Antônio Carlos Navarro - 03/11/2015
Quando o espírito imundo sai do
homem, atravessa lugares áridos, procurando repouso; não encontrando, diz: “Tornarei
para minha casa, de onde saí”. Após vir, encontra-a varrida e adornada. Então sai
e traz consigo outros sete espíritos, piores do que ele e, entrando, habitam
ali. E torna-se o último estado daquele homem pior que o primeiro.
Refere-se o Senhor Jesus, na passagem acima, à
tentativa de continuidade do processo obsessivo ao qual se sujeita o espírito
encarnado por conta de suas ações do passado e ou de seus comportamentos
atuais.
Em linhas gerais define-se a
obsessão por ação persistente entre mentes humanas independentemente da
condição de se estar encarnado ou desencarnado.
Na anotação do Evangelista Lucas
é evidente o processo obsessivo a partir da atuação do desencarnado sobre o
encarnado, e precisamos, por lógica evangélica, entender que o Senhor Jesus
chama de imundo não o espírito em si, que é filho da Perfeição Suprema, mas sim
a condição que enverga através de seu comportamento.
Na passagem em tela é evidente
que o espírito obsessor “saiu” do entorno do seu perseguido sem modificar seu
entendimento, e por isso vagou por regiões espirituais que não lhe permitiram
alívio e repouso, restando-lhe a opção pelo retorno ao processo obsessivo, ou
seja, à casa mental do seu obsediado.
Observa-se que a casa mental
estava varrida e adornada, mas não reformada, o que faz muita diferença.
Obsessores se aproveitam das
mazelas morais de suas vítimas, e também de suas possíveis falhas morais
perpetradas diretamente contra eles em épocas passadas, influenciando-os e
alimentando-os paulatinamente, a partir dos mais simples pensamentos
intentando, calculadamente, o controle máximo de suas vítimas.
Como o acesso do obsessor se dá
pelo comportamento moral da vítima, e se esta não modifica seus valores e
também não se aplica em nova conduta, que deveria ser a resultante de uma
reforma efetiva em seu comportamento, fica sujeita à recidiva do inimigo desencarnado
que observa, com facilidade, o que é adorno e o que é reforma, com a
possibilidade de conseguir “reforço” espiritual para conseguir seu intento,
piorando em muito a situação da vítima, que teve a oportunidade do alívio, mas
não cumpriu com as suas obrigações em relação à benção concedida sujeitando-se
a novos e maiores sofrimentos.
Quando o devedor se posiciona
resoluto em se reformar moralmente, naturalmente se distancia vibratoriamente
de seu algoz, como também passa a receber influência positiva dos espíritos que
desejam ajudá-lo, que não suprimem as obrigações e esforços que lhe são
pessoais.
Na passagem evangélica o Senhor
Jesus nos apresentou uma face dos inúmeros processos obsessivos possíveis, e
suas consequências, mas em outro momento também deixou claro que “há mais
alegria no Céu por um arrependido, do que por noventa e nove que não precisam
de arrependimento”, o que significa que sempre haverá a possibilidade de se
desvincular dos erros cometidos, e das perseguições decorrentes, predispondo-se
se reformar com convicção e dedicação ao intento.
Enfim, a Misericórdia Divina se
faz presente sempre, mas sempre conta com o esforço pessoal de cada um, mesmo
porque, como também disse o Senhor, “a cada um será dado segundo suas próprias
obras”.
Pensemos nisso.
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