quinta-feira, 26 de maio de 2022

CONFIANÇA EM TALISMÃ[1]

 

Miramez

 

Aquele que, com ou sem razão, confia naquilo a que chama virtude de um talismã, não pode, por essa mesma confiança, atrair um Espírito? Porque então é o pensamento que age: o talismã é um signo que ajuda a dirigir o pensamento.

− Isso é verdade; mas a natureza do Espírito atraído depende da pureza da intenção e da elevação dos sentimentos. Ora, é difícil que aquele que é tão simplório para crer na virtude de um talismã não tenha um objetivo mais material do que moral. Qualquer que seja o caso, isso indica estreiteza e fraqueza de ideias, que dão azo aos Espíritos imperfeitos e zombadores.

Questão 554/O Livro dos Espíritos

 

Um homem de boa fé, mesmo que seja fé cega, confiando em um talismã pode, perfeitamente, atrair Espíritos para o auxiliarem, mas não por causa do objeto em mãos e, sim, por sua fé, por seus pensamentos que entraram em ação, ou por motivo das suas necessidades e, além disso, pelo trabalho que tenha prestado à família e à sociedade. Para tanto, esse companheiro tem, como os outros homens, um protetor espiritual que o acompanha por amor, e não está atraído para junto do seu tutelado por causa de talismã, e sim pelo compromisso do passado, mediante aval que deu em favor do encarnado.

O momento presente nos pede limpeza da mente e compreensão elevada. O Cristo já se encontra novamente entre todos, vertendo água pura para os corações sedentos de amor. Não te preocupes com fenômenos que possam ocorrer, e que devem se formar pelos processos naturais da vida. O fenômeno maior entre a humanidade deve ser aquele que Jesus nos ensinou, para que todos nós pudéssemos provocá-lo: a reforma íntima das criaturas, as mudanças de comportamento. Ele falou de várias maneiras para que todos os homens entendessem, em qualquer faixa de entendimento em que se encontrassem, e para que Seus ensinamentos varassem os séculos, iluminando os milênios com o mesmo fulgor da Sua luz.

Ele dizia e Marcos anotou:

Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Marcos, 7:16

O mesmo Evangelho do Mestre volta renovado, brilhando na sua natureza primitiva, com o nome de Doutrina Espírita, tornando a nos falar:

Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça a palavra do Pastor, que sempre ama o Seu rebanho. Renovai, renovai e renovai, que todos, sem exceção, são filhos de Deus.

As intenções puras somente não bastam: é preciso que saibamos os caminhos a trilhar, que vivamos os ensinamentos do Evangelho em Espírito e verdade, sem apego às coisas materiais, e sem dar valor excessivo a elas. Todas as coisas abaixo do homem foram feitas por causa do homem, e não o homem por causa das coisas. O Espírito encarnado já passou por todos os reinos, e é motivo de glória para ele receber a razão e conhecer de onde veio e para onde vai, na plenitude de seus gozos espirituais.

Agora, estamos recebendo em nome do Pai que tanto nos ama, a educação devida para entrarmos na instrução necessária, saindo dos restos de ressentimentos animais que ainda nos prendem às paixões inferiores. Aos poucos homens que se encontram apegados aos talismãs e fórmulas enganosas, oremos por eles, para que em breve se enfadem das ilusões e passem, como nós passamos, para o talismã divino que se chama Amor. Esse, sim, pode irradiar invisivelmente dentro do coração e atrair Espíritos de alto porte, a nos ensinar as linhas da verdadeira fraternidade, que se divide em milhares de virtudes.

O pensamento é tudo, disciplina-o; as palavras são valiosas, coordena-as; o trabalho é força de Deus em nós, exercitemo-lo com honestidade, que a vida para nós se tornará um sol a brilhar na grande cidade de Deus, o coração.



[1] Filosofia Espírita – Volume 11 – João Nunes Maia

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