterna do Evangelho
do Cristo.
De acordo com a História sempre
existiram, existem e deploravelmente existirão grupos de materialistas, ateus e
rebeldes extremistas em número significativo, que são estrepitosos, violentos e
constituem ameaça à liberdade do cidadão. E quem se opõe à sua cartilha
agressiva não pode ser considerada uma “maioria” alienada e muito menos
cidadãos que se sentem ameaçados nas suas conquistas, construídas com trabalho
e dignidade. Ora, qualquer ideologia de princípios igualitários não pode perder
de vista a sábia máxima do Cristo “a cada um segundo seus merecimentos”.
Cabe ressaltar ainda que os
princípios contidos em O Livro dos
Espíritos relativos às leis morais, e mesmo no Evangelho de Jesus, dão
sustentação à fraternidade sem quaisquer pechas de ideologias igualitárias.
Será perda de tempo valer-se da retórica vazia de que o livro “Nosso Lar”
descreve uma comunidade com as falácias socialistas igualitárias, não é
verdade! Pois lá se reafirma a lógica da meritocracia em que o indivíduo é
abonado pelas virtudes e talentos morais conquistados. Aliás, um exemplo para
qualquer sociedade.
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