quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Obsessão persistente[1]



 Antônio Carlos Navarro - 03/11/2015


Quando o espírito imundo sai do homem, atravessa lugares áridos, procurando repouso; não encontrando, diz: “Tornarei para minha casa, de onde saí”. Após vir, encontra-a varrida e adornada. Então sai e traz consigo outros sete espíritos, piores do que ele e, entrando, habitam ali. E torna-se o último estado daquele homem pior que o primeiro.
 Refere-se o Senhor Jesus, na passagem acima, à tentativa de continuidade do processo obsessivo ao qual se sujeita o espírito encarnado por conta de suas ações do passado e ou de seus comportamentos atuais.
Em linhas gerais define-se a obsessão por ação persistente entre mentes humanas independentemente da condição de se estar encarnado ou desencarnado.
Na anotação do Evangelista Lucas é evidente o processo obsessivo a partir da atuação do desencarnado sobre o encarnado, e precisamos, por lógica evangélica, entender que o Senhor Jesus chama de imundo não o espírito em si, que é filho da Perfeição Suprema, mas sim a condição que enverga através de seu comportamento.
Na passagem em tela é evidente que o espírito obsessor “saiu” do entorno do seu perseguido sem modificar seu entendimento, e por isso vagou por regiões espirituais que não lhe permitiram alívio e repouso, restando-lhe a opção pelo retorno ao processo obsessivo, ou seja, à casa mental do seu obsediado.
Observa-se que a casa mental estava varrida e adornada, mas não reformada, o que faz muita diferença.
Obsessores se aproveitam das mazelas morais de suas vítimas, e também de suas possíveis falhas morais perpetradas diretamente contra eles em épocas passadas, influenciando-os e alimentando-os paulatinamente, a partir dos mais simples pensamentos intentando, calculadamente, o controle máximo de suas vítimas.
Como o acesso do obsessor se dá pelo comportamento moral da vítima, e se esta não modifica seus valores e também não se aplica em nova conduta, que deveria ser a resultante de uma reforma efetiva em seu comportamento, fica sujeita à recidiva do inimigo desencarnado que observa, com facilidade, o que é adorno e o que é reforma, com a possibilidade de conseguir “reforço” espiritual para conseguir seu intento, piorando em muito a situação da vítima, que teve a oportunidade do alívio, mas não cumpriu com as suas obrigações em relação à benção concedida sujeitando-se a novos e maiores sofrimentos.
Quando o devedor se posiciona resoluto em se reformar moralmente, naturalmente se distancia vibratoriamente de seu algoz, como também passa a receber influência positiva dos espíritos que desejam ajudá-lo, que não suprimem as obrigações e esforços que lhe são pessoais.
Na passagem evangélica o Senhor Jesus nos apresentou uma face dos inúmeros processos obsessivos possíveis, e suas consequências, mas em outro momento também deixou claro que “há mais alegria no Céu por um arrependido, do que por noventa e nove que não precisam de arrependimento”, o que significa que sempre haverá a possibilidade de se desvincular dos erros cometidos, e das perseguições decorrentes, predispondo-se se reformar com convicção e dedicação ao intento.
Enfim, a Misericórdia Divina se faz presente sempre, mas sempre conta com o esforço pessoal de cada um, mesmo porque, como também disse o Senhor, “a cada um será dado segundo suas próprias obras”.
Pensemos nisso.




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