Joanna de Ângelis[2]
Nada que o justifique.
Infanticídio execrável, o aborto
delituoso é cobarde processo de que se utilizam os espíritos fracos para
desfazer-se da responsabilidade, incidindo em grave delito de que não poderão
exonerar com facilidade.
Não obstante, em alguns países,
na atualidade, o aborto sem causa justa - e como causa justa devemos considerar
o aborto terapêutico, mediante cuja interferência médica se objetiva a salvação
da vida orgânica da gestante - se encontre legalizado, produzindo inesperada
estatística de alto índice, perante as leis naturais que regem a vida, continua
a ser atentado criminoso contra um ser que se não pode defender, constituindo,
por isso mesmo, dos mais nefandos atos de agressão à criatura humana...
Defensores insensatos do aborto
delituoso, costumam alegar que nos primeiros meses nada existe, olvidando, que,
em verdade, o tempo da fecundação é de somenos importância... A vida humana, em
processo de crescimento, merece o mais alto respeito, desde que, com a sucessão
dos dias, o feto estará transformado no homem ou na mulher, que tem direito à
oportunidade da experiência carnal, por impositivo divino.
A ninguém é concedida a
faculdade de interromper o fenômeno da vida, sem assumir penoso compromisso de
que não se libertará sem pesado ônus...
Nenhum processo reencarnatório
resulta da incidência casual de fatores que impelem os gametas à fecundação
extemporânea. Se assim fora, resultaria permissível ao homem aceitar ou não a
conjuntura.
Alega-se, também, que é medida
salutar a legalização do aborto, em considerando que a sua prática criminosa é
tão relevante, que a medida tornada aceita evita a morte de muitas mulheres
temerosas que, em se negando à maternidade, se entregam a mãos inescrupulosas e
caracteres sórdidos, que agem sem os cuidados necessários à preservação da
saúde e da vida...
Um crime, todavia, de maneira
alguma justifica a sua legalização fazendo que desapareçam as razões do que o tornava
prática ilícita.
A vida é patrimônio divino que
não pode ser levianamente malbaratado.
Desde que os homens se permitem
a comunhão carnal é justo que se submetam ao tributo da responsabilidade do ato
livremente aceito.
Toda ação que se pratica gera
naturais reações que gravitam em torno do seu autor.
Examinando-se ainda a
problemática do aborto legal, as leis são benignas quando a fecundação decorre
da violência pelo estupro... Mesmo em tal caso, a expulsão do feto, pelo
processo abortivo, de maneira nenhuma repara os danos já ocorridos...
Não raro, o Espírito que chega
ao dorido regaço materno, através de circunstância tão ingrata, se transforma
em floração de bênção sobre a cruz de agonias em que o coração feminil se esfacelou...
A renúncia a si mesmo pela
salvação de outra vida concede incomparáveis recursos de redenção para quem se
tornou vítima da insidiosa trama do destino...
Sucede, porém, que o sofredor
inocente de agora está ressarcindo dívida, ascendendo pela rota da abnegação e
do sacrifício aos páramos da felicidade.
Não ocorrem incidentes que estabeleçam
nos quadros das Leis Divinas injustiça em relação a uns e exceção para com outros...
O aborto, portanto, mesmo quando
aceito e tornado legal nos estatutos humanos fere, violentamente, as Leis
Divinas, continuando crime para quem o pratica ou a ele se permite submeter.
Legalizado, torna-se aceito,
embora continue não moral.
*
Retornará à tentativa de
recomeço na Terra o Espírito que foi impedido de renascer.
Talvez em circunstâncias mais
grave para a abortista se dê o reencontro com aquele de quem gostaria de se
libertar.
Vinculados por compromissos de
inadiável regularização, imantam-se reciprocamente, dando início, quando o amor
não os felicita, a longos processos de alienações cruéis e enfermidades outras
de etiologia mui complexa.
Atende, assim, a vida, sob
qualquer modalidade que se te manifeste.
No que diz respeito à porta
libertadora da reencarnação, eleva-te, mediante a concessão da oportunidade dos
Espíritos que te buscam, confiando em Deus, o Autor da Criação, mantendo a
certeza de que se as aves dos céus e as flores do campo recebem carinhoso
cuidado, mais valem os homens, não estando, portanto, à mercê do abandono ou da
ausência dos socorros divinos.
Nada que abone ou escuse o homem
pela prática do aborto delituoso, apesar do desvario moral que avassala a Terra
e desnorteia as criaturas.
Todo filho é empréstimo sagrado
que deve ser valorizado e melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna
devolução ao Genitor Celeste.
Não adies a tua elevação
espiritual através da criminosa ação do aborto, mesmo que as dificuldades e
aflições sejam o piso por onde seguem os teus pés...
Toda ascensão impõe o encargo do
sacrifício. O topo da subida, porém, responde com paz e beleza aos empecilhos
que se sucedem na jornada. Chegarás à honra da paz, após a consciência liberada
dos débitos e das culpas.
Matar, nunca!
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