Hugo Reis
Não te aturdas pelo que vês nas
fileiras da Seara Espírita, que almejavas grandiosa e bela: a apatia no campo
moral de tantos, dando a impressão de que isso é coisa natural; os desatinos
que não são freados pelo bom-senso, comprometendo o nome da gloriosa Doutrina;
a maledicência que alcança largas praias da vida dos nossos arraiais, como se
devessem fazer parte das nossas ocupações cotidianas; os descompassos entre as
lições teóricas conhecidas e as atividades práticas diárias cheias de
hostilidades.
Não te deixes desalentar pela
sensação de que o Espiritismo em nada te auxilia, considerando os golpes
contundentes que te ferem cotidianamente, impondo-te lágrimas em que se mesclam
dores, mágoas e revoltas.
Não te rebeles ao verificar que
muitos que ocupam posições destacadas no Movimento do luarizado Espiritismo,
agem como se nada tivessem a ver com a magnitude da mensagem, uma vez que
somente anseiam pelas coisas do mundo material, com cinismo e desplante, preocupados
tão só em fixar-se nas posições que lhes proporcionam maior visibilidade,
bastando-lhes o ensejo exibicionista, em função dos quais afirmou Jesus que “já
teriam obtido o seu galardão”, ou seja, o que desejavam.
Não te atormentes, pois, uma vez
que o planeta terreno atravessa momentos de seriíssimas definições e
redefinições, de cujo processo ninguém pode escapar, enquanto se persistir na
busca do progresso.
A Terra, em razão disso, traz
sobre seu dorso e nas esferas do seu campo psíquico, entidades nos mais
diferenciados estágios de aprimoramento, de desenvolvimento geral, dentre os
quais são muitos os que se aninham na má vontade, esforçando-se por retardar o
dia luminoso da grande renovação planetária.
Nesse estado de coisas, não
estaria o Movimento Espírita indene a semelhantes presenças ou livres dessas
almas que, em si mesmas atordoadas, causam atordoamento onde quer que chegam,
quer estejam no corpo físico, reencarnadas, quer ainda se achem aguardando
novas oportunidades, na erraticidade.
Do mesmo modo que encontramos
almas irresponsáveis que se valem do nome de Jesus, a fim de explorar a boa fé
dos ingênuos e dos incautos, dos ignorantes e dos parvos, nas mais distintas
confissões de fé ou fora delas, temos em nosso Movimento os que, da mesma maneira,
evocam o nome do Senhor, admitindo sempre que não há nenhuma necessidade de que
levem a sério o trabalho e os deveres que lhes cabem, já que os Guias do mundo
são dotados de grande generosidade, são misericordiosos.
Almas infantilizadas, nas quais
ainda é verdoso o senso moral, enxameiam, orgulhosas umas, vaidosas outras,
prepotentes tantas, que, mesmo reconhecendo suas incapacidades, fazem questão
de assumir posições e cargos de responsabilidade, que sabem que não responderão
a contento, pelo fato de tais situações lhes conferir projeção ou destaque
social.
Há os que não têm nenhuma noção
do campo de atividades em que se acham, mas não recuam, não procuram
orientar-se de modo a produzir o melhor para a Doutrina. Permanecem como estão,
supondo que os Espíritos do Senhor lhes suprirão a má vontade e o relaxamento.
Desgraçadamente, tais irmãos do
mundo estão distribuídos por todos os campos da vida social e se fazem
temerários aventureiros nas esferas da política ou da administração das coisas
públicas; achamo-los à frente de empresas que deveriam ser produtivas para o
progresso da sociedade e que seguem a passos tartaruguescos; temo-los liderando
movimentos artísticos e culturais, onde nada funciona a contento, onde coisa
alguma de expressivamente bom acontece para suas áreas, do mesmo modo como os
deparamos à frente de grupos familiares e de instituições religiosas.
Vemos que cada um anseia por
extrair benefícios imediatos da situação em que se aloja, desacreditando,
convictamente, da vida imortal para além da matéria densa do mundo. Não te
desarmonizes, pois, perante esse quadro sinistro, conflitivo e cheio de
contradições da sociedade.
Trata de cumprir o que a ti te
cabe, sem que as atitudes alheias te induzam ao desgoverno de ti mesmo, ou ao
relaxamento para com teus compromissos perante a existência.
Cumpre-te pautar a vida nos
passos dos ensinos do grande Mestre Jesus Cristo; aprende com Ele que a cada um
será conferido de conformidade com as próprias atuações nos trilhos da vida.
Aprende, ainda, a não depositar
os ensinos rútilos do Espiritismo sob mãos francamente incapazes ou sob
mentalidades insanas, pois que, sem contestação, mais cedo ou mais tarde, tudo
elas conseguirão desvirtuar, tudo irão degenerar sob os mais tolos ou obscuros
argumentos.
Trata, pois, de mergulhar a
mente nos ensinamentos felizes do Cordeiro de Deus e ajusta os teus passos na
trilha por Ele deixada, e não te importunarás com os companheiros desviados da
estrada por livre deliberação, conseguindo, então, não oferecer suas pérolas aos
porcos, tampouco desejarás depositar vinho novo em barril velho, procurando,
aí, sim, apesar das pelejas ardentes e das lágrimas inevitáveis dos teus
testemunhos, seguir fiel e renovado, cheio de possibilidades para entender,
orientar e socorrer a quantos o necessitem, na busca do Reino dos Céus, por
meio dos roteiros do Espiritismo.
Com o tempo, na medida em que se
renovem os humanos, também renovar-se-á o nosso bendito Movimento Espírita que,
somente então, conseguirá refletir o brilho intraduzível do estelar
Espiritismo.
Assim, não te descompenses.
Procura fazer o que te cabe para ser feliz, levando contigo os que estejam
sintonizados com o ideal de vida abundante e de paz insuplantável que adotaste
para alicerçar a tua existência.
[1] Mensagem psicografada por Raul Teixeira, em 11.02.2008, na Sociedade Espírita Francisco
de Assis de Amparo aos Necessitados – SEFAN, em Ponta Grossa – PR. - http://www.agendaespiritabrasil.com.br/2015/12/03/dificuldades-no-movimento-espirita/
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