quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

SONHANDO[1]

 

Sonho de Salomão [1693] de Luca Giordano


Miramez

 

Os Espíritos amigos, que nos seguem durante a vida são, por vezes, os que vemos em sonho, que nos testemunham a sua afeição e que se nos apresentam com feições desconhecidas?

− Muito frequentemente o são; eles vêm visitar-vos, como ides ver um prisioneiro nas grades.

Questão 343/O Livro dos Espíritos

 

Em estado de sonho o Espírito encarnado pode se comunicar com os entes queridos que já se foram para o Além e, ao acordar, tem vaga lembrança desse encontro. Em poucos casos guarda lembranças vivas, sobre os assuntos ventilados. Os Espíritos-guias igualmente se comunicam com os seus tutelados pelas portas do sonho, em variadas formas, e as lições, mesmo ficando na inconsciência, servir-lhes-ão para a vida diária. Elas vêm emergindo para o consciente de maneira que afloram na mente como pensamentos próprios, e o raciocínio vai se utilizando desse intercâmbio com o coração, para a evolução natural do Espírito. O futuro nos espera para nos brindar com uma forma de sonho mais aperfeiçoado, que é o desdobramento consciente das criaturas encarnadas. Eis aí a porta da certeza espiritual, de que a vida continua. O Espírito, em estado de desdobramento, na consciência perfeita, tem uma visão do mundo espiritual também mais perfeita, muitas vezes mais do que encarcerado no corpo físico; no entanto, depois da viagem astral propriamente dita, os benfeitores da eternidade trazem seu tutelado para despertar e tornar a dormir, pois, o sono natural é bastante diferente do desdobramento. Nesse último, perde-se muita energia, na sua divina expressão.

Sonhos, todos os têm, todas as noites e com poucas recordações; o desdobramento se faz muito raro, porque ele obedece a uma escala muito grande. O desprendimento consciente é o mais difícil nos dias que correm, porém, a evolução das almas nos fala dessa necessidade para a humanidade. Na altura evolutiva das criaturas, se lhes forem concedidos todas as noites alguns minutos de desprendimento consciente, elas poderão ir se atrofiando até a desencarnação por quererem ficar na pátria do Espírito, que se lhes apresenta com maior harmonia. Precisa-se de preparo, dentro das diretrizes do Cristo.

O Livro dos Espíritos nos afigura a questão do mesmo modo com que se visita um encarcerado: os guias espirituais vem em auxílio dos encarnados como os tais presos na carne em determinadas provas e testes diferentes por passar. Convém anotar as reações que temos diante dos inimigos, no sentido de analisarmos o que vai passando pelos nossos sentimentos.

Se sofremos com a injúria, certamente que ela conserva uma ferida em nosso coração; se sofremos com o desprezo, ele ainda mora em nosso sentimento; se sofremos com a violência dos depredadores, essa violência ainda não saiu do nosso mundo íntimo; se sofremos com todas as formas de maledicência, a revolta mora em nós mostrando-se pela nossa posição ante os que nos ferem. Precisamos rever o nosso ambiente interno e renovar nossos sentimentos pela força do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Dessa maneira, os nossos sonhos, tanto de encarnados como de desencarnados, tornar-se-ão lindos e perfeitos, na perfeita ordem do universo. Atraímos para nós, o que somos por dentro do coração.

Os sonhos, na literatura profana, são fatos vagos; na espiritualista séria, são portas para a realidade espiritual, onde encontramos a verdade diante das nossas necessidades espirituais.

Estamos, assim, visitando os nossos queridos que já se foram, e aí a lei nos atende, mostrando o verdadeiro intercâmbio de todos os planos através dos chamados sonhos.

Quando os espíritas avivarem a consciência, começando a ler e entender a codificação do nosso querido preceptor Allan Kardec, tornar-se-ão como frutos maduros, que cairão da árvore da Terra ao chão da vida espiritual e virão a nascer de novo, com novas possibilidades de entender mais, entrando no progresso e assimilando o verdadeiro entendimento de Jesus acerca da vida que continua. A Doutrina dos Espíritos não é nem pode ser estável; ela acompanha o progresso e a ele se antecipa, quando os corações se acham em preparo.



[1] Filosofia Espírita – Volume 7 – João Nunes Maia

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