Miramez
Por que Deus a uns concedeu as riquezas e o poder, e a
outros, a miséria?
Para experimentá-los de modos diferentes. Além disso,
como sabeis, essas provas foram escolhidas pelos próprios Espíritos, que nelas,
entretanto, sucumbem com frequência.
Questão 814 / O Livro dos Espíritos
Deus testa Seus filhos de várias
maneiras: a uns dá a riqueza e, consequentemente, poderes; a outros, miséria, e
junto a ela a escravidão de todas as ordens. Quem não compreende as leis, como
a da reencarnação, acha que Deus é injusto, ou então, para não ofendê-Lo, fala
sem conhecimento de causa que o Senhor sabe o que faz. Todas as duas versões do
fato são incorretas e sem sabedoria.
Estudando a reencarnação e o
progresso dos Espíritos, notar-se-á que o rico de hoje pode ser o pobre de
amanhã e vice-versa. Riqueza e miséria são extremos da vida, extremos esses
mutáveis. Um pode ocupar o lugar do outro, em se buscando experiências, enriquecendo
os celeiros do conhecimento para futura paz de consciência. Em muitos casos,
essas provas de riqueza e miséria foram escolhidas pelos próprios Espíritos,
por sentirem necessidade do aprendizado.
Ninguém deve ser culpado por
nada que acontece; tudo foi feito para a elevação das almas, para o
despertamento dos dons enraizados nos corações. A evolução das almas é
diferente, mas elas são iguais em sua origem. Vejamos os corpos: comparemos o
do rico com o do pobre, do ignorante com o do estadista. Eles têm a mesma
forma, a mesma composição, os mesmos órgãos; respiram o mesmo ar, bebem da
mesma água e vivem todos se aquecendo com o mesmo sol e andando sobre a mesma
Terra. Ainda mais, todos têm como pai o mesmo Deus. As diferenças são ilusórias
e breves, que o tempo desmancha quando achar conveniente. Aos ricos, nós
podemos dizer que usem bem as suas riquezas e não deixem que o orgulho nem o
egoísmo comandem suas faculdades de pensar e sentir. Eles devem pensar na
miséria dos outros, pedindo sempre a Deus que os inspire para não acumularem
riquezas que não sirvam para o bem-estar coletivo. Ao pobre, dizemos que viva
mais resignado com o que tem e que confie mais em Deus, que nunca abandona Seus
filhos. Ele deve lembrar sempre das bem-aventuranças. Jesus está sempre no meio
dos que sofrem e não abandona os escorraçados pela justiça dos homens. Os ricos
que sucumbem com frequência não perdem as experiências; algo fica guardado nos
escaninhos da alma, para se completar no amanhã. Assim também acontece com os
pobres. As reencarnações têm essa função de escola para todas as criaturas na
face da Terra. Tudo na vida muda de vez em quando de roupagem, pela forma do
progresso, pela força do amor de Deus, cujas leis são justas.
Anotemos o que registrou Lucas,
no capítulo quatorze, versículo nove:
Vindo aquele que te convidou e
também a ele te diga:
Dá o lugar a este. Então, irás
envergonhado, ocupar o último lugar.
Quem não faz o seu dever
direito, volta a fazê-lo, com um aprendizado diferente. A quem reencarna como
rico, em berço de ouro, e não sabe desempenhar bem o seu papel, a reencarnação
pode levar para o último lugar na escala das provas, até aprender a humildade e
o amor, mesmo como rico. A Doutrina dos Espíritos, pelos processos mediúnicos,
deixa bem visível, tanto para o rico como para o pobre, as suas tarefas,
diferentes, porém, com os mesmos objetivos.
A função da reencarnação é
despertar os valores espirituais e morais das criaturas, levando-os aqui e ali,
por ação das leis naturais criadas por Deus. Pensemos nisto, estudemos e
trabalhemos honestamente, que as inspirações dos Céus jamais nos faltarão.
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