Jornal Espaço Espírita - 03/04/2022
Um momento histórico e
importante para os rumos da doutrina Espírita no Brasil: as 112 obras de
Francisco Cândido Xavier adulteradas a partir de 2012 – e que geraram inclusive
a série “Evangelho Por Emmanuel”, também editada pela FEB, serão descartadas
com a retomada da publicação das obras no texto original da psicografia de
Chico, mantendo a redação original do orientador Espiritual Emmanuel e dos
diversos outros Autores Espirituais que se notabilizaram pelas mãos do médium
mineiro.
Reunião promovida no dia 31 de
março, na sede da Federação Espírita Brasileira em Brasília, segundo informe da
própria FEB, com a presença de dirigentes da União Espírita Mineira (UEM)
firmou o que a FEB chamou de “parceria para cotejamento” das obras
psicografadas por Francisco Cândido Xavier, o que possibilitará uma “leitura
comparada” destes livros.
A FEB, no texto, anuncia que o
trabalho conjunto entre as duas instituições tem como objetivo identificar
“diferenças editoriais” – no caso, as adulterações – entre os livros lançados
pela FEB Editora, as primeiras edições e as obras consideradas definitivas. O
intuito é aproximar as edições atuais com a redação apresentada desde as
primeiras obras publicadas, trazendo ao público o zelo e o cuidado editorial.
Como consequência dessa
parceria, foi redigida Nota Técnica cuja diretriz geral é “manter a forma
original escolhida pelo autor espiritual, registrada na primeira edição da obra
em cotejamento, modificando qualquer aspecto textual apenas quando houver
inadequação/incorreção patente da norma culta vigente, comprovada/referendada
por mais de um autor específico da área linguística (gramática, léxico,
estilística)”.
O trabalho buscará também
“atender à padronização do Manual de Editoração da FEB, sem prejuízo para o
conteúdo da obra, bem como para o estilo do autor espiritual”, completa a nota.
Estiveram presentes nessa
histórica reunião Jorge Godinho, presidente da FEB, Geraldo Campetti,
vice-presidente da FEB e Alisson Pontes, presidente da UEM. Alisson destacou a
importância da obra de Chico Xavier ao dizer que “o livro espírita psicografado
por Francisco Cândido Xavier é valioso instrumento de consolo e esclarecimento,
oferecendo paz e luz a milhares de pessoas no mundo inteiro”.
Por sua vez, Jorge Godinho falou
sobre o trabalho de unificação ao esclarecer que “unidos somos mais fortes”.
Esta ação, segundo a FEB, integra comemorações do Ano de Chico Xavier, em
celebração aos 20 anos de sua desencarnação, assim como destaca as diversas
obras literárias vindas pelas suas mãos como um grande contributo para a
reflexão da Humanidade.
Visão da Rede Espaço Espírita
Na visão da Rede Espaço Espírita
de Divulgação Doutrinária, apesar das palavras cuidadosas da Federativa
Nacional, visando evitar a palavra “adulteração”, o que restou efetuado
realmente foi a alteração das 112 obras – algumas com a adoção inclusive de
palavras totalmente estranhas a eventuais sinônimos do que os Autores
Espirituais repassaram a Chico.
Essas alterações de texto, a
partir de 2012, resultaram numa coletânea de textos adulterados, reunidos
principalmente na série “Evangelho por Emmanuel”, e inclusive, com enxertos de
textos de outro médium e outro espírito, além de uma tradução bíblica recente,
que nada tem a ver com o trabalho idealizador originalmente por Emmanuel. A
série, se continuar, deve ser também totalmente revista, descartando-se elementos
estranhos ao corpo textual recebido por Chico.
À decisão da FEB, sobressaíram
pressões por biógrafos de Chico, amigos pessoais do médium, estudiosos da
doutrina e pela própria UEM, pedindo o restabelecimento da originalidade dos
textos.
O episódio fica registrado,
negativamente, como mais uma tentativa de deturpações de textos na história do
Espiritismo, ou livros estranhos à Doutrina, como é o caso de “Os Quatro
Evangelhos”, de Jean Batiste Roustaing.
Nos anos 70, obras de Kardec
vinham sendo modificadas em novas traduções dos seus livros. O caso “Paulo
Alves Godoy”, com sua tradução adulterada de “O Evangelho Segundo o
Espiritismo”, combatido pelo próprio Chico Xavier e pelo insigne professor José
Herculano Pires, foi finalmente retirada do catálogo da Federação Espírita de
São Paulo (FEESP), que a editava na época. Ou seja, a influência da
espiritualidade visando a derrocada da mensagem do Cristo, através da
perspectiva espírita, parece ser permanente.
O próprio Emmanuel, no livro “Na
Hora do Testemunho”, de 1978, classificou quem mexeu na obra de Kardec, na
ocasião, como “adulteradores” integrantes de parte de um extenso “programa
demolidor que atingiria toda a obra de Allan Kardec, do Espírito da Verdade e
do próprio Cristo”.
A Rede Espaço Espírita entende e
concorda com o conteúdo apresentado no programa de rádio e internet Vivência
Espírita, transmitido neste domingo, 3 de abril, pelas rádios Vivência Espírita
e Espaço Espírita, através dos apresentadores Jorge Reis, Rodrigo da Costa, Rui
Barbosa e do convidado Cesar Carneiro de Souza – que talvez o objetivo, na
adulteração, não tenha sido intencional ou pensado em causar dolo para a
Doutrina.
Cezar Carneiro de Souza, de
Uberaba, MG, amigo de Chico, afirmou no programa que valeu a pressão e mobilização
dos espíritas. “Boa Nova”, o livro de Humberto de Campos, tem quase 40 palavras
trocadas. Aquela edição que a editora modificou passa a ser da editora. Troca o
sentido. Até pode ser boa a tradução, mas não é correto”, disse Cezar, no
programa.
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