quinta-feira, 28 de setembro de 2023

NÃO MATARÁS[1]

 

Hermann Anton Stilke – Joan of Arc’s Death at the Stake. (1843)


Miramez

 

Que pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?

− Isso equivale a tomar o lugar de Deus na prática da justiça. Os que agem assim revelam quanto estão longe de compreender a Deus e quanto têm ainda a expiar. É um crime aplicar a pena de morte em nome de Deus, e os que o fazem são responsáveis por esses assassinatos.

Questão 765 / O Livro dos Espíritos

 

O "não matarás" é lei divina, que brilha entre os homens desde épocas recuadas, para que possa fazer parte da própria vida dos homens. Existem muitas modalidades de matar, e a alma deve observar a palavra de Deus, pelos seus semelhantes, começando a respeitar primeiro seus irmãos, para depois passar a outras escalas, de acordo com o crescimento espiritual das criaturas.

Quem mata, morre; o sistema de morte do nível da humanidade é doloroso, porque as criaturas vivem matando em todas as modalidades. A morte está sendo transformada e deverá alcançar um plano maior, transformando-se em vida, em esplendor de alegria e de paz em plena consciência. A impressão de sofrimento que a morte do corpo dá, é pela consciência culpada de muitos atos indignos.

Esperemos que dentro do terceiro milênio a vida seja transformada das trevas para a luz, da luz para Deus mais presente no coração da alma. O homem vai deixar de tomar o lugar de Deus na execução da justiça. Ele vai amar e servir; ele vai instruir e educar, aprendendo e ensinando. Ele não é Deus; o homem é filho de Deus, tendo em Jesus o Guia de todos os seres humanos que estagiam na Terra.

O significado do mandamento se diversifica em todos os rumos: não matar o próprio corpo, não matar o tempo que Deus nos deu, não matar os pensamentos bons, não matar a palavra edificante, não matar a força e a vida da natureza em todos os seus reinos.

Os caminhos para respeitar a vida são inúmeros, e devem ser respeitados pelos homens, para que esses homens tenham paz. Enquanto a criatura não ajudar, não servir, não amar a todos e a tudo, não encontrará a paz de consciência.

Não podemos esquecer o Evangelho nos nossos escritos, porque ele nos dá força de entendimento em todos os rumos da inteligência. Vejamos o que se encontra em Atos dos Apóstolos:

Os discípulos, porém, transbordaram de alegria e do Espírito Santo.

Atos, 13:52

Essa visita da alegria e do Espírito Santo foi pelo respeito mais profundo das leis de Deus ensinadas por Jesus a Seus companheiros. O ministério estava em plena harmonia, o amor era o grande móvel, manifestado em todos os corações. Os discípulos, pelo conhecimento com Jesus, não mais mataram e, sim, passavam em todos os lugares dando vida, animando os sofredores, dando pão a quem tinha fome, vestindo os nus e, desse modo, sendo bem aventurados em todos os seguimentos da vida. Eles compreenderam o que é amar e o que é amor.

Aplicar a morte física nos outros é um crime, principalmente quando é aplicada em nome d'Aquele que somente dá a vida: Deus. A humanidade se encontra em um caldeirão de lutas de todos os tipos. A inferioridade campeia em todos os quadrantes da Terra e parece que o mundo se encontra desabando em uma calamidade universal, muito pior do que o próprio dilúvio. No entanto, nem o mundo, nem a humanidade estão piorando; pelo contrário, isso é indício de melhora breve, todavia, os verdadeiros sinais de mudança se encontram em dores, desesperos e infortúnios sem conta. Ainda assim, a lei se irradia, e com mais expressão visível.

Não matarás!... Não matarás!... Para que a ilusão da morte desapareça para sempre e passe a reinar somente a vida, a vida eterna. Resta-nos, encarnados e desencarnados, colher a soma de tudo, de todos os acontecimentos, guardá-la na intimidade da vida, convidar o Cristo para a intimidade do coração na presença de Deus, para o grande banquete que se chama tranqüilidade imperturbável da consciência e felicidade sem fim para todas as almas redimidas, em se despertando todos os dons de luz na expressão de paz. Então o "não matarás" não precisará ser dito nunca mais, por não precisarem dessa advertência as almas que herdarem a Terra.



[1] Filosofia Espírita – Volume 15 – João Nunes Maia

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