Antônio Moris Cury
Segundo o Dicionário Escolar da
Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, o substantivo feminino
Indulgência significa disposição para perdoar culpas ou pecados, próprios ou
alheios, clemência, misericórdia, perdão.
Cremos que as palavras culpa ou
pecado podem ser substituídas pelo vocábulo erro, desde que é sobejamente
sabido, pela simples observação do dia a dia, que todos os habitantes do
planeta Terra cometem erros, uma vez que aqui não há perfeição ainda, razão
pela qual é muito importante ter disposição e vontade firme para rapidamente
desculpar e perdoar, agindo com compreensão, tolerância, bondade e amor.
A propósito, vale destacar
trecho da obra fundamental do Espiritismo[2]:
− Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos
alheios?
Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar
e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí
proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a
indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na
caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não
poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos
defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes
superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser
orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o
proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra,
fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o
argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio.
Mais adiante[3]:
− Por que indícios se pode reconhecer em um homem o
progresso real que lhe elevará o Espírito na hierarquia espírita?
Destacamos comentário do Codificador:
É indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe
que também precisa da indulgência dos outros e se lembra destas palavras do
Cristo: Atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado.
Um pouco antes[4]:
Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a
entendia Jesus?
Benevolência para com todos, indulgência para as
imperfeições dos outros, perdão das ofensas.
A propósito, basta memorizar as
três letras iniciais dessas palavras BIP, Benevolência, Indulgência, Perdão, e
nunca mais esqueceremos o sentido da palavra caridade tal como a entendia
Jesus, o Cristo.
Vale a pena ler por inteiro as
questões indicadas, assim como todo O Livro dos Espíritos, um manual de
diretrizes, reflexões, esclarecimentos e orientações, para dizer o mínimo.
É grande o número de textos
espíritas sobre a Indulgência, uma virtude e tanto e que, por isso mesmo,
merece ser conquistada, cultivada, aperfeiçoada e consolidada, visto que
permanecerá conosco para todo o sempre. O mesmo acontecerá com outras virtudes que
conquistarmos e com o conhecimento que obtivermos, pois nos pertencem
verdadeiramente diante da Imortalidade do Espírito.
Diante do grande volume,
citaremos apenas dois breves trechos encontráveis em O Evangelho segundo o
Espiritismo[5]:
Espíritas, queremos falar-vos hoje da indulgência,
sentimento doce e fraternal que todo homem deve alimentar para com seus irmãos,
mas do qual bem poucos fazem uso.
Sede indulgentes, meus amigos, porquanto a indulgência
atrai, acalma, ergue, ao passo que o rigor desanima, afasta, irrita.
Por fim, enfatizamos que a
Pandemia, que surgiu no planeta no final de 2019, trouxe sofrimento, dor,
isolamento, separação física. Trouxe também a oportunidade de profundas
reflexões sobre a vida.
Nada obstante não tenha ainda
terminado, é fácil observar a permanência e o aumento da violência, da
agressividade, do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da irritação, do desânimo.
Mais que nunca, é preciso que
todos nos esforcemos, inclusive e especialmente nós, os espíritas, para
colocarmos em prática a Indulgência, que acalma, que ergue, que nos fortalece,
que nos une. Para tudo há uma razão. É indispensável que cada um de nós faça a
sua parte, e do melhor modo possível, na certeza de que tudo passa, sem
esquecer de que Jesus é o Governador Espiritual da Terra e de que Deus está no
comando de todo o Universo.
[1] Revista Mundo Espírita - Setembro de 2023
Número 1670 Ano 91 - http://www.mundoespirita.com.br/?materia=indulgencia
[2] KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Rio de
Janeiro: FEB, 2013. pt. 3, cap XII, q. 903.
[3] Op. cit. pt. 3, cap. XII, q. 918.
[4] Op. cit. pt. 3, cap. XI, q. 886.
[5] ______. O Evangelho segundo o Espiritismo. Rio
de Janeiro: FEB, 2013. cap. X, item 16.
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