Miramez
Que pensar da pena de morte imposta em nome de Deus?
− Isso equivale a tomar o lugar de Deus na prática da
justiça. Os que agem assim revelam quanto estão longe de compreender a Deus e
quanto têm ainda a expiar. É um crime aplicar a pena de morte em nome de Deus,
e os que o fazem são responsáveis por esses assassinatos.
Questão 765 / O Livro dos Espíritos
O "não matarás" é lei
divina, que brilha entre os homens desde épocas recuadas, para que possa fazer
parte da própria vida dos homens. Existem muitas modalidades de matar, e a alma
deve observar a palavra de Deus, pelos seus semelhantes, começando a respeitar
primeiro seus irmãos, para depois passar a outras escalas, de acordo com o
crescimento espiritual das criaturas.
Quem mata, morre; o sistema de
morte do nível da humanidade é doloroso, porque as criaturas vivem matando em
todas as modalidades. A morte está sendo transformada e deverá alcançar um
plano maior, transformando-se em vida, em esplendor de alegria e de paz em
plena consciência. A impressão de sofrimento que a morte do corpo dá, é pela
consciência culpada de muitos atos indignos.
Esperemos que dentro do terceiro
milênio a vida seja transformada das trevas para a luz, da luz para Deus mais
presente no coração da alma. O homem vai deixar de tomar o lugar de Deus na
execução da justiça. Ele vai amar e servir; ele vai instruir e educar,
aprendendo e ensinando. Ele não é Deus; o homem é filho de Deus, tendo em Jesus
o Guia de todos os seres humanos que estagiam na Terra.
O significado do mandamento se
diversifica em todos os rumos: não matar o próprio corpo, não matar o tempo que
Deus nos deu, não matar os pensamentos bons, não matar a palavra edificante,
não matar a força e a vida da natureza em todos os seus reinos.
Os caminhos para respeitar a
vida são inúmeros, e devem ser respeitados pelos homens, para que esses homens
tenham paz. Enquanto a criatura não ajudar, não servir, não amar a todos e a
tudo, não encontrará a paz de consciência.
Não podemos esquecer o Evangelho
nos nossos escritos, porque ele nos dá força de entendimento em todos os rumos
da inteligência. Vejamos o que se encontra em Atos dos Apóstolos:
Os
discípulos, porém, transbordaram de alegria e do Espírito Santo.
Atos, 13:52
Essa visita da alegria e do
Espírito Santo foi pelo respeito mais profundo das leis de Deus ensinadas por
Jesus a Seus companheiros. O ministério estava em plena harmonia, o amor era o
grande móvel, manifestado em todos os corações. Os discípulos, pelo
conhecimento com Jesus, não mais mataram e, sim, passavam em todos os lugares
dando vida, animando os sofredores, dando pão a quem tinha fome, vestindo os
nus e, desse modo, sendo bem aventurados em todos os seguimentos da vida. Eles
compreenderam o que é amar e o que é amor.
Aplicar a morte física nos
outros é um crime, principalmente quando é aplicada em nome d'Aquele que
somente dá a vida: Deus. A humanidade se encontra em um caldeirão de lutas de
todos os tipos. A inferioridade campeia em todos os quadrantes da Terra e
parece que o mundo se encontra desabando em uma calamidade universal, muito
pior do que o próprio dilúvio. No entanto, nem o mundo, nem a humanidade estão
piorando; pelo contrário, isso é indício de melhora breve, todavia, os
verdadeiros sinais de mudança se encontram em dores, desesperos e infortúnios
sem conta. Ainda assim, a lei se irradia, e com mais expressão visível.
Não matarás!... Não matarás!... Para
que a ilusão da morte desapareça para sempre e passe a reinar somente a vida, a
vida eterna. Resta-nos, encarnados e desencarnados, colher a soma de tudo, de
todos os acontecimentos, guardá-la na intimidade da vida, convidar o Cristo
para a intimidade do coração na presença de Deus, para o grande banquete que se
chama tranqüilidade imperturbável da consciência e felicidade sem fim para
todas as almas redimidas, em se despertando todos os dons de luz na expressão
de paz. Então o "não matarás" não precisará ser dito nunca mais, por
não precisarem dessa advertência as almas que herdarem a Terra.
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