quinta-feira, 20 de outubro de 2022

MUNDOS SUPERIORES[1]

 

Miramez

 

A reencarnação da alma num mundo menos grosseiro é uma recompensa?

− É a consequência de sua purificação. Porque à medida que os Espíritos se purificam vão se encarnando em mundos mais e mais perfeitos, até que se tenham despojado de toda matéria e lavado de todas as manchas, para gozarem eternamente da felicidade dos Espíritos puros, no seio de Deus.

Nos mundos em que a existência é menos material do que neste, as necessidades são menos grosseiras e todos os sofrimentos físicos são menos vivos. Os homens não mais conhecem as más paixões que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros.

Não tendo nenhum motivo de ódio ou de ciúme, vivem em paz porque praticam a lei de justiça, amor e caridade. Não conhecem os aborrecimentos e os cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo e que constituem o tormento de nossa existência terrena. (Allan Kardec)

Questão 985/O Livro dos Espíritos

 

A alma, com a sua elevação espiritual, pode ganhar como prêmio pelos seus ingentes esforços rumo à perfeição, reencarnando em mundos superiores, onde somente existe o amor, onde todo o mal já foi banido e as almas ali estagiadas têm como lembranças somente o passado do seu começo de lutas nas engrenagens da Terra, revestidas de um corpo de carne.

São mundos venturosos, no entanto, Espíritos de alta estirpe espiritual podem renascer na Terra para ajudar aos que nela estão com grandes provas e expiações, sem se afetarem com essas inferioridades. Eles estão na qualidade de luzes que brilham nas trevas dos que padecem à ignorância. São muitos e muitos os que negligenciaram dos ensinamentos de Jesus e sofrem as consequências do seu esquecimento; aí, vem a dor para acordá-los, fazendo lembrar da luz que deverão acender dentro de si, para despertar as condições espirituais no coração.

Quando, porém, essa luz começa a acender, vêm de encontro ao estudante da verdade os escarnecedores, os inimigos da luz, que aparecerão com todos os tipos de perseguições para desviá-lo da verdade. O Evangelho nos mostra o que vamos passar nas lutas de aprimoramento espiritual:

Davam-lhe na cabeça com um caniço, cuspiram nele e, pondo-se de joelhos, o adoraram.

(Marcos, 15:19)

Esse é o exemplo que o divino Mestre deixou para nós outros que desejamos segui-Lo. Os escarnecedores estão sempre nos caminhos do homem que deseja e se esforça para encontrar o Cristo no coração.

Os Espíritos que persistirem até o fim, no dizer do Evangelho, e que tenham essa persistência no amor e na verdade, ascenderão para mundos superiores, de sorte a encontrarem o ambiente da paz que já trazem interiormente. Todavia, essa tranquilidade imperturbável de consciência tem um preço, que o mundo sabe cobrar.

O nosso futuro não é outro, senão encontrarmos a felicidade que faz raízes na eternidade de Deus. Depois de felizes as almas puras, elas terão o prazer de trabalhar para ajudar o despertar daqueles que ignoram esses mundos felizes. Os caminhos de todos não seguem outro roteiro; por isso que Jesus, cheio de esperança, espera que renovemos a nós mesmos, usando dos nossos poderes na conquista que os outros já atingiram e que agora são livres por terem conhecido a verdade.

Existem mundos que, por assim dizer, escapam à matéria; ela se transforma em essência divina, e a vida depurada das almas passa a ser no seio de Deus, conscientes ou superconscientes da luz do Criador. As deduções humanas não conseguem analisar, nem a literatura da Terra expressar essa felicidade.

Nos mundos superiores, os Espíritos esqueceram as paixões; lá não existe ciúme, nem ódio; tudo é de todos, de modo que a felicidade é gozo de todas as criaturas. Mas, eles se lembram dos sofredores dos mundos inferiores e de vez em quando chegam a eles, doando paz e estímulo para a vida nas dimensões que possam assimilar. São doadores de vida, são Espíritos que já passaram por todos os testes de comprovação, alcançando a luz por justiça.

Eles têm livre penetração em outros mundos mais além e deles recolhem experiências que lhes dão mais conforto ao coração. Anima-nos a certeza de que todos temos esse destino dentro da casa de Deus.



[1] Filosofia Espírita – Volume 20 – João Nunes Maia

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