quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Eu amo o Paraíso[1]



Antônio Carlos Navarro[2]

 O ideal, meu caro amigo leitor, seria você assistir o vídeo antes de ler este nosso ensaio. Não que seja imprescindível, mas nos sintonizaríamos melhor a respeito de seu conteúdo.
 

Trata-se de um diálogo com menos de dois minutos, entre o garoto americano Silas Nathaniel Edenfield e sua mãe, a respeito do Paraíso, ou de outra forma, o Céu.
Na ocasião Silas era portador de câncer no fígado, irreversível e fatal, vindo a desencarnar com quatro anos e onze meses em vinte e cinco de maio de dois mil e treze.
Ele fala do Paraíso, dizendo que o ama, e que não era de seu desejo sair de lá para vir ao mundo dos encarnados, o que é necessário ao espírito para que ele possa progredir até a perfeição. E como não se consegue alcançar a perfeição em uma única vida, ainda mais nos casos de mortes prematuras, é preciso passar por diversas reencarnações até que a perfeição se dê.
No vídeo, a mãe conversa com Silas sobre como será o Paraíso quando ele voltar, ou seja, quando desencarnar. Fica claro que ambos estavam conscientes em relação à situação física. E é absolutamente incrível como sua mãe conduziu a situação, demonstrando total controle emocional, e, podemos dizer, confiança na realidade espiritual.
Silas diz que terá um novo corpo no Paraíso, sem câncer, e nunca mais ficará doente, que Deus estará com ele, e que sua parte favorita do Paraíso é que as ruas são de ouro, evidentemente querendo dizer que são brilhantes, e que no Paraíso tudo é bom, e acrescenta que Jesus e Deus estarão com ele. Logo após essas palavras ele encerra o diálogo dizendo que já terminou.
Os Espíritos Superiores, através da Doutrina Espírita, esclarecem que “A duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que nela está encarnado, o complemento de uma existência anterior interrompida antes do tempo. Sua morte é, muitas vezes, também uma provação ou uma expiação para os pais” [3], e que doenças como a que vitimou o pequeno Silas podem estar relacionadas a “Toda queda moral nos seres responsáveis opera certa lesão no hemisfério psicossomático ou perispírito, a refletir-se em desarmonia no hemisfério somático ou veículo carnal, provocando determinada causa de sofrimento” [4] .
Raciocinemos. Silas não teve, através de seu comportamento, como gerar o câncer na atual reencarnação e por isso a situação, para nos confortarmos em Deus, só pode ter sido causada em reencarnações anteriores, com o corpo físico funcionando como um filtro do corpo espiritual. E Silas sabia disso, porque afirmou que não teria mais doenças em seu futuro corpo quando adentrasse o Paraíso.
A naturalidade com que ele fala do Paraíso demonstra que ele já o vive no seu mundo íntimo, o que é atestado pelo ensino dos Espíritos encarregados da Codificação Espírita quando afirmam “…porque céu e inferno, exprimindo equilíbrio e perturbação, alegria e dor, começam invariavelmente em nós mesmos” [5] , embasados na fala de Nosso Senhor Jesus Cristo “Nem dirão: Vede aqui, ou vede ali, pois o Reino de Deus está dentro de vós” [6] , significando que o Paraíso é uma construção intima, portanto, conquista pessoal do espírito imortal.
A facilidade com que ele se lembra da vivência espiritual antes da atual encarnação também tem explicação. A reencarnação começa, fisicamente, na concepção, mas o processo vai “até que ele atinja os sete anos, após o renascimento, ocasião em que o processo reencarnacionista estará consolidado” [7] .
Alertemo-nos, porque esta informação é suficientemente clara para entendermos que o aborto, em qualquer tempo, é atentado contra a vida do espírito reencarnante, portanto, uma agressão ao próximo e à Lei Divina.
Dado a certeza que ambos, mãe e filho, demonstraram em relação à realidade espiritual, o que poderíamos chamar de fé, desejamos encerrar esse nosso ensaio lembrando-nos do Benfeitor Espiritual Emmanuel, guia do médium Francisco Cândido Xavier:
Poder-se-á definir o que é ter fé?
Ter fé é guardar no coração a luminosa certeza em Deus, certeza que ultrapassou o âmbito da crença religiosa, fazendo o coração repousar numa energia constante de realização divina da personalidade.
Conseguir a fé é alcançar a possibilidade de não mais dizer “eu creio”, mas afirmar “eu sei”, com todos os valores da razão tocados pela luz do sentimento. Essa fé não pode estagnar em nenhuma circunstância da vida e sabe trabalhar sempre, intensificando a amplitude de sua iluminação, pela dor ou pela responsabilidade, pelo esforço e pelo dever cumprido.
Traduzindo a certeza na assistência de Deus, ela exprime a confiança que sabe enfrentar todas as lutas e problemas, com a luz divina no coração, e significa a humildade redentora que edifica no íntimo do espírito a disposição sincera do discípulo, relativamente ao “faça-se no escravo a vontade do Senhor” [8].
 
Pensemos nisso.



[2] Antônio Carlos Navarro é membro da Rede Amigo Espírita, estudioso e palestrante espírita. Trabalhador do Centro Espírita Francisco Cândido Xavier em São José do Rio Preto – SP – e-mail: antoniocarlosnavarro@gmail.com
[3] O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, item 199.
[4] Evolução em Dois Mundos, de Francisco C. Xavier e André Luiz, cap. 35.
[5] Evolução em Dois Mundos, de Francisco C. Xavier e André Luiz, cap. 37.
[6] Lucas 17:21 – Novo Testamento, Tradução de Haroldo Dutra Dias, 1ª Edição, 2010.
[7] Missionários da Luz, de Francisco C. Xavier e André Luiz, cap. 13.
[8] O Consolador, de Francisco C. Xavier e Emmanuel, item 354.

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