Rogério Miguez - abril 6, 2022
Práticas realizadas por quem
afirma ter ligação com forças superiores, ou divinas, visando a nossa melhoria
espiritual, ou mesmo material, são tão antigas quanto a nossa História.
Curandeiros, gurus, bruxos,
benzedeiras, e tantos outros, sempre se colocaram a nosso alcance para
libertar-nos de fluidos e entidades que estariam nos prejudicando, lançando mão
de rezas particulares, mandingas e simpatias. Alguns o fazem gratuitamente,
outros nem tanto.
Particularmente em nosso país
esta conduta é bem popular, haja vista a quantidade imensa de cartazes fixados
em postes ao longo das ruas e avenidas prometendo afastar os chamados encostos,
entidades “responsáveis” por todo o nosso infortúnio nos dias presentes – como
se não tivéssemos nenhuma responsabilidade sobre o andamento de nossas
particulares vidas.
Sabe-se que estes alegados
“sensitivos’ prometem mais do que isto, pois afirmam categóricos, ser capazes
de trazer a pessoa amada de volta; curar doenças de variada ordem; alguns
chegam mesmo a prometer riquezas, prêmios de loterias, ou seja, tudo aquilo que
interessa de perto aos sofridos integrantes de nossa sociedade
predominantemente materialista.
Este mecanismo se fortalece na
medida da existência de intensa procura de numerosos desavisados, aceitando
magos e feiticeiros que se apresentam como salvadores e possível solução de
nossas variadas mazelas.
Considerando apenas a questão do
encosto, ou melhor, obsessor – visto basicamente segundo a Doutrina dos
Imortais como um processo de assédio por parte de Espíritos desencarnados e
ainda desorientados –, o Espiritismo possui um leque de opções de fácil
implementação com o poder de atenuar ou mesmo desfazer estes processos, grassando
indiscriminadamente não apenas em nossa sociedade, bem como em toda a
humanidade.
Lembrando uma vez mais, pois
estas definições sobre o que seria a obsessão estão amplamente disseminadas na
literatura espírita, basta procurar para ler e entender. Entretanto, para
facilitar, retiramos duas oportunas definições formuladas por Allan Kardec
sobre esta verdadeira epidemia invisível:
§
Domínio que alguns Espíritos logram adquirir
sobre certas pessoas. Nunca é praticado senão por Espíritos inferiores que procuram
dominar o obsediado[2].
§
Ação persistente que um Espírito mau exerce
sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples
influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação
completa do organismo e das faculdades mentais[3].
E quem seriam estes Espíritos
buscando importunar-nos? Nada mais do que Espíritos que já “morreram”, mas
continuam inquestionavelmente vivos. E por qual razão procedem desta forma? Há
diversas causas, as mais comuns são: vingança, manutenção de vícios diversos
(drogas, fumo, álcool, sexo), o simples prazer de fazer o mau, todas
evidentemente causas passageiras e lastreadas na ignorância das leis de Deus
por quem não soube viver sob princípios morais e éticos, não se preparando
desta forma para “morrer”.
O capítulo da obsessão é
oceânico, não cabendo nesta brevíssima análise explicitar todas as suas
nuances, entretanto, o que mais nos importa no momento seria sugerir algumas
orientações básicas para preveni-la, e, quando já instalada, como proceder:
§
Ocupar a mente é de fundamental importância,
porquanto, já foi dito: “em cabeça vazia o diabo faz tricô”. Há uma variante
afirmando também: “cabeça vazia oficina do diabo”, ambas se equivalem. E é a
mais pura verdade, pois, sem objetivos nobres, pensando continuamente em viver
fora dos padrões saudáveis pautados pelos princípios divinos, atraímos as
entidades desorientadas que enxameiam a atmosfera próxima da Terra. E como
podemos ocupar a mente com utilidade? Lendo e estudando, óbvio, textos edificantes
que nos tragam conceitos nobres. Outra ótima sugestão seria abandonar
definitivamente as opções televisivas de baixo nível moral e ético que dominam
o cotidiano de nossas emissoras, particularmente no chamado horário “nobre”.
§
Práticas salutares tais como: ioga,
meditação, exercícios físicos moderados (caminhadas), aprendizado de uma arte
(carpintaria, pintura, música…), representam também boas opções ao alcance da
maioria.
§
Cultivo de virtudes, ou seja, ser mais:
paciente, cordato, misericordioso, brando. Todas as superiores qualidades devem
ser buscadas continuamente, de forma a modificar a nossa personalidade
propiciando um viver mais harmônico com todos os que nos cercam e procurando fechar, desta forma, as muitas
portas que se abrem quando assim não procedemos, e que permitem o ingresso de
possíveis assédios de entidades obsessoras.
§
Frequência às casas espíritas, ou correlatas
de outras religiões, situa-se também como boa escolha e, de preferência, não
apenas frequentar, mas trabalhar, envolver-se, participar de grupos de estudo,
ou seja, se integrar produtivamente às agremiações religiosas, em vez de
procurá-las apenas para obter passes, hóstias, bênçãos, e ao sair continuar
agindo e pensando como sempre o fez.
§
Orar, e muito, com fé e sinceridade no
coração, lembrando-se de jamais maldizer os possíveis obsessores a
assediar-nos, visto que, se o fazem, é porque encontram falhas morais em nosso
modo de vida. Por outro lado, viabilizam também a vivência de nossas expiações
e resgates, afinal, reencarnar em mundo de provas e expiações tem as suas
justificativas.
Como se denota, esta “receita”
não solicita nenhum ingrediente absurdo. São despretensiosos temperos,
condimentos de fácil acesso, que podemos usar em nossas vidas. Solicitam-nos,
contudo, empenho, força de vontade para bem preparar esta alimentação que nos
dará forças e condições de suportar as muitas tentativas de obsessão,
possibilitando-nos não ceder aos apelos dos Espíritos temporariamente
desequilibrados.
Adquirindo o hábito desta dieta
saudável, para a nossa mente e corpo, nos tornamos resistentes às propostas
destoantes que a espiritualidade perturbada nos apresenta regularmente.
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