Cecília Alves
A Bíblia nos ensina em Gálatas
capítulo 5 versículo 16[2]:
Digo, pois:
deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne.
No excerto acima nos é
recomendado que procuremos satisfazer as inclinações do espírito em detrimento
aos prazeres ou satisfações da matéria, ali colocado sob a figura alegórica “carne”,
em outras palavras poderíamos afirmar que está sendo recomendado ao homem que
busque a evolução espiritual, parece contraditório “esquecer” a existência do
que nos é material, visto que estamos encarnados, mas será que era exatamente
isso que o texto bíblico nos ensinava?
Observemos o que o Codificador
nos traz através de O Livro dos Espíritos[3],
questão 93:
O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem ou,
como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?
Envolve-o uma substância, vaporosa para os teus olhos,
mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder
elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.
Envolvendo o germe de um
fruto, há o perisperma; do mesmo modo, uma substância que, por comparação, se
pode chamar perispírito, serve de envoltório ao Espírito propriamente dito.
Compreende-se do exposto que o
espírito possui um envoltório relativamente grosseiro, ao qual denominamos de
perispírito, este se faz um elo entre o nosso espírito (natureza espiritual) e
corpo físico (natureza material), se fazendo indispensável na condição atual do
homem para sua atuação.
Observamos ainda que apesar de
sua identidade espiritual, visto que é sua essência, o homem possui ainda uma
outra natureza quando encarnado, esta a natureza física ou material e dela
sofre influências, como não poderia deixar de ser, visto que é encarnado.
Deste modo somos seres
espirituais vivenciando uma experiência material (carnal) para melhor
cumprirmos as nossas atividades e experiências evolutivas.
A respeito das experiências
evolutivas do homem e do seu aperfeiçoamento vejamos o que nos traz A Gênese[4]
em seu capítulo XVIII:
Fisicamente, o globo terráqueo há experimentado
transformações que a Ciência tem comprovado e que o tornaram sucessivamente
habitável por seres cada vez mais aperfeiçoados. Moralmente, a humanidade
progride pelo desenvolvimento da inteligência, do senso moral e do abrandamento
dos costumes. Ao mesmo tempo que o melhoramento do globo se opera sob a ação
das forças materiais, os homens para isso concorrem pelos esforços de sua
inteligência.
Do exposto observamos que a
humanidade progride moral e intelectualmente e quanto maior o seu progresso,
progride também o orbe no qual ela habita. Chamamos atenção ainda ao que o
excerto acima chama de abrandamento dos costumes, em nosso entendimento o
referido abrandamento concerne as atitudes humanas e aos costumes sociais que
aos poucos se tornarão mais evoluídos e espiritualizados.
A criatura humana é destinada a
evolução, posto que como nos ensina O Livro dos Espíritos, esta é uma
Lei Natural. Deste modo, podemos compreender que o homem sob a influência
material, ainda que seja um ser espiritual, está sujeito aos desejos e apelos
materiais, e quanto mais evoluído menos deles terá necessidades, visto que em
processo de depuração moral.
Deste modo, compreendemos que ao
homem não é obstado usufruir da matéria e dos gozos que lhe poderá
proporcionar, até por que precisamos dela para nos manter enquanto encarnados,
afinal todos vestimos, nos alimentamos e mantemos nossa vida de encarnados
através de atividades materiais, pois é nesse plano que vivemos e são as
necessidades que dele urgem. Entretanto, os excessos de toda ordem apesar de
permitidos ante o nosso livre arbítrio, não nos são lícitos, posto que são a
negação da nossa essência espiritual. Assim, se somos criaturas voltadas
unicamente aos prazeres e satisfações da matéria estamos a negar a nossa
essência espiritual.
Assim não é proibido ao homem,
por exemplo, usufruir de atividades como festas, aniversários ou carnaval, por
exemplo, os equívocos se encontram no excesso, bem como nas intenções das quais
o homem pode estar nutrido e o carnaval é um exemplo disto, conhecido popular e
mundialmente como uma festa da carne, ou seja, para satisfação dos sentidos.
O quanto ainda precisamos dele?
Ou o quanto os seus moldes ainda nos satisfazem? É uma indagação que deixamos a
ser respondida por cada leitor a si mesmo.
Lembramos que o espiritismo de
nada nos tolhe, mas nos convida a reflexão e ao exercício do livre arbítrio.
Fonte: Blog Letra Espírita
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