Miramez
Os Espíritos amigos, que nos seguem durante a vida são,
por vezes, os que vemos em sonho, que nos testemunham a sua afeição e que se
nos apresentam com feições desconhecidas?
− Muito frequentemente o são; eles vêm visitar-vos,
como ides ver um prisioneiro nas grades.
Questão 343/O Livro dos Espíritos
Em estado de sonho o Espírito
encarnado pode se comunicar com os entes queridos que já se foram para o Além
e, ao acordar, tem vaga lembrança desse encontro. Em poucos casos guarda
lembranças vivas, sobre os assuntos ventilados. Os Espíritos-guias igualmente
se comunicam com os seus tutelados pelas portas do sonho, em variadas formas, e
as lições, mesmo ficando na inconsciência, servir-lhes-ão para a vida diária.
Elas vêm emergindo para o consciente de maneira que afloram na mente como
pensamentos próprios, e o raciocínio vai se utilizando desse intercâmbio com o
coração, para a evolução natural do Espírito. O futuro nos espera para nos
brindar com uma forma de sonho mais aperfeiçoado, que é o desdobramento
consciente das criaturas encarnadas. Eis aí a porta da certeza espiritual, de
que a vida continua. O Espírito, em estado de desdobramento, na consciência
perfeita, tem uma visão do mundo espiritual também mais perfeita, muitas vezes
mais do que encarcerado no corpo físico; no entanto, depois da viagem astral
propriamente dita, os benfeitores da eternidade trazem seu tutelado para
despertar e tornar a dormir, pois, o sono natural é bastante diferente do
desdobramento. Nesse último, perde-se muita energia, na sua divina expressão.
Sonhos, todos os têm, todas as
noites e com poucas recordações; o desdobramento se faz muito raro, porque ele
obedece a uma escala muito grande. O desprendimento consciente é o mais difícil
nos dias que correm, porém, a evolução das almas nos fala dessa necessidade
para a humanidade. Na altura evolutiva das criaturas, se lhes forem concedidos
todas as noites alguns minutos de desprendimento consciente, elas poderão ir se
atrofiando até a desencarnação por quererem ficar na pátria do Espírito, que se
lhes apresenta com maior harmonia. Precisa-se de preparo, dentro das diretrizes
do Cristo.
O Livro dos Espíritos nos
afigura a questão do mesmo modo com que se visita um encarcerado: os guias
espirituais vem em auxílio dos encarnados como os tais presos na carne em
determinadas provas e testes diferentes por passar. Convém anotar as reações
que temos diante dos inimigos, no sentido de analisarmos o que vai passando
pelos nossos sentimentos.
Se sofremos com a injúria,
certamente que ela conserva uma ferida em nosso coração; se sofremos com o
desprezo, ele ainda mora em nosso sentimento; se sofremos com a violência dos
depredadores, essa violência ainda não saiu do nosso mundo íntimo; se sofremos
com todas as formas de maledicência, a revolta mora em nós mostrando-se pela
nossa posição ante os que nos ferem. Precisamos rever o nosso ambiente interno
e renovar nossos sentimentos pela força do Evangelho de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Dessa maneira, os nossos sonhos, tanto de encarnados como de
desencarnados, tornar-se-ão lindos e perfeitos, na perfeita ordem do universo.
Atraímos para nós, o que somos por dentro do coração.
Os sonhos, na literatura
profana, são fatos vagos; na espiritualista séria, são portas para a realidade
espiritual, onde encontramos a verdade diante das nossas necessidades
espirituais.
Estamos, assim, visitando os
nossos queridos que já se foram, e aí a lei nos atende, mostrando o verdadeiro
intercâmbio de todos os planos através dos chamados sonhos.
Quando os espíritas avivarem a
consciência, começando a ler e entender a codificação do nosso querido
preceptor Allan Kardec, tornar-se-ão como frutos maduros, que cairão da árvore
da Terra ao chão da vida espiritual e virão a nascer de novo, com novas possibilidades
de entender mais, entrando no progresso e assimilando o verdadeiro entendimento
de Jesus acerca da vida que continua. A Doutrina dos Espíritos não é nem pode
ser estável; ela acompanha o progresso e a ele se antecipa, quando os corações
se acham em preparo.
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