domingo, 31 de janeiro de 2016

"IMPLOSÕES" PSICOLÓGICAS[1]



Jane Maiolo
 
E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? Lucas 24:17[2]
O eminente psicólogo austríaco Dr. Alfred Adler registra em suas anotações um estudo sobre os complexos evidenciados no comportamento do ser humano.
Segundo a teoria de Adler, o meio social e a preocupação contínua do indivíduo em alcançar objetivos preestabelecidos são os determinantes básicos do comportamento humano, o que inclui a sede de poder e a notoriedade.
Os complexos de inferioridade, provocados pelo conflito com o envolvimento social, podem traduzir-se numa dinâmica patológica tais como as psicoses e as neuroses, que devem ser tratadas de um ponto de vista psicoterapêutico, eis um quadro alarmante que se multiplica todos os dias na estrutura social. Vivendo imperativas preocupações, o homem, em sua imaturidade emocional e espiritual, se depara com grandes desequilíbrios das emoções, decorrendo em si mesmo as “implosões” psíquicas.
A “Implosão” psicológica é um comportamento, às vezes, inconsciente, provocado pela demolição das nossas expectativas de auto-realizações, utilizando de explosivos emocionais silenciosos como a culpa, a indignação, a frustração, o constrangimento e o sentimento de falibilidade exagerado, causando o desmoronamento de construções emotivas de forma rápida e inapelável.
Estamos em trânsito temporário no corpo físico, não podemos esquecer! Somos espíritos! Estamos vivenciando momentos singulares nas nossa curta e breve existência. O mundo se agita em torno de múltiplos acontecimentos que impactam nos instantes felizes ou menos felizes, nos malogros e nos lauréis.
Catástrofes, terrorismo, epidemias, orfandade, drogas, corrupção, prostituição, indiferença, dentre outras circunstâncias que tendem a diminuir ou desvalorizar o ser imortal que somos.
Os discursos jazem cada vez mais vazios, massificantes, insultuosos e segregadores. É imprescindível amadurecermos nossas concepções de vida sob os apelos do Evangelho, expandirmos as perspectivas de alteridade a fim de pensar em fazer diferença numa sociedade que clama por união, respeito e dignidade.
A solidariedade nunca esteve tão ausente entre as nações. A corrupção nunca esteve tão presente entre as pessoas. A crise moral nunca foi tão avassaladora.
O Cristo que não abdicou do comando da Terra nos adverte: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? Por que estamos caminhando tão abatidos moralmente?
Será que não temos nada a realizar diante de tantas solicitações de socorro?
Onde estávamos enquanto milhões de pessoas estavam expondo suas vidas a fim de extirpar todo tipo de preconceito? Onde nos encontrávamos quando a multidão se mobilizou contra a má gestão pública denunciando a corrupção? Onde jazíamos quando manifestantes se mobilizaram nas ruas em defesa da vida contra o aborto? Onde nos localizávamos quando os aidéticos saíram nas praças e avenidas bradando para que órgãos governamentais minimizem seus dramas? Onde nos achávamos durante os legítimos clamores dos excluídos sociais?
Diante dos infortúnios públicos ou camuflados, dos manifestos populares que redesenharam as vias públicas no intento serem escutadas suas velhas reivindicações, quais têm sido as nossas reações psíquicas? Indiferença? Indignação sonolenta? Oração construtiva? Nutrimos esperança? (quando estamos sem entusiasmo, necessitamos ter esperança, que é diferente de ficar esperando, esperançar é sonhar, é definir o que se quer, e o como irá alcançar, então esperançar passa a ser uma força que nos torna resilientes.
A África sucumbe sob os olhares dos países ricos, resistindo sob o açoite da fome, das doenças, combatendo os terroristas religiosos.
Os conflitos no Oriente Médio se multiplicam. As instituições protetoras dos animais agonizam em busca de recursos financeiros a fim de cuidar e proteger os animais abandonados pelos impassíveis e enfim, momento de mobilizar os recursos afetivos que já conquistamos e testemunhar o “amai-vos uns aos outros”.
Se não somos capazes de incorporar as fileiras daqueles que lutam com dignidade, que tenhamos a compostura de orar para que o bom ânimo nunca falte àqueles que carregam em seus ombros grandes responsabilidades nas suas demandas.
Deixemos o discurso vazio para rechearmos o coração de sentimentos solidários.
Jesus não necessita que defendamos nenhuma doutrina na sua pureza ou na sua aplicação, mas aguarda de nós que possamos diminuir as aflições no mundo.
Não resta a menor dúvida que a única religião digna de ser abraçada é aquela que aproxima o homem de Criador e não aquela que postula ascendência sobre as demais.
Cremos que todos nós podemos seguir a religião cósmica do amor! E sem “O constranger” pronunciaremos: Senhor, fica conosco, porque já é tarde, e já declinou o dia. De tal modo teremos o roteiro seguro do bom proceder e o alento consolador do maior psicoterapeuta a nos acompanhar na estrada da vida: Jesus.
 Tenhamos fé!

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