Allan Kardec
Esta comunicação nos foi dada a
propósito de uma senhora que deveria vir pedir conselhos para uma obsessão, e a
respeito da qual tínhamos julgado dever previamente aconselhar-nos com os Espíritos.
A piedade pelos que sofrem não deve excluir a
prudência, e poderia ser imprudência estabelecer relações com todos os que se
apresentam a vós, sob o império de uma obsessão real ou fingida. É ainda uma
prova pela qual deverá passar o Espiritismo, e que lhe servirá para se
desembaraçar de todos os que, por sua natureza, perturbassem o seu caminho.
Ultrajaram, ridicularizam os espíritas; quiseram
amedrontar aqueles a quem a curiosidade atrai para vós, colocando-vos sob o
patrocínio de satanás. Nada disto teve êxito; antes de se render, querem
assestar uma última bateria, pronta para abrir fogo, que, como todas as outras,
redundará em vosso proveito.
Não podendo mais vos acusar de contribuir para o
incremento da alienação mental, enviam-vos verdadeiros obsedados, diante dos
quais esperam que fracasseis, e obsedados simulados, que naturalmente vos seria
impossível curar de um mal imaginário.
Tudo isto em nada deterá o vosso progresso, mas com a
condição de agir com prudência e aconselhar os que se ocupam dos tratamentos
obsessivos a consultarem os seus guias, não só quanto à natureza do mal, mas
sobre a realidade das obsessões que poderiam ter que combater.
Isto é importante, e aproveito a ideia que vos foi
sugerida, de antes pedir um conselho, para vos recomendar a agir sempre assim
no futuro.
Quanto a essa senhora, é sincera e realmente sofredora,
mas atualmente nada se pode fazer por ela, a não ser aconselhar que peça, pela
oração, a calma e a resignação para suportar corajosamente sua prova. Não lhe
faltam instruções dos Espíritos; seria mesmo prudente afastá-la de toda ideia
de correspondência com eles, e aconselhá-la a se entregar inteiramente aos
cuidados da medicina oficial.
Doutor Demeure
Observação – Não é só contra as obsessões simuladas
que é prudente nos precavermos, mas contra os pedidos de comunicações de toda
sorte, evocações, conselhos de saúde etc., que poderiam ser armadilhas
estendidas à boa-fé, de que poderia servir-se a malevolência. Convém, pois, não
aceder aos pedidos desta natureza senão com conhecimento de causa, e em relação
a pessoas conhecidas ou devidamente recomendadas. Os adversários do Espiritismo
veem com desgosto o desenvolvimento que toma, contrariamente às suas previsões,
e espreitam ou provocam as ocasiões de o pilhar em falta, seja para o acusar,
seja para ridicularizá-lo. Em semelhante caso, é melhor pecar por excesso de
circunspeção do que por imprevidência.
Allan Kardec
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